segunda-feira, 28 de fevereiro de 2011

Falando em redes Sociais e gestão do conhecimento


A SBGC – Sociedade Brasileira de Gestão do Conhecimento promove, em 3 de março (quinta), o encontro para discussão de conceitos e experiências em GC & I: “Redes Sociais no Ambiente Corporativo”. As vagas são limitadas.

Segundo recente estudo da Webroot, fornecedora britânica de tecnologias para segurança digital, 4 em cada 10 empresas impedem o acesso às redes sociais no ambiente corporativo. Dessas, 39% impedem o acesso ao Facebook, 30% bloqueiam o uso do Twitter e 27% não permitem que seus funcionários compartilhem vídeos no YouTube. Somente 21% das pesquisadas autorizam o acesso a essas mídias no horário de almoço ou fora do período de expediente. Departamentos de marketing mantêm o relacionamento, pois exercem atividades ligadas ao negócio da empresa.
Ainda de acordo com a pesquisa, os principais motivos apontados pelos empresários para as restrições são as infecções por vírus, problemas de queda de produtividade e o medo que dados sigilosos sejam disponibilizados na rede.

Para Gil Giardelli, um dos facilitadores do encontro de aprendizagem em GC & I (Gestão do Conhecimento e Inovação): “Redes Sociais no Ambiente Corporativo”, as grandes organizações já despertaram para a necessidade de interação das empresas nas redes sociais. “Com a chegada da ‘Era Digital das Redes Sociais’, as plataformas de relacionamento estão ganhando força no ambiente corporativo.
O encontro, organizado pela SBGC Educação, acontece no dia 3 de março (quinta), na Câmara de Comercialização de Energia Elétrica. Segundo seus organizadores, há muito tempo as redes sociais são objetos de estudo, tanto na área da sociologia quanto nas aplicações das práticas de Gestão do Conhecimento.
“Nosso objetivo é identificar o nível de conexão e o valor da rede formada pelas pessoas inseridas na organização, incluindo aquelas que trabalham interna e externamente, os fornecedores, as pessoas que consomem e os fãs da marca e a sociedade em geral”, revela Luciano Palma, outro estudioso de mídias sociais e palestrante do evento.
De acordo com os dois especialistas, é necessário trabalhar com o comportamento em rede das pessoas nessa nova economia, sem perder o foco da atividade-fim da organização. Para isso é preciso facilitar o aprendizado pela Educação Corporativa, ou seja, identificando as necessidades específicas do ambiente corporativo por meio de enfoques da educação ideológica e tecnológica. “Entendemos que seja a melhor forma de alinhar o conceito e a definição de estratégias de redes sociais nessa nova economia, que podemos chamar de ‘Economia da Colaboração’, profere Palma. “É o ponto de partida para colocar a empresa em rede, gerar um ambiente solícito e colaborativo, promover o aprendizado e envolver todos na criação do conhecimento para inovação e sustentabilidade”, complementa Giardelli.
Já a antropóloga Valéria Brandini informa que tem desenvolvido estudos, pesquisas e novas metodologias para compreender o universo de bens de consumo. “Utilizo elementos da antropologia, sociologia, semiótica e comunicação científica para identificar os diferentes movimentos para o futuro e peculiaridades no comportamento do consumidor para gerar respostas e com isso, desenvolver insights e estratégias para empresas de diversas áreas. Meu interesse é eliminar o fosso entre ciência e mercado e gerar as melhores ferramentas e métodos de mundo científico a ser utilizado no mundo dos negócios”, comenta.

Sobre os palestrantes


Gil Giardelli – Coordenador de quatro cursos no Centro de inovação e criatividade da ESPM – “Redes Sociais e Inovação Digital”, “Ações inovadoras em Comunicação Digital” e “Startups, Economia Criativa e Empreendedorismo na Era Digital” e “Ciberarte”.

Luciano Palma – Palestrante e consultor estratégico de redes sociais, novas mídias e tecnologia. Engenheiro, finaliza o MBA em Gestão Empresarial pela FGV. Professor do curso de pós-graduação do SENAC “Web: Estratégias de Inovação e Tecnologia”. Trabalhou mais de 8 anos na Microsoft do Brasil.

Valéria Brandini – Antropóloga, especialista em Multimeios (Comunicação e Interdisciplinaridade), mestre em Publicidade e Propaganda, doutora em Ciências da Comunicação e pós-doutoranda em Antropologia Empresarial pela Unicamp.

Sobre os palestrantes

Gil Giardelli – Coordenador de quatro cursos no Centro de inovação e criatividade da ESPM – “Redes Sociais e Inovação Digital”, “Ações inovadoras em Comunicação Digital” e “Startups, Economia Criativa e Empreendedorismo na Era Digital” e “Ciberarte”.

Luciano Palma – Palestrante e consultor estratégico de redes sociais, novas mídias e tecnologia. Engenheiro, finaliza o MBA em Gestão Empresarial pela FGV. Professor do curso de pós-graduação do SENAC “Web: Estratégias de Inovação e Tecnologia”. Trabalhou mais de 8 anos na Microsoft do Brasil.

Valéria Brandini – Antropóloga, especialista em Multimeios (Comunicação e Interdisciplinaridade), mestre em Publicidade e Propaganda, doutora em Ciências da Comunicação e pós-doutoranda em Antropologia Empresarial pela Unicamp.

Disponível em: http://sbgc.org.br/sbgceduc/?p=615 > Acesso wm 28 de fevereiro de 2010
PARTICIPEM E COMENTEM O EVENTO.
 

terça-feira, 22 de fevereiro de 2011

Texto de Alberto Dines sobre os 90 anos da Folha

FOLHA, 90 ANOS

Rascunho da história faz história
Por Alberto Dines em 21/2/2011
Sobre comentário para o programa radiofônico do OI, 21/2/2011
A Folha de S.Paulo completou 90 anos no sábado (19/2) e ofereceu um magnífico presente à sociedade brasileira: a disponibilização integral do seu conteúdo desde 20 de fevereiro de 1921. São 1,8 milhão de páginas totalmente indexadas, permitindo buscas e cruzamentos por assunto, data, nome, localização etc.
Mesmo que a atração deixe de ser universal passando a ser restrita aos assinantes, o "rascunho da história" (como o próprio jornal o designa) é um serviço inédito no segmento dos diários. O semanário Veja já o oferece gratuitamente a qualquer cidadão há dois anos.
A grande mídia brasileira parece assim disposta a reencontrar a sua vocação como agente do interesse público. Por alguns instantes está abandonando a obsessão quase suicida pelo "modelo de negócio" para investir (no caso, cerca de 3 milhões de reais) no reforço da sua imagem como instituição de referência e transparência.
O país agradece. Dilma Rousseff também agradece, já que o jornal foi a um beija-mão na semana passada, em Brasília, para selar a publicação de um artigo assinado pela presidente em homenagem à efeméride.
Algo não funcionou ou funcionou ao revés: a presidente evitou qualquer alusão ao jornal-aniversariante num texto de 13 parágrafos ("País do conhecimento, potência ambiental", domingo, 20/2, pág. 3). Menciona aleatoriamente o período de "90 anos", o que para o leitor desatento nada significa e para os atentos significa muito – equivale a um puxão de orelhas público. A Folha vingou-se de forma desabrida: publicou o texto da presidente recém-empossada sem qualquer destaque.
Coisas da Folha: o jornal chega à marca quase centenária e se comporta como a eterna criança.
Serviços prestados
Agora com o conteúdo integral na internet, as traquinagens e cosméticas das últimas décadas correm o risco de ser escancaradas na hora. O rascunho da sua própria história bosquejado na edição de sábado ("90 anos em nove atos", caderno "Especial", pág.10) é desastroso.
Ao justificar a entrega da redação da Folha da Tarde em 1969 a "jornalistas entusiasmados com a linha dura militar (vários eram policiais)", o texto afirma que se tratou de represália da empresa "à atuação clandestina na redação de militantes da ALN de Carlos Marighela um dos terroristas mais procurados do país".
Horror! No dia dos seus 90 anos de gloriosos serviços prestados ao país a empresa admite solenemente que na redação de um de seus jornais – e com o conhecimento da sua direção – desenrolou-se um capítulo da "guerra suja".


Disponivel em< http://www.observatoriodaimprensa.com.br/artigos.asp?cod=629IMQ013 > acesso em 22 de fevereiro
Para pensar reavaliar e comentar!!!!!!!!!!!!!!!!!!




domingo, 20 de fevereiro de 2011

Que país a Itália será num pós-Berlusconi?

O povo contra o retrocesso



Paralisada pelo berlusconismo, a Itália precisa reagir à promiscuidade de valores exalada por seu premiê, diz filósofo

19 de fevereiro de 2011 Caderno Alias - Domingo
CHRISTIAN CARVALHO CRUZ


Numa cena do memorável O Crocodilo, filme que o cineasta Nanni Moretti rodou para explicar (talvez mais para entender) como seu país permitiu o surgimento de um Silvio Berlusconi, um produtor estrangeiro diz ao colega italiano: "Vocês são um povo dividido entre o horror e o folclore. Estão acostumados com suas próprias nojeiras. Quando achamos que vocês, italianos, chegaram ao fundo do poço, vocês mostram que não. Continuam cavando... e afundam ainda mais". O Crocodilo é de 2006, e Berlusconi naquela época estava metido "só" em acusações de evasão de divisas, suborno de juízes e ligações com a máfia. Café pequeno perto do atual Rubygate, como ficou conhecida a fieira de escândalos sexuais envolvendo prostitutas menores de idade - a mais notória, uma marroquina de 17 anos alcunhada Ruby Rubacuori (Ruby Rouba-Corações) - que marca esse seu quarto mandato como chefe de governo. É o mandato bunga-bunga, se quisermos tomar emprestado o nome do jogo erótico da preferência do premiê, conforme relato das moças que o visitaram em suas mansões cafonas em Milão e na Sicília.



Nessa semana, Berlusconi foi formalmente acusado e será julgado em abril por prostituição de menores e abuso de poder. Terá três juízas pela frente. Não que alguma forra esteja a caminho, afinal os italianos do bem desejam que a Justiça seja cega inclusive para Berlusconi. Mas, simbolicamente, não deixa de alimentar esperanças numa punição das boas. O clima é de "não aguentamos mais tanta nojeira", e isso ficou claro nas manifestações de domingo, quando 1 milhão de italianos, liderados por mulheres e movimentos feministas, encheram 250 praças em todo o país para protestar contra o premiê. O grito de guerra oficial era "se não agora, quando?", mas também se faziam ouvir (e ler nas faixas) singelezas como "a Itália não é um bordel", "nós gostamos de sexo, não de bunga-bunga", "a dignidade da mulher é a dignidade da nação" ou, simplesmente, "velho porco!".



Apesar da determinação nas ruas, as massas não conseguiram responder à mais cruel das perguntas feitas por Moretti no Crocodilo: "Como é possível que alguém como Berlusconi tenha paralisado a Itália com seus problemas pessoais?" Para tentar entender o berlusconismo, o Aliás conversou com o filósofo italiano Paolo Flores d’Arcais. Um dos líderes do Maio de 68 em seu país, até o ano passado professor da Universidade de Roma La Sapienza e hoje diretor da revista MicroMega, antigo bastião dos intelectuais da esquerda italiana, agora independente, d’Arcais é um antiberlusconista de primeira hora. Ao lado de Moretti, em 2002 liderou um movimento que reunia milhares nas praças em prol da legalidade, da ética e obviamente contra Berlusconi. "Por culpa dele, a Itália perdeu relevância política e econômica. Hoje, somos apenas alvo do ridículo", diz d’Arcais na entrevista que se segue.



Qual o peso das manifestações de domingo na decisão de levar Berlusconi a julgamento?



Nenhuma. Os juízes decidiram seguindo a lei, sem se influenciar por motivos extrajudiciais. Tampouco há qualquer significado especial no fato de que ele será julgado por três juízas. Elas foram sorteadas por um sistema eletrônico e, tecnicamente, isso não muda nada. Simbolicamente, porém, lembra Nêmeses (a deusa da vingança).



Os apoiadores de Berlusconi tentam desqualificar os protestos dizendo que são ‘mais uma gritaria das feministas’ ou ‘coisa de um grupelho de senhoras radicais chiques’.



Berlusconi e seus mercenários midiáticos já tentaram insultar e minimizar a manifestação das mulheres. Mas são tentativas ridículas. Foi um protesto gigantesco: 250 praças de várias cidades, ao mesmo tempo, todas cheias. E com uma participação popular extraordinária de todas as idades, dos jovens aos muito velhos, e de todas as classes sociais. Uma verdadeira manifestação nacional. Ouso dizer, patriótica.



Berlusconi tem força suficiente para permanecer no cargo até o fim do julgamento?
Força parlamentar, sim. Em novembro ele estava em minoria na Câmara, mas literalmente comprou os deputados que faltavam. E continua comprando. Embora, é claro, que uma perfeita omertà (lei de silêncio da máfia) impeça neste momento que venham à tona as provas com valor legal desse verdadeiro mercado.
Do ponto de vista institucional, o que é melhor para a Itália: que ele saia já ou fique até o fim do julgamento?
Se a presidente de vocês, em viagem oficial a Paris, recebesse em seu celular privado um telefonema de um garoto de programa italiano, isso seria suficiente para ela renunciar? Continuo nas hipóteses, e por isso me desculpo, porque obviamente falo de algo impensável: mas e se a presidente de vocês tivesse telefonado ao chefe da polícia do Rio para libertar outro garoto de programa, menor de idade e acusado de furto, argumentando que ele é sobrinho do ex-presidente egípcio Hosni Mubarak? Bastaria para fazê-la renunciar? E se depois se descobrisse que ela organizava orgias com dezenas de garotos de programa e, por causa dessas orgias, faltasse a importantes compromissos oficiais, incluindo o funeral de um militar morto no exterior? Ponha nessa mesma situação Obama, Merkel, Sarkozy, qualquer chefe de uma democracia ocidental. Qualquer um deles deveria ter renunciado imediatamente.



E por que com Berlusconi é diferente?



Ele despreza o sistema democrático ocidental. Seus modelos são Putin e Kadafi e, por isso, tentará destruir a Constituição antes de deixar o poder. Tentará fazer sua própria ditadura.Até Alessandra Mussolini (deputada do grupo de Berlusconi) declarou: "A diferença entre Berlusconi e meu avô é que meu avô nunca nomeou Claretta Petacci (amante de Mussolini) ministra".



O que a Itália tem feito para enfrentar a prostituição, o tráfico de mulheres e a exploração sexual de menores, além de fechar as portas para os imigrantes de países pobres?



O governo de Berlusconi não fez absolutamente nada para combater a exploração, em condições de quase escravidão, de tantas mulheres jovens que são trazidas de outros países sob a miragem de um trabalho e acabam obrigadas a se prostituir. Nenhuma luta de verdade contra esse escravismo aconteceu por parte do governo. Em vez disso, elaboraram-se projetos para aumentar as penas contra as prostitutas, que são as vítimas, ou contra seus clientes. Projetos que agora, depois do caso Ruby, o governo de Berlusconi prontamente engavetou.



Pesquisas mostram Berlusconi com 30% de aprovação. Quem são esses 30%?



Os mafiosos, os corruptos, os sonegadores de impostos, os racistas, os amigos dos mafiosos, os amigos dos corruptos e os amigos dos sonegadores de impostos. E ainda muitos outros que se condicionam pelo controle quase totalitário que Berlusconi exerce na TV. Noventa por cento dos italianos não leem jornal. Portanto, nem sequer sabem das coisas que estamos discutindo aqui. Sabem apenas que "Berlusconi é perseguido porque gosta de mulheres". É essa Itália que elegeu Berlusconi mais de uma vez. E com ajuda de uma centro-esquerda que tem os dirigentes mais estúpidos que já vimos: culturalmente submissos, politicamente tímidos e até corruptos, embora em proporção infinitamente menor do que os políticos berlusconianos.
Esses dirigentes são produto do berlusconismo? O que houve com a esquerda italiana?
O último grande dirigente da esquerda foi Enrico Berlinguer, morto em 1984. Mas já com ele se iniciou uma seleção dos grupos de dirigentes baseada no princípio do "sim, senhor". Os partidos de esquerda são das máquinas burocráticas. Seus interesses estão longe dos trabalhadores e dos cidadãos que deveriam representar. E também não constituem uma alternativa válida ao poder populista de Berlusconi. Sem uma nova força política que nasça da luta da sociedade civil é difícil imaginar a derrota do premiê.



Frágil desde a saída do premiê Romano Prodi, em 2008, a esquerda pode usar os escândalos de Berlusconi como tonificante?



Não. Infelizmente temos uma falsa oposição, incapaz inclusive de usar esses escândalos em benefício próprio. A única oposição existente hoje na Itália é a representada pelos movimentos de massa organizados autonomamente pelos cidadãos, como o protesto das mulheres no domingo.
Que assuntos importantes não estão sendo discutidos enquanto os italianos pararam para falar do bunga-bunga?
Todos: a crise econômica, os desembarques dos clandestinos tunisianos na costa, o gigantesco desemprego dos jovens, o aumento da desigualdade, o colapso da escola pública e da pesquisa científica, a força crescente da máfia, a ruína do patrimônio artístico e ambiental. Nosso setor industrial mostra sinais graves de crise. Aquela que há um século é a mais importante empresa italiana, a Fiat, está se tornando filial da Chrysler. Por causa disso muitas fábricas podem ser fechadas e transferidas para países onde os trabalhadores não têm direitos. Isso provocará a perda de dezenas de milhares de empregos, não só na Fiat, mas em todo o círculo industrial que gravita em torno dela. Sob o "reinado" de Berlusconi perdemos tudo, porque com ele a Itália perde um bem insubstituível: a dignidade. Por culpa de Berlusconi e de sua panelinha de malfeitores, a Itália, como se diz no jargão aeronáutico, mergulha em parafuso no subdesenvolvimento. Perdemos a relevância política e econômica na Europa. Hoje, somos apenas alvo do ridículo.
Que país a Itália será num pós-Berlusconi?
A que será, só Nostradamus poderia dizer. A que precisa ser é clara: livre não só de Berlusconi, mas do berlusconismo. Uma Itália que descubra o sentido do Estado e do bem comum, onde os cidadãos internalizem como valor o respeito ao princípio de que a lei é igual para todos, na qual prevaleça o mérito, e não o nepotismo nem as relações privilegiadas com o protetor político e a Igreja, e no qual os meios de comunicação sejam plurais e imparciais. No fundo basta algo simples, e talvez utópico: fazer valer a Constituição italiana, nascida da resistência antifascista. Com a Operação Mãos Limpas, em 1992, começamos a caminhar verdadeiramente nessa direção.
Mas aí veio Berlusconi... Surpreende que ele, agora formalmente acusado, continue repetindo frases como ‘eu sou um homem separado e livre para fazer o que quero na minha casa’?
Ele é livre para fazer o que quiser na casa dele. Mas a delegacia onde estava detida a prostituta Ruby não é a casa dele. É um lugar público, no qual os cidadãos devem respeitar a lei. Nem em casa se pode pagar uma prostituta menor de idade - e essa lei foi um desejo do próprio Berlusconi! -, do mesmo jeito que não se pode assassinar o próprio cônjuge.
Ele aprofundou o machismo italiano?
Entre todos os danos causados pelo berlusconismo, a igualdade entre homens e mulheres foi a que mais piorou. Quando, ao tratar do desemprego feminino, o chefe do governo aconselha que as mulheres "encontrem um marido rico", não está tendo uma tirada espirituosa - só os imbecis ririam de algo assim. Ele está expressando uma concepção pré-moderna do papel da mulher. E que fique claro: mesmo antes de Berlusconi nunca houve uma efetiva igualdade entre homens e mulheres na Itália As mulheres continuam a receber, para o mesmo posto, salário inferior ao dos homens. No mundo financeiro e no industrial há raríssimas mulheres em cargo de chefia. Um dos poucos setores onde existe igualdade é na magistratura. Mas o fato é que com Berlusconi houve um grande retrocesso nessa questão - retrocesso material e moral.
Faria bem à Itália eleger uma mulher para o cargo de primeira-ministra?
Depende: a filha de Berlusconi, Marina, que muitos gostariam de ter como herdeira política dele, é uma mulher... Tê-la como premiê seria um desastre. Ou melhor: a continuação do desastre. O problema é achar um candidato capaz de unir a oposição, não importa se homem ou mulher. O importante é afastar a ameaça que Berlusconi representa para a liberdade na Itália.
Qual o peso do catolicismo na vida dos italianos? Os ventos conservadores que ajudaram a eleger Berlusconi eram ecos vindos do Vaticano de Bento XVI?
A Igreja tem pouco peso para os italianos hoje. Nem os católicos praticantes seguem os ditames do papa, nem na política nem na moral sexual. Mas a Igreja tem um enorme poder no establishment político, financeiro, cultural, econômico, escolar e, por sua vez, ajuda a parte mais atrasada desse establishment. O papa fez alusões genéricas e quase imperceptíveis em relação a Berlusconi. Não o criticou. A Igreja continua a apoiá-lo, porque em troca obtém as leis que lhe vêm a calhar. Afinal, de cada 1.000 que os italianos pagam em impostos, 8 vão para as religiões - na prática, quase tudo para a Igreja. Bispos nomeiam os professores de religião nas escolas públicas. Mesmo as atividades econômicas indiretamente ligadas à Igreja gozam de grandes isenções fiscais, grande parte do sistema hospitalar é controlada pelo poder clerical, também fortíssimo no sistema bancário.
Nos Estados Unidos, a cultura do politicamente correto cortou boa parte da popularidade de Bill Clinton no caso Monica Lewinsky. Falta correção política na Itália?
Não tem nada a ver com correção política. Eu acho que na vida privada um político pode fazer o que quiser. Mas a privacidade tem um limite, e quem o estabelece é o próprio político. Se ele busca consenso com as manifestações clericais, como o Family Day, depois não venha dizer que ter uma amante é uma questão privada. Se ele faz campanha contra a prostituição, depois não venha dizer que pagar prostitutas é questão privada. E principalmente: para Berlusconi não se trata de correção política, mas de infrações penais reais.
Como a Itália de Michelangelo, Da Vinci, Caravaggio, Fellini, Visconti, Pucci, Armani Dolce & Gabbana olha para a Itália do mau gosto das mansões de Berlusconi?
Por favor, não misture Michelangelo com Dolce & Gabbana! Deixemos essas comparações absurdas para gente como Berlusconi, que odeia a cultura.
Tópicos: Itália, Berlusconi, Suplementos, Aliás, Suplementos, Geral

Disponivel em: http://www.estadao.com.br/noticias/suplementos,o-povo-contra-o-retrocesso-,681827,0.htm > Acesso em 20 de fevereiro
Repensem, reflitam e comentem atitudes como estas. Não têm mais espaço em 2011

Divina comédia ou tragédia?




Ronaldo confundiria Dante ao fugir da definição de que, com o comediante, as coisas começam mal e acabam bem, e com o trágico é o contrário
19 de fevereiro de 2011 15h 15 CADERNO ALIAS


HILÁRIO FRANCO JÚNIOR

Dante Alighieri, explicando o título de sua obra-prima, afirma que comédia é uma história que começa mal e termina bem, enquanto tragédia é uma história que principia bem e acaba mal. Essa deve ter sido a dúvida que passou pela cabeça de todos os que assistiram à coletiva de despedida do Ronaldo: sua trajetória é de comédia ou de tragédia? Optando pela primeira resposta, muitos vão argumentar com a extraordinária guinada de vida que o futebol lhe permitiu dar. Da origem humilde que parecia destinar aquele garoto a uma vida dura, obscura, quem sabe flertando com a criminalidade como tantos outros, ele passou à condição de famoso, admirado, milionário. Vieram muitos prêmios individuais, títulos em grandes clubes e na seleção, contratos polpudos para jogar e para fazer publicidade. Um fenômeno.
Outros, porém, lembram que o sucesso foi intercalado por uma misteriosa convulsão, sérias cirurgias no joelho, escândalos na vida pessoal, dois fracassos inesperados nas Copas de 98 e 2006. Alegam que o período de Corinthians foi uma síntese dessa trajetória: chegada badaladíssima, uma boa primeira temporada, fracasso nas duas Libertadores tão sonhadas pelo clube e aparentemente por ele próprio, novos problemas físicos.
Os balanços e diagnósticos que interessam a torcedores e jornalistas são cruéis, qualquer que seja a resposta escolhida. Não existe mais o jogador, é preciso atenção para que esse fantasma não paralise o homem Ronaldo. Morreu o R9, viva o Ronaldo 2011. Mas a questão é complexa: o jogador ajudou a forjar o homem, o homem se conhece em grande parte como jogador. O talento de um existe também no outro? E a força de vontade? É fundamental que ele faça o luto do jogador para alcançar autonomia enquanto homem. A maior dificuldade talvez esteja no fato de a torcida e a mídia, pelo menos por enquanto, recusarem-se a aceitar esse luto. Homenagens, reportagens encomiásticas, entrevistas, convites recusam a passagem para a outra vida. Mesmo porque os brasileiros pouco viram o jogador Ronaldo ao vivo. Algum tempo no Cruzeiro, magrinho e desconhecido, algum tempo no Corinthians, inchado e famoso. Pelé, Garrincha e Romário não tiveram um fim de carreira tão impactante emocionalmente talvez porque estiveram mais perto do público brasileiro. Para este, eles foram jogadores reais, enquanto Ronaldo a maior parte do tempo foi virtual. Só se viam suas maravilhosas jogadas pela TV. Daí o entusiasmo quando apareceu em carne e osso para trabalhar no Brasil, daí a decepção e revolta quando o que se viu não correspondeu totalmente ao que se conhecia através da telinha.
Esse caráter irreal leva muitos a qualificar Ronaldo de mito. O termo não é despropositado, embora por outras razões. Aplicado ao futebol, mito é narrativa coletiva (torcida, imprensa) que sob forma alegórica (clubes, bandeiras, heróis) exprime valores (dedicação, coragem, talento), comportamentos (rituais, tabus) e sentimentos (atração, rejeição, medo, prazer) da comunidade que o cria ou adota (a torcida de um clube ou do país).
No contexto mítico, herói é aquele que sofre, supera provas, antes de alcançar uma condição acima do comum dos mortais. Nesse sentido, Ronaldo é mais herói que Romário. Cada um foi fundamental na conquista de uma Copa. Nos clubes em que jogaram (PSV, Barcelona), Romário ganhou títulos mais importantes, no conjunto da carreira marcou mais gols. Mas o problema físico que tirou Romário da Copa de 98 aconteceu antes de ela começar, o do Ronaldo foi na final. O brilhante desempenho de Romário em 94 pareceu ocorrer com naturalidade, o de Ronaldo em 2002 teve a marca da superação após as cirurgias de 1999 e 2000. A agitada vida sentimental do Baixinho ocorreu mais ou menos na esfera privada, não teve a publicidade consciente do segundo casamento do Ronaldo, em castelo francês, com convidados famosos e uma separação relâmpago. No campo de jogo Ronaldo será lembrado por cenas opostas. De um lado, pela habilidade e velocidade com que, jogando pelo Barcelona, superou vários adversários desde o meio-campo para concluir na área do Compostela. De outro, quem esquece a cena de sua rótula pulando para a frente quando conduzia a bola numa partida da Inter de Milão?
Como numa partida imaginária pelo campeonato italiano, o milanês Ronaldo confunde o florentino Dante Alighieri, que deve pensar em outra forma literária para descrevê-lo: até aqui ele foi ao mesmo tempo comédia e tragédia.
HILÁRIO FRANCO JÚNIOR, PROFESSOR DO DEPTO. DE HISTÓRIA DA USP, É AUTOR DE A DANÇA DOS DEUSES - FUTEBOL, SOCIEDADE, CULTURA (COMPANHIA DAS LETRAS)

UM TEXTO PARA SER REFLETIDO DE SUA OPINIÃO. AGUARDO
http://www.estadao.com.br/noticias/suplementos,divina-comedia-ou-tragedia-,681830,0.htm ACESSO EM 20 DE FEVEREIRO DE 2011

terça-feira, 1 de fevereiro de 2011

A importância dos brindes no contexto do marketing

No mundo do marketing, podemos perceber que as empresas esforçam-se cada vez mais para conquistar seus consumidores. Seja através dos produtos e serviços que oferecem, seja pela experiência de compra ou por ações de marketing direto, a cada dia novas e surpreendentes técnicas são postas em prática afim de agradar aqueles que dão sentido à existência de cada companhia. Esse esforço fica particularmente interessante quando se trata de relações corporativas – o chamado business-to-business.


Esse é um mercado especial, em que as ações são mais customizadas e dificilmente vemos uma comunicação de massa para esse público. É comum também que no mercado b2b as ações sejam mais sofisticadas e tenham um maior custo individual. Isso porque, enquanto ações voltadas para o mercado consumidor envolvem um público de milhares ou até milhões de pessoas, no mercado empresarial o público-alvo é composto de um número limitado de empresas. Logo, o orçamento de marketing dividido por esse número restrito de clientes, gera um custo-cliente muito mais alto.
Não é à toa que costumamos ver alguns eventos corporativos riquíssimos em termos de planejamento, estrutura e até mesmo de brindes, que são distrubuídos entre os executivos presentes. Grandes empresas costumam patrocinar grandes eventos e levar como convidados seus principais clientes. Muitas vezes essa ação tem um planejamento que envolve um dia inteiro na companhia desses clientes, de forma que eles saiam plenamente satisfeitos e realizados.

O mercado de eventos e brindes corporativos vem crescendo cada vez mais. E ambos estão se sofisticando com o tempo, sendo elaborados a partir de toda uma estratégia de comunicação integrada, que não deixa brechas nem comete erros em suas iniciativas. Tendo em vista que estamos na era do relacionamento, onde produtos vão se tornando comodities e serviços e atendimento se tornam o grande diferencial, é bastante sábio da parte dessas empresas que invistam em tais áreas

Disponivel em< http://www.industriaecomerciobrasil.com.br/brindes-corporativos/a-importancia-dos-brindes-no-contexto-do-marketing/> Acesso em 1 de fevereiro
MAS CUIDADO COM O BRINDE. SUA MARCA ESTÁ LIGADA AO SUPORTE  E A IMAGEM QUE ELE REPRESENTEM
COMENTEM

BARRIGA DE TANQUINHO

EXCELENTE O TEXTO DE ONTEM PUBLICADO NO CADERNO 2: Matthew Shirts – O Estado de S.Paulo

Ganhei no fim do ano passado a biografia de Adolf Hitler escrita por Ian Kershaw e publicada pela Companhia das Letras. Chegou com um bilhete simpático da minha amiga Maria Emília, que trabalha na editora. Disse que era um livro grande para um leitor voraz. E, de fato, são mais de mil páginas. Capa dura. Um quilo, imagino.
A biografia ficou ali na mesinha da entrada da minha casa, na capa o rosto sádico do ditador com o braço envolto em um cachorro, os dois a me olharem. Sabia que estava ferrado. Não teria como escapar do livro. Mil páginas de crueldade, húbris, ódio, tortura, genocídio e a civilização enlouquecida.

Digeri histórias da 2.ª Guerra durante minha infância toda nos Estados Unidos junto com aqueles cereais carnavalescos feitos para aparecerem em destaque na recém-lançada televisão em cores. Montava pequenos modelos em plástico de Spitfires e Zeros – aviões estrelas das batalhas aéreas – com uma cola de cheiro forte e bom. Assistia a documentários dedicados à guerra na escola desde pequeno. Conhecia batalhas. Não teria como resistir à leitura.
Comecei o livrão de Hitler na fazenda do meu cunhado, onde passei uma semana no início do ano. Estou na página 631. Todo dia leio um pouco. A qualidade da reconstrução histórica impressiona. Kershaw chega a descrever os gestos feitos pelo Führer ao tomar conhecimento de notícias chaves da guerra. Mas não levo a obra no ônibus para não assustar os outros passageiros. (Você se sentaria ao lado de alguém perdido em um livro de sete centímetros de grossura com a cara de Hitler na capa?) Ainda bem que sei como acaba. Caso contrário, estaria mais assustado até com a ruindade dos nazistas. A narrativa é irresistível. É o mal em estado puro.
Por sorte, tenho um personal especialista na 2.ª Guerra na figura do meu amigo professor Antônio Pedro Tota. Voltei a praticar o pedestrianismo com ele na Avenida Sumaré, acompanhado do filósofo e designer gráfico Marcão Sismotto. É um trio de fácil reconhecimento para quem passa de automóvel. Três senhores de uma certa idade, com as marcas das décadas de 60 e 70 nos corpos e nos estilos de vestuário esportivo. Embora, verdade seja dita, apesar de seus 60 e tantos anos, o professor esteja em forma. De tanto fazer o pedestrianismo, como diz o Marcão, está com a “barriga de tanquinho”.
Nesse trio, o professor faz o papel do pessimista. Reclama que a civilização está em declínio, que ninguém mais ouve Thelonious Monk (jazzista americano), a internet é um engodo e há automóveis demais, sem nem falar da televisão. Isso quando está de bom humor.
Tenho discutido com ele a biografia de Hitler na Avenida Sumaré. O professor sabe tudo sobre a 2.ª Guerra. Escreveu livros sobre o assunto. Consegue explicar a conexão feita nas mentes doentias dos nazistas entre o antissemitismo e o anticomunismo, para dar apenas um exemplo.
Semana passada, montei uma armadilha intelectual para o professor Tota. Ponderei que diante da minha leitura ficava evidente como a civilização se aprimorou de 70 anos para cá. Apesar dos problemas atuais, a miséria, o aquecimento global, o declínio no gosto musical, não é possível imaginar a repetição da barbárie do Hitler nos dias de hoje. O mundo é outro. Melhorou. Aquela violência profunda, fundada no mito de raça, não é mais possível, não na escala nazista.
Passávamos, juro, debaixo da estação Sumaré de metrô, aquela decorada com fotos de desaparecidos políticos do tempo da ditadura. O professor andou uns 20 metros em silêncio. Pensava. Depois respondeu: “Melhorou, sim, pelo menos para alguns”.
A caminhada prosseguiu. Mudamos de assunto. Marcão explicou para o professor o que é uma barriga de tanquinho.
Disponível em < http://blogdofavre.ig.com.br/2011/01/barriga-de-tanquinho/> Acesso em 1 de fevereiro
ESPERO QUE GOSTEM COMO EU. AGUARDO COMENTÁRIOS


O Futebol Brasileiro precisa rever seus torcedores

O texto abaixo deve ser lido e refletido por todos que  gostam e  investem em futebol.  As duas ações ocorridas no final de ...