quinta-feira, 30 de dezembro de 2010

Morre ex-modelo francesa que ganhou fama por campanha contra anorexia

Isabelle Caro sofria da doença e em 2007 se deixou fotografar nua em campanha sobre o tema. Um ano antes, chegou a entrar em coma pesando apenas 25 kg.


Da Redação – redacao@novohamburgo.org
Famosa por se deixar fotografar nua em campanha contra anorexia, a ex-modelo e atriz Isabelle Caro, morreu no último dia 17 de novembro, aos 28 anos. A informação foi divulgada pelo site 20minutes.ch nesta quarta-feira, 29, mas sem dizer a causa do falecimento.

De acordo com o jornal online suíço, ‘a atriz francesa, sempre presente na mídia por sua luta, faleceu no mês de novembro na maior discrição possível’. Cantor e amigo de Isabelle, Vincent Bliger, confirmou a morte da amiga em seu site pessoal.

O estrelato chegou para Isabelle Caro em 2007, ao posar seu corpo muito magro para o fotógrafo Oliviero Toscani. As fotos foram usadas em campanha conta a anorexia, doença que sofria desde os 13 anos.




Em 2006, Isabelle chegou a entrar em coma em função da doença, pesando apenas 25kg e medindo 1,65 metro. Caro havia decidido superar a doença. No início de 2010, anunciou que havia chegado aos 42 kg.



Na campanha “No Anorexia” de 2007, a ex-modelo buscou chamar atenção para a doença que atinge grande número de modelos. “Esta foto, sem batom ou maquiagem, não me dá nenhum valor. A mensagem é forte: tenho psoríase, o peito caído, um corpo de pessoa mais velha”, Isabelle declarou na época da campanha.


VALE LEMBRAR QUE CITEI ESTA CAMAPNHA NO MEU ARTIGO : CORPOS SEM GORDURA E COM AFETO. AS CAMPANHAS PUBLICITÁRIAS CONTRA A DITADURA DA MAGREZA.
Na revista Marketing, dezembro de 2010 paginas 107 a 118 Estudos da ESPM

terça-feira, 28 de dezembro de 2010

O inconsciente a serviço do lucro

A publicidade faz parte da modernidade. Com um pé fortemente fincado na voracidade da circulação de mercadorias, outro no campo das práticas artísticas e criativas, a publicidade está tão incorporada à cultura das sociedades modernas que não concebemos a vida sem ela. O que não significa que a sociedade não possa impor limites a seus abusos e estabelecer um certo código de ética para a publicidade, sem que isto configure censura ou autoritarismo.

A publicidade se estabeleceu nas economias capitalistas como um recurso indispensável para o escoamento dos bens de consumo; mas o desenvolvimento de suas técnicas de aliciamento do consumidor extrapolou o objetivo original de promover a venda de certas mercadorias. Hoje a publicidade não serve apenas para convencer o possível comprador de que um carro é mais potente do que outro, ou que matar a sede com a cerveja x é muito mais gostoso do que com y (embora todos saibam que cerveja não mata a sede). Junto com carros, cervejas e cartões de crédito acessíveis a uma parcela da sociedade, a publicidade vende sonhos, ideais, atitudes e valores para a sociedade inteira.
Os publicitários descobriram que é possível fazer o inconsciente do consumidor trabalhar a favor do lucro de seus clientes. O inconsciente, como se sabe, não é ético - nem antiético. O inconsciente é amoral. Ele funciona de acordo com a lógica da realização (imediata) dos desejos, que na verdade não é tão individual quanto parece. O desejo é social. Desejamos o que os outros desejam, ou o que nos convidam a desejar. Uma imagem publicitária eficaz deve apelar ao desejo inconsciente, ao mesmo tempo em que se oferece como objeto de satisfação. Ela determina quais serão os objetos imaginários de satisfação do desejo, e assim faz o inconsciente trabalhar para o capital. Só que o sujeito do inconsciente nunca encontra toda a satisfação prometida no produto que lhe é oferecido - nesta operação, quem goza mesmo é o capitalista!





Não é à toa que as campanhas contra o consumo de drogas, dirigidas a adolescentes e jovens, tenham resultados tão inexpressivos: a publicidade oferece delírios e alucinações de prazer associados ao consumo de um chocolate ou de um refrigerante; com isto, convoca seu público a gozar sempre muito e sempre mais; como pode de repente abrir uma exceção e pedir ao jovem que renuncie ao prazer fácil que a droga proporciona?
Da mesma forma são ineficazes as campanhas pela paz, já que todas as outras campanhas publicitárias incitam à rivalidade e à exclusão do outro: "seja um privilegiado, seja o melhor, passe todos para trás. Desperte a inveja de seus semelhantes. Goze da inveja de seus semelhantes. Exiba-se. Ostente seus privilégios".
Como é possível pacificar e tornar mais justa uma sociedade regida por esse tipo de valores?

Publicidade, perversões, fobias.

Maria Rita Kehl.

1. Fetichismo e perversões

O casal jovem está sentado frente a frente na mesa de um restaurante caro. A cena reproduz o tipo de encontro que já está configurado no imaginário romântico de nossa época. É nas mesas de bares e restaurantes, frente a frente, que as pessoas flertam, se declaram, se encontram para conversar e namorar. Sabemos que o encontro amoroso, assim como todas as relações humanas, é atravessado por alguns objetos: a decoração da sala, a comida e as bebidas, as roupas e adereços dela e dele. O encontro amoroso não acontece entre dois; ele é mediado pela linguagem, que se faz presente também na forma de objetos que a cultura e a classe social consideram adequados para a ocasião. Assim o vinho, os talheres, a música ambiente, a comida e o preço da comida participam do encontro, demarcando e ao mesmo tempo preenchendo um intervalo entre os parceiros. Este intervalo, esta descontinuidade entre um e outro é que permite a circulação do desejo, como se fosse – mas não é – o puro desejo de um pelo outro.

Na cena que descrevo, o rapaz está tentando dizer algo à moça. Começa timidamente, hesita – o espectador percebe que ele esboça um pedido de casamento. Mas o olhar da moça é distante. Custamos a interpretar seu sorriso de polida indiferença, até que a câmera faz um giro e conduz nosso olhar para fora da janela, para onde o olhar da moça se dirige. Lá está um carro novinho, de cuja marca não me lembro (mas sei que é vermelho). Quando o noivo, cada vez mais embaraçado, termina seu pedido ela cai em si e pergunta: “desculpe, o que você dizia...?” A ironia é confirmada pela voz do locutor que alerta os espectadores para o objeto que realmente interessa às moças casadoiras. Se o rapaz não puder oferecer a ela o carro x, desista da empreitada.

O carro introduz-se entre os dois namorados não como um objeto a mais entre os outros – vinho, talheres, cardápio, preço – uma série cujos elementos podem sempre ser substituído por outros. Nessa propaganda, o carro não é um entre os muitos objetos mediadores do desejo (sexual); é ele, este artefato mecânico revestido de lata e tinta brilhante, que se instala no lugar de um dos parceiros como se fosse o próprio objeto do desejo. Se os outros acessórios fálicos recortam o lugar da falta a partir do qual o desejo circula, o carro x, que desvia a atenção da mulher no momento em que o homem lhe pede que seja sua esposa, está no lugar (imaginário) do objeto (simbólico) do desejo. Agora, o homem é que ocupa o lugar acessório; casar-se com ele seria, para ela, apenas um meio de acesso ao gozo/carro. O homem tornou-se supérfluo diante do único bem que interessa à moça de maneira absoluta. O carro é o objeto irrecusável do desejo, tanto dela quanto do espectador, convocado a identificar-se não com o olhar ingênuo do moço, que ignora o que sua noiva vê, mas com o olhar indiferente e sonhador dela, focando o carro zero estacionado do lado de fora. Ao contrário da mulher freudiana, esta personagem publicitária sabe exatamente o que quer; diante disso o pretendente, que lhe oferece o pobre substituto de um compromisso de amor, faz papel de otário.

Como bem lembrou Eugênio Bucci em vários de seus artigos sobre televisão para a Folha de São Paulo e o Jornal do Brasil, o apelo psicológico comum a todas as formas de publicidade visa à dinâmica da inclusão e da exclusão. A publicidade, escreve Bucci, vende sempre a mesma coisa: a proposta de uma inclusão do sujeito às custas da exclusão do outro. A identificação do espectador como consumidor do produto que se apresenta como capaz de agregar valor à sua personalidade promove sua inclusão imaginária no sistema de gosto, na composição de estilos, que move a sociedade de consumo. Goza-se com isso: não tanto da própria inclusão (que pode não passar de uma fantasia), mas da exclusão do outro. O que a publicidade vende, portanto, é exclusão. Não é imprescindível que a exclusão de seja de classe, como ocorre em outro anúncio em que os meninos de rua que pedem para tomar conta e limpar os carros ao preço de um real brigam pelo privilégio de polir o modelo top de linha de um feliz playboy que acabou de estacionar. A exclusão pode ser de estilo. Durante a copa, um comercial de cerveja mostrava um torcedor que errou ao oferecer uísque em vez de Skol aos amigos que foram assistir ao jogo em sua casa. Diante da gafe imperdoável, foram todos tomar a cerveja certa no bar ao lado, excluindo o anfitrião da alegria coletiva. Não foi uma troca de produto – a cerveja pelo uísque – mas de companhia. O uísque, bebida errada na hora errada, desqualificou o anfitrião perante seus amigos. Este mostrou-se tão otário quanto o pretendente da moça do primeiro comercial que não entendeu qual seria o verdadeiro objeto da sua paixão. É óbvio que a relação que se estabelece é entre as pessoas e as coisas. Ou entre as próprias coisas, que se relacionam, se avaliam e se atribuem significações na medida em que as pessoas (reduzidas a consumidores) se perfilam diante de suas marcas.

Aquela mulher que sabe o que quer, no entanto, não é o mestre do gozo na pequena peça publicitária que escolhi para abrir esse artigo. Se ela sabe que quer é porque um outro, em posição de mestria, lhe apresentou um objeto imperativo da satisfação garantida. Para nós, espectadores, o mestre é o publicitário. É ele quem dirige nosso olhar para o objeto que atrai o olhar dela. É ele quem promove a iniciação dos sujeitos desejantes, convocados desde o lugar de consumidores, em relação às possibilidades de gozo em circulação no mercado. Mas para a personagem do filme de propaganda, no qual a autoria do publicitário está elidida, o objeto do desejo se apresenta por conta própria, como por obra dos deuses do acaso. Ele entra em cena através de um giro da câmera que conduz, “naturalmente”, o nosso olhar; está ali, na calçada fora do restaurante, para que a moça reconheça em suas formas, em sua cor vermelha, mas acima de tudo na marca de fabricação, o objeto inquestionável do desejo.

Os deuses do acaso dispõem as mercadorias em circulação no mundo contemporâneo como o antigo Deus cristão dispunha das forças da natureza para abençoar ou castigar seus fiéis. Uma nova versão imaginária do Outro ocupa o lugar – lugar de um Ser onipresente, onisciente e onipotente – deixado vazio quando parte da humanidade deixou de orientar suas escolhas a partir da crença no Deus judaico-cristão. Um Outro que enuncia o que deseja de nós e promete suas bênçãos para aqueles que melhor se dispuserem a atender suas demandas. Este Outro pode ser, simbolicamente, o Mercado, filho enviado à terra por seu Pai, o Capital – abstrações sem nome e sem rosto que determinam nosso destino e, de um lugar simbólico fora do nosso alcance, nos submetem às leis inflexíveis do seu gozo. Pautar escolhas de vida segundo os ditames do Mercado, ou do Capital, para a maioria das pessoas parece mesmo uma questão de fé. Mas este novo Deus laico cuja face ninguém vê enuncia seus desígnios através da palavra revelada a seus sacerdotes; digamos que estes sejam os mestres da publicidade. São eles que exibem as imagens espetaculares de Deus no altar onipresente da televisão.

Se o Outro é uma instância simbólica para a qual cada sociedade inventa uma versão imaginária, hoje o laço social é organizado com referência a um Outro emissor de imagens que se oferecem à identificação e apelam ao gozo sem limites. A televisão ocupa, para o psiquismo, um lugar equivalente ao de um mensageiro de Deus. A psicanalista Marie-Hélène Brousse, ao falar sobre a dimensão política do inconsciente , recuperou uma conferência de Lacan de 1947 em que ele se dizia preocupado com a expansão da cultura industrializada que vinha promovendo meios de agir sobre o psiquismo através de “uma manipulação combinada de imagens e paixões ”. Nos quase sessenta anos que se seguiram a esta conferência, os artifícios dessa manipulação de imagens e paixões não pararam de se aperfeiçoar.

Voltando ao anúncio que descrevi no início desse artigo: a imagem de um objeto se apresenta, entre o homem e a mulher, como condição indispensável para fazer existir a relação sexual. Sua presença promete realizar a fantasia impossível de perfeita complementaridade entre o moço e a moça. Instaura-se entre os espectadores a crença na existência de um objeto capaz de acionar o desejo sexual obturando a descontinuidade entre os parceiros; através dele, homem e mulher convergem para um mesmo ponto, no qual se encontram e se completam. Além disso, já que se trata de um objeto inquestionável, sua imagem tem o poder de apagar todas as diferenças entre os sujeitos que o cultuam.



Fetiche em Freud e Marx

Este objeto é o fetiche, conceito compartilhado pela psicanálise de Freud e o materialismo histórico de Marx. Em cada um desses autores o conceito de fetiche opera como analisador de uma dimensão das relações humanas: a sexualidade (em Freud), a exploração do trabalho (em Marx). Entre o marxismo e a psicanálise, a essência da idéia de fetiche – cuja origem remonta à adoração dos ícones sagrados em algumas religiões antigas – é a mesma, mas os campos onde o conceito opera são diferentes. O que pretendo discutir é que na sociedade contemporânea, as duas dimensões do fetichismo coincidem: o fetiche que apaga a diferença sexual encarna-se no fetiche da mercadoria, condição da circulação do que imaginamos ser a riqueza (expressa através das mercadorias) na sociedade moderna.

Em Freud, o fetiche é o objeto capaz de encobrir a falta já percebida pelo sujeito, inaugurando neste a possibilidade de sustentar, diante das evidências da castração uma dupla atitude – de saber e negação do saber – que pode ser resumida na formulação: “eu sei, mas mesmo assim...”. Por um lado, a dupla atitude diante da castração revela que, embora o sujeito tenha sido barrado pela Lei, as representações edipianas não sucumbiram todas ao recalque. Por outro lado, a posse do objeto/fetiche garante ao perverso uma via para o gozo sexual que dispensa a diferença, ou seja, a castração. O perverso fascina a histérica porque se apresenta diante dela como um mestre do gozo – um que conhece as condições de seu gozo e instrumentaliza o outro para que componha a cena de que ele necessita.

Nos casos analisados por Freud a fixação ao objeto fetiche como regulador das práticas sexuais perversas era mantida na privacidade que caracterizava (pelo menos até o início do século XX) os segredos de alcova. O perverso freudiano era perverso nos atos privados que diziam respeito à sua vida sexual. Esse limite da atuação perversa nos permite questionar o preconceito que incide sobre os perversos, inclusive em função do sentido moral que o significante “perversão” herdou do senso comum – onde perversidade é sinônimo direto de maldade. O caráter desviante, fora da norma, da sexualidade perversa, não nos autoriza a alinhar automaticamente as práticas perversas a uma estrutura psíquica mais propensa ao mal do que as estruturas neuróticas.

No capítulo dedicado às “aberrações sexuais”, em “Três ensaios para uma teoria sexual ” de 1905, Freud concebe a perversão como permanência da sexualidade infantil na vida adulta. A perversão é o infantil na sexualidade. Aqui encontramos também uma pista para a diferenciação posterior feita por Lacan, entre as práticas perversas isoladas e a perversão como estrutura. Além disso, Freud afirma que a maioria das práticas perversas integra a sexualidade normal. “Em nenhum homem normal falta a agregação de caráter perverso ao fim sexual” .

Pela mesma razão, Freud recusa-se a condenar moralmente as práticas perversas.

Outra passagem que nos leva a repensar a moralização da perversão é a afirmação de que o sintoma é a vida sexual do neurótico, e expressa a recusa do neurótico em tornar pensáveis suas fantasias sexuais. “Os sintomas não se originam dos impulsos sexuais normais (no neurótico), mas dos que se consideram perversos no sentido amplo da palavra e se exteriorizam direta e conscientemente em propósitos fantasiados ou em atos. Os sintomas se originam, em parte, às custas da sexualidade normal. A neurose é, por assim dizer, o negativo da perversão. ”

O exemplo de neurose como negativo da perversão que Freud utilizou para ilustrar esse argumento é o das conexões da libido com a crueldade – no neurótico, que recalca as representações associadas ao desejo, a crueldade é freqüentemente atuada na forma de sintoma, sem que o sujeito consiga responsabilizar-se por ela. Nos perversos, integra-se ao erotismo. Neste sentido não há por quê considerar que os perversos seriam moralmente mais condenáveis que os neuróticos. É verdade que o artifício do fetiche funciona, nas perversões sexuais, para recusar a diferença entre os sexos que se manifesta, para o menino/homem, através da falta fálica aparente nos genitais femininos. Nem por isso podemos considerar que a diferença sexual (que remete à angústia de castração) seja mais intolerável para o perverso, que a recusa, do que para o neurótico, que a recalca. Com isso quero lembrar que o conceito de perversão, em psicanálise, não aponta necessariamente para um sintoma que afete o laço social. A leitura do Seminário 4 de Lacan nos faz compreender que perverso não se exclui da Lei. Tanto quanto o neurótico, o perverso é um sujeito barrado que não quer saber disso; assim como o sintoma neurótico, o fetiche do perverso é um artifício para driblar as evidências da castração que já ocorreu, na passagem pelo Édipo. A diferença é que o recalque tem um papel menos determinante na perversão.

Em Marx, o conceito de fetiche (da mercadoria) remete ao brilho da imagem/mercadoria produzida nas condições do trabalho alienado sob o capitalismo industrial; o fetiche da mercadoria também encobre a dimensão da falta, se considerarmos que encobre o conflito que existe em sua origem, isto é: uma relação de exploração entre pessoas, no processo de sua produção. Uma relação entre pessoas é entendida pela sociedade como uma relação entre coisas, escreve Marx. A expropriação de tempo da vida do operário cedida gratuitamente ao capitalista na forma da mais valia é entendida como produção de riquezas. Também para o fetichista freudiano, a relação com o objeto/fetiche elimina a dimensão de alteridade aportada pelo corpo do outro (seja homem ou mulher).

A passagem do uso do conceito de fetiche em Freud para a teoria de Marx revela que a regulação fetichista das relações entre as pessoas, nas sociedades capitalistas, deixa de ser uma exceção perversa para se tornar uma regra. Em uma sociedade de mercado, o fetiche da mercadoria é um dos principais organizadores do laço social. Mas a diferença que o fetiche da mercadoria apaga não é (exclusivamente) sexual; ele apaga a diferença entre o capitalista e o trabalhador, entre quem vende e quem compra força de trabalho, entre quem lucra e quem cede mais valia. A mercadoria que brilha como pura positividade, como máxima expressão de riqueza, é um fetiche em função de sua capacidade de ocultar a miséria, a exploração e a morte investidas em seu corpo. Nas sociedades de consumo, o fetichismo é a normalidade. De uma forma ou de outra, em nossa religião cotidiana, participantes do sistema mágico que explora o trabalho como se isto fosse um bem, somos todos adoradores dos bezerros de ouro.

Nesse caso, poderíamos considerar que a sociedade seria toda perversa? A moça que se casa com o carro (aceitando o noivo como condição do contrato) poderia ser considerada, freudianamente, uma perversa? Penso que não. A personagem do esquete publicitário, que poderia ser qualquer um de nós, não possui a mestria que caracteriza o perverso, sobre as condições de seu gozo. Estas lhe são apresentada por um Outro, a cuja convocação ela apenas obedece. Ela seria presa da alienação que faz seu desejo responder ao desejo de um Outro. Nossa noiva ficcional se parece mais com uma histérica, submetida ou seduzida pelo mestre perverso que dita as regras do que ela deve ter para ser. Ao final desse jogo quem há de gozar não será a noiva, de posse do carro cobiçado. Ela há de ter, é claro, sua pequena dose de prazer. Depois, a inevitável insatisfação a levará a desejar outro modelo de automóvel, e mais outro, e mais outro. “Eu sou aquela que você diz que eu sou”, diz a histérica a seu mestre, condenando a si mesma à eterna insatisfação, uma vez que nenhuma resposta vinda de um outro será capaz de obturar o furo no ser. O que a dependência do mestre (re)produz, para a histérica, é a alienação que a separa cada vez mais de seu saber inconsciente. “A histeria é a doença do capital”, escreve Roy Schutzman . Sob o capitalismo consumista, a feminilidade será embalada com os objetos que o mestre ordena que a histérica possua para ser – o que? Para ser, também ela, mercadoria em oferta ao gozo masculino. Disso a histérica há de gozar um pouco, mas nunca tanto quanto seu mestre, que na sociedade de consumo domina as regras do jogo perverso. Quando o mestre perverso domina o neurótico, é seu próprio gozo que ele trata de garantir. Nosso gozo fugaz de neuróticos submetidos às leis do mercado, embasbacados pelo brilho fetichista das mercadorias, serve ao Capital, único senhor cujo gozo não encontra limites.

A histeria é a doença da fase consumista do capitalismo, como a neurose obsessiva foi a doença da fase produtivista, que inclui a era freudiana. Entre o século XIX e a primeira metade do XX as sociedades industriais funcionariam segundo o modelo da neurose obsessiva. Grosso modo, diria que quando Freud criou a psicanálise, o imperativo moral apontava para o sacrifício e a renúncia pulsional. Cada geração tentava honrar sua dívida em relação ao patriarca, dívida cada vez mais difícil de pagar na medida em que a autoridade patriarcal ia sendo relativizada pelo liberalismo; assim, a dívida simbólica se manifestava como culpa neurótica. Na era freudiana a neurose obsessiva seria a norma, e a histeria surgiu como expressão emergente de mal estar, manifestamente entre as mulheres.

O que ocorre com os neuróticos, individualmente, quando em vez da neurose obsessiva, é a perversão que dita as condições do laço social? A paixão da instrumentalidade é a via para se entender os efeitos da perversão social sobre o neurótico. Trata-se da servidão voluntária do neurótico, capaz de fazer qualquer coisa para se colocar a serviço do gozo de um Outro. Sabemos até que ponto é possível a um mestre perverso submeter os neuróticos comuns. A adesão de grandes contingentes da sociedade alemã ao projeto de extermínio dos judeus, orientado por uma pretensa racionalidade técnico-científica e coordenado por uma Leviatan maligno, é prova do que os neuróticos são capazes quando são convocados por um Mestre perverso. Mas a perversão, no laço social, não produz sujeitos perversos. Produz neuróticos, aprisionados em sua paixão por se fazer instrumentos do gozo do Outro.

Na sociedade contemporânea em que, de maneira muito mais radical do que quanto Marx escreveu O Capital, todas as relações humanas são mediadas pela mercadoria – hoje, sob a forma predominante da mercadoria imagem – o laço social pode ser considerado perverso. Nesse caso, seríamos todos perversos? Muito pelo contrário: somos todos neuróticos submetidos, instrumentalizados para manter a condição fetichista da ordem social. A proposição freudiana da neurose como negativo da perversão favorece esta segunda hipótese. Como neuróticos, tentamos obter sob a forma sintomática, a partir de motivações inconscientes, o mais-de-gozar (ou a mais valia) que o perverso sabe conseguir na sua vida erótica.

A neurose é o negativo da perversão. Assim como o negativo de um filme contém as mesmas imagens foto revelada, a neurose mantém recalcadas, inconscientes, as representações do gozo sexual que o perverso conhece e revela. Neste sentido, o que o perverso realiza na privacidade de sua alcova pode ser menos problemático, do ponto de vista ético, do que a satisfação que o neurótico obtém através do sintoma, já que o sintoma está sempre articulado ao Outro e portanto, ao laço social. Mas é por isso mesmo que o neurótico pode ser facilmente instrumentalizado pelo perverso quando este se oferece a ele como mestre que conhece as condições de seu gozo.

Se o publicitário, munido das mais avançadas técnicas de pesquisa de mercado, sabe perfeitamente o que quer conseguir de seu “público alvo”, é ele quem está em posição de mestre do gozo em relação aos neuróticos que fazem (o que o Outro manda) sem saber o que estão fazendo. As eficientes técnicas de sondagens das motivações, tendências e demandas emergentes do público consumidor colocam ao alcance dos publicitários um saber que os tornam capazes de agenciar as motivações inconscientes dos consumidores e responder a elas com um produto, uma imagem, uma marca. No estágio atual do capitalismo, que poderíamos chamar, com Débord, de estágio espetacular, a alienação analisada por Marx vem se aperfeiçoando na medida em que o inconsciente trabalha para a acumulação de capital: com isso a servidão se torna cada vez mais voluntária.



O libertino e o tênis Nike.
O convite à perversão nas sociedades de consumo contemporâneas, regidas pelo imperativo publicitário do gozo – “tudo ao mesmo tempo agora” – parece uma caricatura das fantasias eróticas do Marquês de Sade. Sade queria um Estado republicano onde o gozo fundamentasse a Lei. A libertinagem no século XVIII é indissociável de uma utopia republicana pós-iluminista que visa libertar o homem da tutela da religião, do temor a Deus, da coerção das instituições e da autoridade do Monarca. No famoso libelo que se abre com a frase: “Franceses, ainda mais um esforço se quereis ser republicanos” pronunciado por Mirvel em A filosofia na Alcova, Sade propõe a criação de leis que invertam os termos da legalidade reinante e façam ... “a tranqüilidade e a felicidade do cidadão e o brilho da república” . Na república libertina o maior crime seria resistir aos impulsos que a “natureza” (conceito caro aos herdeiros das Luzes) inspira ao homem. O ideal sadeano seria radicalmente o avesso do bom comportamento do neurótico: tudo que este recalca, aquele elegeria como ideais de eu. Dentre as paixões liberadas por este ideal, nenhuma exige maior liberdade do que a luxúria, a paixão mais despótica que existe, cuja realização requer que todos tenham o direito a gozar sobre todos, livre e indiscriminadamente.

Lacan apontou a impossibilidade de realização desse projeto, em “Kant com Sade”: o imperativo do gozo que rege a república sadeana seria a contrapartida do imperativo categórico kantiano, tributário do paradigma iluminista da universalidade da razão. O paradoxo libertino é que em Sade o princípio universal é justamente o egoísmo. Ele tenta fundar uma Lei categórica contra o caráter universal da Lei, que consiste exatamente em agir de tal forma a que o princípio de sua ação possa ser aplicado a todos os outros homens. Se a Lei kantiana pressupõe um homem que não desvie do conceito universal de Homem, a Lei em Sade privilegia a singularidade: uma Lei que se prestasse a ser interpretada de acordo com as conveniências de cada um. Para Sade, sendo os homens diversos entre si e fundamentalmente egoístas, “seria um absurdo palpável desejar prescrever, a propósito, leis universais. (...) É de uma horrorosa injustiça exigir que homens de caráter desiguais se submetam a leis iguais”. O paradoxo é que o imperativo universal do gozo – gozo que, pela própria definição de Sade, é individual, instauraria no coração da república libertina uma luta sem lei de todos contra todos, destruindo a própria utopia libertária enunciada em sua origem.

No entanto, esta utopia está mais próxima da vida contemporânea do que o próprio Marques poderia imaginar. No texto dedicado aos libertinos, em A dialética do esclarecimento, Theodor Adorno aproxima a república de Sade da vida contemporânea ao nos fazer compreender que a economia do gozo no projeto libertino é uma antecipação do cálculo burguês. O libertino antecipa o homem da sociedade liberal, capaz de adaptar o universal da Lei a seus propósitos privados e calcular a economia de seu gozo de modo a obter do corpo do outro o maior rendimento com o mínimo de esforço e sem nenhum sacrifício. Se o projeto libertino anuncia o que viria a ser a economia do gozo na cultura burguesa que se consolidou no século seguinte ao de Sade, isto significa que a perversão veio a se instalar no cerne das práticas que organizam o laço social na modernidade.

A passagem da fase produtiva para a fase consumista do capitalismo representou mais um avanço na direção da análise de Adorno. Hoje vemos aproximar-se a realização o delírio sadeano de uma república regida pelo imperativo do gozo. Na fase consumista do capitalismo contemporâneo a verdadeira mola do poder não é mais a repressão dos representantes pulsionais, mas a administração do gozo. É que depois de Adorno, o sistema se aperfeiçoou. Se os capitalistas dos primeiros tempos substituíram os personagens de Sade em seu poder de fazer o corpo do outro trabalhar para seu usufruto, os consumidores da modernidade tardia sentem-se todos, sem exceção, convocados a gozar da exploração concentrada no corpo das mercadorias. Além disso, a proliferação da mercadoria-imagem consolida a “democratização” do gozo uma vez que, se poucos têm acesso à posse das mercadorias, todos podem ter acesso ao gozo das imagens. Nesse caso a publicidade, que também é mercadoria, trabalha nas duas pontas da cadeia significante do fetichismo: de um lado, como série repetitiva de enunciados do mestre perverso que convoca os sujeitos – tornados histéricos por efeito dessa operação – a se identificar com os objetos de gozo que lhes oferece. E de outro como pura imagem de gozo, puro fetiche, ela própria uma mercadoria incluída na circulação dos produtos da exploração do trabalho alienado.

Entre os muitos recursos utilizados pela publicidade, a pornografia faz parte dos discursos circulantes e das mercadorias consentidas socialmente; o sexo se transformou em grande força econômica, ao mesmo tempo em que assistimos ao desaparecimento dos saberes eróticos, na linha apontada por Foucault: as ciências sexuais substituíram progressivamente na modernidade, a arte Erótica da antiguidade e do Oriente. Hoje, o lugar moral que era reservado ao sexo até metade do século XX foi ocupado pela cultura das “sensações corporais” e das tecnologias da saúde, enquanto as mais variadas imagens da cópula se oferecem a quem circula nas ruas, a quem assiste televisão ou lê jornais, como pequenas amostras-grátis que antecipam o gozo associado às imagens das mercadorias.

Além disso, a fantasia da Lei interpretada de acordo com o gosto de cada um, proposta pelo marquês de Sade, parece se realizar no “individualismo de mercado” que promete uma versão particular do gozo para cada consumidor. Os objetos de consumo se apresentam como substitutos materiais, inscrito no corpo Real das coisas, do objeto simbólico do desejo. Retrocedemos, assim, da economia simbólica do desejo para o império das necessidades. A força da coerção pulsional se precipita diante dos objetos de (suposta) satisfação que se oferecem como pura extensão do Real – como o carro vermelho disposto, por obra dos deuses do acaso (ou da natureza), bem no campo de visão da moça, na peça publicitária que analisei no começo desse artigo.

O imperativo do gozo, expresso na mensagem no limits que identifica uma simples marca de tênis, propõe que cada sujeito, individualmente, alcance para si um lugar acima dos outros, à margem da Lei. “Seja um tiger”, ordena um outdoor que oferece não me lembro qual produto para aumentar as chances dos mais aptos (ou dos mais espertos) na selva darwiniana da concorrência instituída pela acumulação de capital. Um tiger, o predador mais forte e mais voraz diante do qual todos os outros devem se intimidar.

A repetição incansável desse tipo de apelo faz-nos perceber a vida social como cada vez mais ameaçadora. Os significantes mestres, que são dispositivos reguladores do gozo, vêm se desdobrando em torno de mandatos da ordem do no limits. O efeito disso é um horizonte dominado pelo fantasma da regressão a uma ordem primitiva incapaz de impedir o acirramento da luta de todos contra todos.

Em psicanálise, a Lei não se confunde com o código civil, nem com as interdições morais sustentadas pelo imaginário coletivo, seja ele político ou religioso. A Lei é simbólica, e sua transmissão, por efeito da metáfora paterna, é inconsciente. Mas não há, para o psiquismo, dimensão simbólica que se sustente dissociada das dimensões imaginária e real. A transmissão da Lei simbólica ao longo da cadeia geracional (Real), requer alguma sustentação Imaginária que lhe dê consistência, que sustente a força de mandato universal. Cabe perguntar: que universais sustentam a Lei na sociedade contemporânea? Que elementos narrativos fornecem sustentação imaginária ao exercício da função paterna em uma sociedade cujo discurso é estruturado pela via das imagens que convocam constantemente os sujeitos ao gozo?

Um pai, para transmitir a Lei, não pode estar referido apenas a si mesmo, descolado da cadeia significante que torna consistente sua função. Na sociedade de consumo, o valor simbólico de um pai se apóia sobre o valor imaginário das mercadorias. O poder de consumo sanciona a potência paterna.

Tenho constatado um aumento significativo dos quadros de fobia entre adolescentes, sobretudo de sexo masculino, na transição da infância, quando a família funciona como referência predominante, para a adolescência, quando os sujeitos passam a se reportar a referências extra familiares, circulantes no espaço público e/ou na vida social.

Eu me pergunto se a emergência das sociofobias entre meninos na passagem para a adolescência não constituem uma resposta sintomática a este quadro composto por:

1. desmoralização do pai como suporte da Lei

2. laço social organizado em moldes fetichistas

3. significantes mestres da ordem do no limits.

Nesse contexto, como não sentir pânico ante a iminência de passagem da referência familiar para espaços exogâmicos onde o imaginário é dominado pelo fetiche e pelo mestre perverso?

Disponivel em: http://www.mariaritakehl.psc.br/resultado.php?id=119 > acesso em 28 de dezembro

O publicitário como metáfora

. O seqüestro é um crime hediondo porque consiste na transformação do corpo de uma pessoa em valor de troca. A clássica proposição ''a bolsa ou a vida'' não traduz a situação do refém, pois sua vida está desde o início confiscada pelo sequestrador. Ainda que, mediante pagamento, ele recupere a posse de seu tempo e de seu corpo, ninguém lhe devolverá os dias ou as semanas em que estes não lhe pertenceram e em que o valor inestimável de sua vida foi negociado em dólares. Alguém já observou que a negociação entre a bolsa e a vida é impossível; ao sujeito ameaçado, só existe a alternativa de entregar a bolsa. A proposição correta então seria: ''a bolsa, ou a bolsa e a vida''.

Este é o tipo de falsa alternativa que a publicidade nos convoca a responder. Seja livre! Escolha o melhor modelo de automóvel do mercado. Se você está entre os que podem comprar um carro naquela faixa de preço, perceberá que as marcas se equivalem; se está abaixo, como a grande maioria, a escolha não se coloca. A alternativa correta, então, se traduz em outros termos: seja livre! inclua-se entre os que podem. Ou então fique de fora. Fora da representação. Fora do discurso. Fora da liberdade.
A publicidade seqüestrou nosso desejo e o devolveu na forma de compulsão ao consumo; seqüestrou nossas fantasias e nossa imaginação e as devolveu na forma de mercadorias. Transformou nossos sonhos em ''tendências de mercado'', nossas liberdades democráticas em direitos do consumidor, nossas escolhas eleitorais em barganhas numa feira de produtos falsificados.
A publicidade convoca todos a gozar dos privilégios de um cliente/consumidor classe A. Se a alternativa fosse acessível a todos, não haveria privilegiados. Como não é, o que está sendo vendido é a exclusão. Em cada outdoor, cada anúncio de televisão, cada apelo estridente na voz de um locutor de FM, a publicidade vende antes de mais nada, como escreve Eugênio Bucci, um ideal de exclusão. Por uma lógica sinistra, o crime hediondo do sequestro é uma forma extrema de resposta ao apelo exclusivista da publicidade.
Mas é uma resposta intolerável. Torço pela libertação do cidadão
Washington Olivetto, pela prisão e o julgamento dos sequestradores, pelo fim da violência e da impunidade que ameaça a todos os brasileiros. O que equivale a desejar o fim da exclusão e o desmanche da lógica perversa que até hoje tem alimentado o discurso da publicidade

Maria Rita Kehl é psicanalista e escritora
Vale pensar refletir e entender nossas histórias publicitárias . Podemos colaborar com a contemporaneidade.

segunda-feira, 27 de dezembro de 2010

A foto de final de ano segundo verissimo


Foi numa festa de família, dessas de fim de ano. Já que o bisavô estava morre não morre, decidiram tirar uma fotografia de toda a família reunida, talvez pela última vez. A bisa e o bisa sentados, filhos, filhas, noras, genros e netos em volta, bisnetos na frente, esparramados pelo chão. Castelo, o dono da câmara, comandou a pose, depois tirou o olho do visor e ofereceu a câmara a quem ia tirar a fotografia. Mas quem ia tirar a fotografia?

- Tira você mesmo, ué.

- Ah, é? E eu não saiu na foto?



O Castelo era o genro mais velho. O primeiro genro. O que sustentava os velhos. Tinha que estar na fotografia.



- Tiro eu – disse o marido da Bitinha.

- Você fica aqui – comandou a Bitinha.



Havia uma certa resistência ao marido da Bitinha na família. A Bitinha, orgulhosa, insistia para que o marido reagisse. “Não deixa eles te humilharem, Mário Cesar”, dizia sempre. O Mário Cesar ficou firme onde estava, do lado da mulher. A própria Bitinha fez a sugestão maldosa:



- Acho que quem deve tirar é o Dudu…



O Dudu era o filho mais novo de Andradina, uma das noras, casada com o Luiz Olavo. Havia a suspeita, nunca claramente anunciada, de que não fosse o filho do Luiz Olavo. O Dudu se prontificou a tirar a fotografia, mas Andradina segurou o filho.
- Só faltava essa, o Dudu não sair.
E agora?
- Pô, Castelo. Você disse que essa câmara só faltava falar. E não tem nem timer!
O Castelo impávido. Tinham ciúmes dele. Porque ele tinha um Santana do ano. Porque comprara a câmara num duty free da Europa. Aliás, o apelido dele entre os outros era “Dutifri”, mas ele não sabia.
- Revezamento – sugeriu alguém – Cada genro bate uma foto em que ele não aparece, e…

A idéia foi sepultada em protestos. Tinha que ser toda a família reunida em volta da bisa. Foi quando o próprio bisa se ergueu, caminhou decididamente até o Castelo e arrancou a câmara da sua mão.
- Dá aqui.

- Mas seu Domício…

- Vai pra lá e fica quieto.

- Papai, o senhor tem que sair na foto. Senão não tem sentido!

- Eu fico implícito – disse o velho, já com o olho no visor.

E antes que houvesse mais protestos, acionou a câmara, tirou a foto e foi dormir.

Disponivel em : http://www.portallos.com.br/2008/11/30/cronicas-verissimo-a-foto/ acesso em 27 de dezembro

As festas de fim de ano para Verissimo

As festas


Aproxima-se a perigosa época das festas. O Natal e o Ano-Novo, como se sabe, despertam os melhores sentimentos das pessoas, e isto pode ter conseguências terríveis. São conhecidos os casos de paixão, alguns até terminando em morte, que começaram em festas de fim de ano, na firma, quando o espírito de conciliação e congraçamento leva as pessoas a baixarem a guarda e aceitarem o que normalmente não aceitariam e a fazerem o que, no resto do ano, nem pensariam, ainda mais depois de beberem um pouco. Nada mais embaraçoso do que, no segundo dia do ano novo, ter de tentar desfazer algum equívoco do fim do ano anterior.
- Dona Teresa, eu…

- Pintinho!

- Pinto. Meu nome é Pinto.

- Humm. Como nós estamos mudados, hein? Na festa…

- Era justamente sobre isso que eu queria lhe falar dona Teresa. Na festa. Algumas coisas foram ditas…

- Só ditas não, não é, Pintinho?

- Pinto. Pois é. Ditas e feitas, que…

- Já sei. Vamos fingir que nada aconteceu.

- Eu prefiria.

- Muito bem. Só não sei o que vou dizer ao papai.

- O que que tem o seu pai?

- Ele está vindo de Cachoeiro para o casamento.
Outra coisa perigosa é a pessoa se entusiasmar no fim do ano e decidir mudar. Ser outra pessoa. Deixar velhos vícios e adotar novas atitudes, ou recuperar algumas antigas. Janeiro, ou pelo menos a sua primeira quinzena, é uma espécie de segunda-feira do ano. As ruas ficam cheias de novos virtuosos, pessoas resolvidas a serem melhores do que no ano passado.



- Olhe.

- O que é isso?

- Aquele livro que você me emprestou.

- Eu não me lembro de…

- Faz muito tempo. E, na verdade, você não emprestou. Eu peguei. Eu costumava fazer isso. Nunca mais vou fazer.

- Você pode ficar com o livro. Eu…

- Não! Ajude a me regenerar. Quem fazia essas coisas não era eu. Era outra pessoa. Um crápula. Decidi mudar. Este sou o eu 2006. Comecei devolvendo todos os livros que peguei dos amigos. Acabou com a minha biblioteca, mas que diabo. Me sinto bem fazendo isto. Outra coisa. Precisamos nos ver mais. Eu abandonei os amigos. Abandonei os amigos! Olhe, vou à sua casa este sábado.

- Não. Ahn…

- Prometo não roubar nada.

- Não é isso. É que…

- Já sei. Vamos combinar um jantarzinho lá em casa. A Santa e eu estamos ótimos. Fiz um juramente, na noite de ano bom. Que me regeneraria. E ela me aceitou de volta. Há dois dias que não olho para outra mulher. Dois dias inteiros! Isso era coisa do outro.

- Sim.

- Do crápula.

- Sei…

- Eu era horrível, não era? Diz a verdade. Pode dizer. Uma das coisas que eu resolvi é não bater mais em ninguém. Era ou não era?

- O que é isso?

- Como é que eu podia ser tão horrível, meu Deus?

- Calma. Você está transtornado. Vamos tomar um chopinho.

- Não! Não posso. Jurei que não botaria mais uma gota de álcool na boca.

- Mas um chopinho…

- Está bem. Um. Em honra da nossa amizade recuperada. E escuta…

- O quê?

- Deixa eu ficar com o livro mais uns dias. Ainda não tive tempo de…

- Claro. Toma.

- E vamos ao chope. Lá no alemão, onde tem mais mulher.

Disponivel em http://www.portallos.com.br/2008/12/24/cronicas-verissimo-as-festas/ acesso em 27 de dezembro

Receita de Ano Novo de Carlos Drumond de Andrade

Para encerrar, uma receita de Ano Novo dada pelo poeta:


Para você ganhar belíssimo Ano Novo

cor de arco-íris, ou da cor da sua paz,

Ano Novo sem comparação como todo o tempo já vivido

(mal vivido ou talvez sem sentido)

para você ganhar um ano

não apenas pintado de novo, remendado às carreiras,

mas novo nas sementinhas do vir-a-ser,

novo

até no coração das coisas menos percebidas

(a começar pelo seu interior)

novo espontâneo, que de tão perfeito nem se nota,

mas com ele se come, se passeia,

se ama, se compreende, se trabalha,

você não precisa beber champanha ou qualquer outra birita,

não precisa expedir nem receber mensagens

(planta recebe mensagens?

passa telegramas?).

Não precisa fazer lista de boas intenções

para arquivá-las na gaveta.

Não precisa chorar de arrependido

pelas besteiras consumadas

nem parvamente acreditar

que por decreto da esperança

a partir de janeiro as coisas mudem

e seja tudo claridade, recompensa,

justiça entre os homens e as nações,

liberdade com cheiro e gosto de pão matinal,

direitos respeitados, começando

pelo direito augusto de viver.

Para ganhar um ano-novo

que mereça este nome,

você, meu caro, tem de merecê-lo,

tem de fazê-lo de novo, eu sei que não é fácil,

mas tente, experimente, consciente.

É dentro de você que o Ano Novo

cochila e espera desde sempre.

Texto extraído do "Jornal do Brasil", Dezembro/1997.

Disponivel em : http://www.releituras.com/drummond_dezembro.asp:Acesso em 27 de dezembro

sexta-feira, 24 de dezembro de 2010

uM DOS JINGLES MAIS BONITOS DE NATAL

Jingle: BANCO NACIONAL

Quero ver você não chorar
Não olhar pra trás
Nem se arrepender do que faz
Quero ver o amor vencer
Mas se a dor nascer
Você resistir e sorrir

e você pode ser assim
Tão enorme assim eu vou crer
Que o Natal existe
Que ninguém é triste
Que no mundo é sempre amor







Bom Natal um feliz Natal



Muito amor e paz pra você



Pra você...

quinta-feira, 23 de dezembro de 2010

Mas afinal, o que é Varejo 3.0? Blog do Varejo ESPM

terça-feira, 21 de dezembro de 2010


Mas afinal, o que é Varejo 3.0?

Varejo 3.0
por Ricardo Pastore

Em março de 2006 publicávamos pela primeira vez texto com o título “O novo marketing de varejo: lojas que reagem com os clientes”. Neste texto apresentávamos a ideia da transformação do PDV —ponto-de-venda— para PDR —ponto de relacionamento.
Em suma, o artigo tratou de duas importantes mudanças: de um lado, os consumidores, e, de outro, as novas tecnologias que permitem identificar e até rastrear o comportamento de compra dos clientes de uma loja.
A partir deste entendimento, passamos a sugerir as estratégias de marketing de varejo baseadas nos 4 pês, direcionadas para cada perfil de comportamento no PDV identificado com o uso das novas tecnologias. Os 4 pês originais —produto, preço, ponto-de-venda e promoção— passariam para: categorias (de produtos), resultado (obtido com a experiência de compra), ponto de relacionamento e promoção personalizada.
O que nos dá grata recompensa é saber que existem hoje redes de lojas que adotam a estratégia do relacionamento com o conceito PDR como referência. Uma dessas redes identificou nove (9) clusters de clientes segundo características de comportamento e já estabelece a cada um destes clusters ações específicas de marketing de varejo.
Antes bastava uma ação para todos os clientes: de maneira massificada atingiam-se todos com o mesmo sortimento, com as mesmas promoções, a mesma exposição e a mesma comunicação. A necessidade por diferenciação, por melhores resultados, a maior disponibilidade de recursos tecnológicos e a existência de novos conhecimentos possibilitam pôr em prática o novo marketing de varejo.

O mundo anda cada vez mais rápido e as mudanças se tornam mais necessárias. Todos devem estar acompanhando o drama das empresas varejistas que operam o formato hipermercado, que não encontra mais espaço, sofre com a concorrência de formatos menores e perde eficiência. A saída é rever o modelo ou sepultá-lo.
A todo momento surgem ameaças! Os ereaders vão reduzir a frequência de consumidores nas livrarias até que ponto? Antes de esperar para acontecer, algumas redes lançam seus próprios e-readers e passam a oferecê-los aos seus clientes antes que a concorrência o faça. O Walmart nos EUA tem uma importante parcela das vendas de suas lojas vinda da comercialização de DVDs. Antevendo o fim desse mercado, comprou uma empresa que vende filmes via download.
Enfim, não nos faltariam exemplos que ilustram a necessidade de mudanças na abordagem ao consumidor por parte das empresas varejistas. A questão é: quem vai conseguir bancar tantas mudanças?
Para tornar ainda mais complexo o cenário, há os que colocam o marketing centrado no ser humano em sua totalidade de dimensões. Portanto trata-se de desenvolver estratégias de marketing que considerem os valores mais sagrados dos seres humanos, além das preocupações com produto, preço, comunicação, ponto-de-venda e relacionamento, pois tudo isso continua.
A nova obra de Phillip Kotler juntamente com Hermawan Kartajaya e Iwan Setiawan aborda a evolução do marketing do 1.0, passando pelo 2.0 e chegando agora ao 3.0. Segundo os autores, o marketing 1.0 é aquele centrado no produto (foco no produto, na produção); o 2.0 é aquele com foco no cliente, porém restrito ao nível de consumidor, em que o relacionamento é a base estratégica. O marketing 3.0 atinge sim, os consumidores, mas como “seres humanos completos” (KOTLER, KATAJAYA, SETIAWAN, p. 5).
É o marketing na era de um consumidor cada vez mais colaborativo, usuário de mídias sociais, engajado em questões socioambientais e ligado a valores culturais e espirituais. Não há como negar que é a leitura do momento atual e que este momento marca o início de um ciclo que vai modificar os hábitos de consumo da população.
O varejo se engaja a essa idéia, uma vez que, dentre as atividades produtivas, talvez as suas sejam as que imprimem mudanças mais rápidas por lidar diariamente com o consumidor. Surge, então, o Varejo 3.0.
Os produtos hoje são muito pouco diferenciados e canibalizam uns aos outros dentro ainda de uma proposta de excessos e massificação da produção e das vendas. O varejo 3.0 pode tratar de selecionar produtos com compromisso socioambiental ligado a uma causa que motive os clientes de uma loja a adquiri-los.

O consumidor já aprendeu que preço baixo nem sempre é sinal de economia. O barato pode sair caro para o cliente de uma loja, e essa má experiência é diretamente associada ao local onde a venda se realizou. Oferecer produtos que não estejam alinhados com as crenças destes clientes pode sair mais caro ainda, na era do Varejo 3.0.
A comunicação de varejo vai se constituir de vez como uma comunicação interativa, e o meio ideal para dar e buscar informações são as redes sociais. Aliás, no Varejo 3.0 a comunicação não se limita a informações; vai além, possibilita a troca de conhecimentos com a finalidade de gerar sabedoria e disseminá-la pela rede.
Já o ponto-de-venda que evoluiu para ponto de relacionamento chega ao estágio de ponto de colaboração, em que os clientes de uma loja agregam valor uns aos outros por meio da cocriacão, ensinando como utilizar determinados produtos ou serviços, obter melhores resultados, aprimorar sabores, melhorar a saúde, a qualidade de vida.
Fica a sugestão de aprofundar a questão, incluir novos elementos, novas variáveis e evoluir neste tema que está apenas começando. Este é o nosso papel e fica desde já o convite:
Vamos juntos?


Disponivel em: http://varejo.espm.br/2010/12/mas-afinal-o-que-e-varejo-30.html acesso em 23 de dezembro




Ricardo Pastore



Prof. Msc., coordena o Núcleo de Estudos do Varejo da ESPM, é consultor especializado em varejo e sócio do Growbiz Group

O novo 'melhor amigo' dos brasileiros

O novo 'melhor amigo' dos brasileiros


Há 20 anos, o primeiro telefone celular começava a operar no país. Hoje, são 197,53 milhões de aparelhos ativos - e 192 milhões de habitantes

Por James Della Valle

Disponivel em< http://veja.abril.com.br/noticia/vida-digital/o-novo-melhor-amigo-dos-brasileiros
> acesso em 23 de dezembro de 2010


Em apenas 20 anos, o número de telefones celulares no Brasil cresceu de forma exponencial. Os aparelhos chegaram ao país em 1990, de forma tímida, caindo nas mãos de 667 pessoas que apostaram na tecnologia. Quem diria que, um ano depois, o número já seria dez vezes maior, chegando a 6.700. Foi o início do reinado do eletrônico portátil mais popular do planeta, que hoje supera a marca dos 197,53 milhões de aparelhos ativos só no país – de acordo com dados da Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel). Um feito impressionante, uma vez que o número ultrapassa a quantidade de habitantes do Brasil, que, segundo o IBGE, gira em torno dos 192 milhões de pessoas.
No mundo, o primeiro modelo, desenvolvido pelo pesquisador Martin Cooper – então funcionário da Motorola –, apareceu em 1973. Ironicamente, seu principal teste foi em uma ligação para o rival Joel Engel, da Bell Labs, que também estudava a criação do aparelho móvel. O DynaTAC 8000X só ganhou espaço no mercado norte-americano dez anos depois: pesava 800 gramas, tinha 25 centímetros de altura e era alimentado por uma bateria com autonomia de 30 minutos e que precisava de dez 10 horas de recarga. O modelo histórico hoje parece pré-histórico.
Por aqui, o PT-550 foi o primeiro modelo realmente móvel a chegar ao mercado - há exatos 20 anos. Antes dele, muitos aparelhos eram instalados em automóveis, os famosos telefones veiculares. Fabricado no exterior pela Motorola, ele foi introduzido aos consumidores pela empresa de Telecomunicações do Estado do Rio de Janeiro (Telerj), que operou entre os anos de 1975 e 1998. O celular era pesado e sua bateria tinha duração aproximada de duas horas, o que era considerado como um grande avanço para a época.
Desde então, a Motorola passou a estudar o mercado brasileiro, o que levou a abertura de um representante oficial da empresa, em 1992. “Entre os destaques dos anos 90, podemos citar modelos como os gigantes Microtac 650 e Ultratac, além do pequeno StarTac, que por muito tempo foi o carro-chefe da empresa”, diz Edson Bortolli, diretor de produtos móveis da Motorola Brasil. Aos poucos, novas empresas começaram a chegar e o artigo de luxo, símbolo de status, sofreu um processo repentino de popularização. Tanto que hoje é possível sair de uma loja com um modelo pré-pago, com recursos básicos, por cerca de 49 reais e uma carga de 10 reais para fazer ligações.



“Hoje, a dependência desses aparelhos é total. A pessoa pode esquecer a carteira, mas não o celular. Ele agiliza processos e fornece informações importantes, como situação do trânsito ou alterações no clima durante o dia. Quem souber utilizar o celular, poderá otimizar seu tempo”, afirma o executivo.



A evolução da tecnologia - Encarados como ferramentas de comunicação, os primeiros modelos eram caros e capazes "apenas" de fazer e receber chamadas. A popularização dos celulares começou a esquentar com a demanda e a necessidade de explorar novos mercados, além da adição de diferenciais aos produtos.



A mudança do formato analógico para o digital permitiu que os aparelhos começassem a ganhar novas funcionalidades, como telas coloridas, formatos diferenciados e toques polifônicos. “A partir de 2008, todos os aparelhos de ponta começaram a sair de fábrica com rádio e players integrados de MP3, além de câmeras fotográficas, essenciais para a maioria dos modelos”, aponta Bortolli. Para o executivo, a evolução se dá por conta das exigências dos usuários. “Com a chegada dos smartphones, passamos pela época dos e-mails e dos sistemas de mensagens instantâneas. Agora, a bola da vez é a integração com as redes sociais e a necessidade de uma comunicação integrada”, completa.



Outro recurso interessante, explorado em aparelhos de fabricantes como a Samsung, LG, Motorola, entre outras, é a adição de um receptor de TV Digital ao hardware dos aparelhos. Ainda são poucos os modelos que dispõem de tal regalia, mas a tendência é que o consumo cresça e, consequentemente, a produção de mais unidades e o aperfeiçoamento da tecnologia.



Eric Risberg/AP

Martin Cooper, criador do primeiro celular

Os smartphones - Um dos pontos fundamentais para o avanço dos aparelhos foi a chegada dos smartphones ao mercado. Apesar de existirem desde 1992, os aparelhos só começaram a ganhar destaque no ano de 2002, quando a Research in Motion (RIM) passou a oferecer seus produtos da linha BlackBerry. Todos conectados à internet e com capacidade de enviar e receber e-mails. O recurso fez com que eles se tornassem populares no meio empresarial.



O sistema operacional Symbian, predominante nos aparelhos da Nokia, ofereceu uma mudança fundamental no mercado ao desvincular a imagem dos smartphones do mercado corporativo. A companhia voltou seus aparelhos, como o famigerado N95, para o consumidor final com seus recursos como acelerômetro, GPS, câmera de alta capacidade. Com a introdução dos aplicativos, os modelos passaram a ganhar ainda mais atrativos.



O salto levou a Apple, que estava apostando na produção do seu player de MP3, o iPod, a considerar a criação do iPhone, lançado oficialmente no dia 19 de junho de 2007. O sucesso rendeu mais três versões: a 3G, a 3GS e o atual iPhone 4 – que já vendeu mais de 14 milhões de unidades desde seu lançamento, em junho. Hoje, a App Store, loja oficial da empresa, oferece mais de 300.000 aplicativos, baixados mais de 7 bilhões de vezes, de acordo com dados oficiais da Apple.



O Google, de olho no mercado, lançou seu celular com o sistema operacional aberto Android – lançado em outubro de 2008. O modelo original, fabricado pela companhia HTC e conhecido como G1, não fez muito sucesso entre os consumidores. Sua real função foi mostrar para outros fabricantes o quão versátil o sistema era para a navegação na internet e produção de aplicativos. Com o tempo e as constantes atualizações, desenvolvedores como Motorola e Samsung passaram a investir de forma pesada no sistema, popularizando-o e fortalecendo a loja de aplicativos Android Market, coordenada pelo próprio Google. Hoje, são mais de 300.000 aparelhos com o sistema operacional ativados por dia, tornando-o o mais popular do mundo.



O futuro - Nos próximos anos, com a chegada das redes 4G, a velocidade de comunicação e troca de arquivos deve aumentar significativamente, o que deve levar a mais uma evolução dos celulares. Isso significa maior capacidade de processamento aliado a melhorias na duração da bateria, telas de maior resolução e capacidade de armazenamento aprimorada. “Meu notebook tem um processador de 1,6 GHz e meu celular está quase ultrapassando a barreira do 1 GHz”, aponta Bortolli. O executivo acredita que os smartphones serão os novos computadores pessoais, capazes de realizar diversas tarefas e entreter seus usuários, com jogos avançados e melhores recursos multimídia.

segunda-feira, 15 de novembro de 2010

Seguem os textos de Rosely Sayao

Compaixão pelas crianças

Muitas crianças sofrem quando se descontrolam, quando fazem o que não poderiam nem deveriam fazer, quando expressam explosivamente seus caprichos, quando se debatem com uma tarefa difícil que precisam cumprir e se perdem no abismo do "eu não vou conseguir, eu não sou capaz", quando transgridem um princípio conhecido e sabem que a consequência de seu ato prejudica alguém.



O sofrimento delas fica estampado com tanta clareza que é difícil um adulto não perceber o que ocorre nesse momento.Mesmo assim, a reação de muitos deles tem sido insensível. Já faz um tempo que adotamos a postura de reclamar de comportamentos das crianças, de nos sentirmos vítimas de suas atitudes, de nos fazermos impotentes frente a elas.



"Eu não aguento mais esse menino!", "Eu já fiz de tudo para ensinar a ela que não pode fazer isso", "Ela não tem jeito", "Essa criança precisa de um castigo muito sério" são frases que ouço pais e professores dizerem com frequência. Pois elas expressam a falta de compaixão e de empatia dos adultos para com as crianças, o que talvez seja uma marca importante de nosso tempo.



É preciso buscar novos caminhos para reagir às crianças que experimentam as situações acima, já que, mais do que acusações e reclamações, elas precisam é de nossa ajuda, de nossa intervenção educativa.



Em primeiro lugar, é bom lembrar que, como nos ensinou Françoise Dolto -psicanalista que se dedicou a compreender a infância e a adolescência-, quando uma criança reage com violência a uma pessoa ou a uma situação, é porque ela tem lá suas razões, mesmo que não seja possível perceber os motivos que a levaram a se comportar dessa forma.



Isso não significa, é claro, que pais e professores não tenham que fazer com que ela arque com as consequências de seus atos e que não a levem a reparar o que fez. Mas ter essa compreensão é fundamental para que seja possível manter a calma e o equilíbrio a fim de não se relacionar com a criança de modo simétrico e, desse modo, perder o lugar de educador.



Reclamar de, acusar, julgar e condenar são atos que, em geral, praticamos com quem ocupa posição simétrica à nossa. Fazer isso com crianças mostra que, diante delas, deixamos vago o lugar de adultos.



É possível ensinar às crianças o respeito às normas importantes para a convivência sem que isso signifique formar um batalhão de obedientes. Igualmente, podemos ensinar a elas que podem e devem sentir orgulho de si mesmas por conseguir ter controle sobre seus atos.



As crianças sofrem quando não conseguem dominar seus impulsos violentos e de momento. Para que tenham êxito no árduo aprendizado do autocontrole, precisam de nós, adultos, agindo como tal. Elas também sofrem quando se afogam no mar da insegurança que as impede de se esforçarem para aprender. Também nesse momento precisam de nosso apoio e encorajamento.



As crianças precisam contar conosco para transformar em ato seu potencial.







Categoria: Folha Equilíbrio

Escrito por Rosely Sayão às 12h16 [(34) Vários comentários] [regras para comentários] [envie esta mensagem]



01/04/2010

Pais estudantes















As escolas trabalham com seus alunos há mais ou menos dois meses. É de se esperar que, a esta altura, muitos estudantes já tenham percebido que têm obstáculos a enfrentar, dificuldades a superar, conflitos a resolver. Frequentar escola traz lá os seus problemas, todos sabem. No entanto, o que não sabíamos é que boa parte desses problemas acaba nas mãos dos pais. Da educação infantil à faculdade, eles têm assumido muitos dos contratempos escolares dos filhos.



Pais de universitários tentam negociar prazos de entrega de trabalho com professores e comparecem à faculdade para resolver problemas dos alunos com a secretaria. Muitos também são chamados pelas faculdades para reuniões e até recebem boletim de frequência e avaliação do filho -isso sem falar de mestrandos e doutorandos em situação semelhante.



Não há dúvida de que esses jovens, de classe média, estão infantilizados, e nem sequer se envergonham da situação. Ao contrário: é de muitos deles que parte o pedido de ajuda aos pais. Justamente quando finalizam o processo de amadurecimento iniciado na adolescência e estão prestes a entrar na vida adulta, são seduzidos a estacionar, quando não a regredir.



Quem tem filhos cursando o ensino médio ou o pré-vestibular carrega uma carga bem pesada. Pressionados pela sociedade, pressionam seus filhos para que deem conta da enorme quantidade de conteúdo passado pela escola e tirem boas notas, para que não percam aulas, para que entrem em uma faculdade reconhecida etc. Contratam professores particulares -muitas vezes indicados pela escola que o filho frequenta!-, dão prêmios e castigos, controlam horários de estudos, tudo em função do rendimento escolar. Mas para quem é importante, afinal, cursar uma faculdade?



Já quem tem filhos no ensino fundamental acaba por ter de atender a pedidos das escolas para que resolvam questões de indisciplina, de desatenção, de comportamentos inadequados ao espaço escolar, de recusa da autoridade do professor etc. No final, o aluno está lá na escola e os pais, aqui fora, tentam interferir no comportamento dele lá. Será que é possível? Tenho dúvidas, já que, quando mudam o papel social e o contexto, pode mudar muita coisa na maneira de se portar da criança.



Nem mesmo os pais das que frequentam a educação infantil ficam livres de arcar com questões da vida escolar dos filhos. São pesquisas e lições para serem feita em casa, reuniões para ouvir análises que a escola faz, ora do comportamento ora do desenvolvimento de seus filhos e até receber algumas orientações, inclusive de encaminhamentos.



Em resumo: hoje, quem tem filhos na escola quase se torna um repetente, já que precisa dar conta de questões que lá atrás, em sua infância, já foram vividas. E quase sempre sem contar com a ajuda dos pais, é bom ressaltar.



Talvez uma boa parceria da família com a escola pudesse ser a de que ambas conseguissem ensinar aos filhos e alunos que o compromisso escolar é deles, e apenas deles.







Categoria: Folha Equilíbrio

Escrito por Rosely Sayão às 11h21 [(75) Vários comentários] [regras para comentários] [envie esta mensagem]
07/06/2010 Apesar da data. VALE A PENA RELER


As escolas já não são mais o templo sagrado do saber

A Folha publicou ontem, no caderno Cotidiano, uma reportagem que mostra o que acontece na quadra de uma escola estadual aqui de São Paulo localizada na Av. Indianópolis, na zona Sul. O local é usado como ponto de prostituição, principalmente por travestis. O link para a reportagem é http://www1.folha.uol.com.br/fsp/cotidian/ff0606201009.htm
Escrevi um texto, publicado na mesma reportagem com o título acima, refletindo a respeito do fato. Segue o texto.

"A escola já foi considerada um local sagrado e, portanto, reverenciado, estimado, cuidado e respeitado por todos. Uma de suas denominações, inclusive, era "Templo do Saber". Atualmente, elas são o retrato colorido de nossa sociedade, um espelho do estilo de vida urbana que temos levado e do tipo de relação que estabelecemos com os mais novos.
Assim sendo, a escola não é um local inviolável. A criminalidade e a violência, o descaso com o patrimônio público -bem de todos-, o caos das relações interpessoais de um mundo individualista e simétrico, a competitividade levada ao seu grau mais extremado, a grosseria, o desrespeito às leis que nos protegem, o tráfico de drogas e o consumismo -também de sexo- são algumas das características de nossa sociedade.
Tais características se tornam, assim, elementos presentes no ambiente escolar, já que os muros que o cercam não são impermeáveis.
Não se iluda, caro leitor: as imagens do que ocorre no entorno da escola estadual Professor Alberto Levy, na zona sul de São Paulo, não mostram um fenômeno exatamente localizado. De modo mais ou menos estridente, esse é o espírito da sociedade que ajudamos a construir e que ronda nossas escolas e, por consequência, nossas crianças e jovens.
Não há dúvida alguma de que a Secretaria Estadual da Educação, a polícia, a própria unidade escolar e seus trabalhadores, o bairro do entorno, as famílias dos alunos etc. deveriam ter sua quota de responsabilidade nessa questão.
No entanto, na mesma medida -vamos reconhecer- todos eles têm também sua parcela de impotência frente a fenômenos desse tipo.
Fazer o quê? Ou, melhor dizendo: o que fizemos e fazemos para que o mundo adulto escancare dessa maneira, sem quaisquer pudores, suas mazelas também aos mais novos?
O pior de tudo é que nós já temos muitas respostas para dar a essa pergunta."

Disponivel: http://blogdaroselysayao.blog.uol.com.br/Acesso em 15.11.2010
ESTAMOS CHEGANDO N O FINAL DO ANO HORA DE REVER AS ESCOLAS....

Texto de Rosely Sayão: Com que roupa?

Palpite de Desconstruindo a Mãe
Marcadores: boas maneiras, educação, escola, Rosely Sayão, roupa, uniforme
Separei esse texto da excelente psicóloga Rosely Sayão para compartilhar.
Na escola da Lalá o uniforme cada vez fica mais "fashion", mas continua de uso obrigatório até o fim do ensino médio. Eu adoro ( a gurizada também!)! E vocês?
Há variedade de modelos, pra ajudar os alunos a aderirem ao unfirme

COM QUE ROUPA?
As chamadas boas maneiras foram abrandadas, depois criticadas e, por último, esquecidas
Uma escola promoveu reunião para os pais de alunos que terminam o ensino fundamental este ano e iniciam, no próximo, o ensino médio.
Um dos temas abordados e que gerou grande interesse na discussão foi a não obrigatoriedade do uso do uniforme para esse ciclo.
O argumento da escola para liberar a presença dos alunos nas aulas sem o uniforme foi o de que, nessa idade, os jovens preferem usar roupas informais.
Já alguns pais pediam seu uso por uma questão de economia apenas.
Esse tema me lembrou dois fatos. O primeiro foi a conversa que tive, pouco tempo atrás, com uma executiva de empresa multinacional que lidera uma jovem equipe. Ela contou, na época, que enfrentava uma situação bastante constrangedora para ela: ter de falar com seus funcionários a respeito das roupas que eles não deveriam usar no ambiente de trabalho, por serem inadequadas. Aliás, vários diretores de escola e coordenadores já tiveram de fazer o mesmo com alguns professores.
O outro fato foi a observação que fiz em horários de entrada ou saída de escolas de ensino médio.
As roupas que alguns alunos usam são próprias para a praia, para o período de férias ou mesmo para uma reunião entre amigos. Vemos até garotas vestidas com roupas provocantes, extremamente curtas e decotadas.
Que tipo de roupa usar em determinadas situações? Como se comportar em diferentes locais da comunidade?
Qual o tom de voz apropriado para uma breve troca de ideias com o colega na sala de um cinema etc.?

Os manuais de boas maneiras ou de etiqueta já não fazem o mesmo sucesso experimentado décadas atrás, e perguntas como essas já não têm respostas únicas.

E agora?
Com mudanças velozes nos costumes, no comportamentos e nas regras, e a introdução na vida cotidiana de novos hábitos como o uso do telefone celular, por exemplo, são tamanhas transformações na convivência social que as chamadas boas maneiras foram inicialmente abrandadas, depois duramente criticadas para, em seguida, serem esquecidas.
Agora, entretanto, têm sido evocadas em diversos ambientes e por várias instituições. Famílias e escolas, por exemplo, têm se debruçado sobre essa questão.
É compreensível: num momento em que vivemos uma crise de civilidade, a cortesia, a gentileza, o respeito e a polidez no trato com o outro parecem ser bons remédios para acalmar a generalizada grosseria e a agressividade reinante nos relacionamentos interpessoais.
Precisamos reconhecer que já não é mais possível apontar maneiras únicas de se portar na relação com os outros, nos mais diversos locais e situações.
Ao mesmo tempo, precisamos também considerar que a vida pública e os relacionamentos sociais precisam ser mediados por algumas normas e essas sempre estão referenciadas a alguns princípios e valores.
Pensar no uso ou não do uniforme na escola considerando apenas a preferência juvenil ou os gastos familiares é ignorar que os mais novos precisam conhecer os valores e princípios que escolhemos para construir o presente deles e, logo, o nosso futuro.
Mas será que a maneira como nós temos conduzido esse processo irá permitir que eles façam escolhas bem informadas? Pelo depoimento da executiva citada antes e pelo ainda recente "caso Geisy Arruda", parece que não.
Rosely Sayão é psicóloga e autora de "Como Educar Meu Filho?" (Publifolha)
Folha de S. Paulo, Equilíbrio, 2/11/2010

Link: http://www1.folha.uol.com.br/fsp/equilibrio/eq0211201010.htm
Disponivel em:
http://desconstruindoamae.blogspot.com/2010/11/texto-de-rosely-sayao-com-que-roupa.html acesso 15.11.2010

A ESCOLA FALIDA ?!

Rosely Sayão - A escola falida


Hoje a escola chama os pais até para dizer que o filho não presta atenção na aula... Lembro de uma mãe italiana que me procurou indignada com isso... Nas palavras dela: "Afinal somos nós ou elas as profissionais do ensino?... Eu não sei o que fazer para minha filha prestar atenção na aula dela!"

E aqui não há escola pública x particular! As duas sofrem do mesmo mal...



No texto abaixo, Sabatina na Folha, Rosely Sayão dá uma boa explicação para o mal funcionamento das escolas: falta de profissionalismo!



Vera Vaz







Folha de S. Paulo 30 de novembro de 2007



Sabatina Folha - Rosely Sayão



Qualquer coisa é melhor que a escola formal de hoje; pior não ficaPara psicóloga, o atual modelo de ensino está falido ; escola se preocupaque alunos aprendam conteúdo em vez de priorizar o conhecimento



CLÁUDIA COLLUCCIDA

REPORTAGEM LOCAL





O ATUAL MODELO de ensino está falido e parte dessa situação deve-se ao fato de a escola ter se aproximado tanto do estilo de vida familiar que acabou adotando um modo administrativo leigo em detrimento de condutas educacionais profissionais, baseada em teorias e metodologias.A afirmação é da psicóloga e consultora em educação Rosely Sayão, durante sabatina realizada ontem pela Folha.

Para ela, "qualquer coisa" é melhor doque a escola formal de hoje. "Pior que está não fica. É preciso encontraralternativas ao ensino falido existente em 98% das escolas privadas e públicas."

Para a psicóloga, a aproximação entre escolas e famílias está fazendo com que as crianças tenham um tipo de educação muito parecida. "Hoje,professores e pais pensam e agem de maneira muito semelhante. E os pais estão desnorteados porque as referências educacionais se multiplicaram."





ESCOLA

A escola hoje não serve para educar. Nem para educar para vida pública e muito menos para educar para a relação de conhecimento. A escola está mais preocupada que seus alunos aprendam conteúdo do que com a postura que deve ter para se relacionar com o conhecimento. Até o quinto ano do ensino fundamental, a gente deveria ensinar o que é ser aluno, o que é ter colegas,o que é agir coletivamente, quais as posturas físicas e mentais para se relacionar com o conhecimento. Hoje a gente tem uma grande dificuldade detrabalhar isso. Espera-se que o aluno chegue sabendo o que é ser aluno. Eles chegam filhos e a escola continua a tratá-los como filhos.A escola se identificou muito com a família e perdeu seu caráter profissional. Ela se molda aos seus alunos e aos pais de seus alunos. Tem dificuldade de estabelecer uma conduta profissional baseada em teorias e metodologias e vai muito no agir educativo dos pais, que são leigos, e a escola não deveria ser leiga. Hoje, professores e pais pensam e agem demaneira muito semelhante.





VIDA FAMILIAR

É uma grande bobagem tentar adequar a escola ao estilo de vida familiar.Isso restringe muito os contatos, as relações, o tipo de visão que a criança tem do mundo. Restringe muito a ponto de impedir uma vida democrática, no ponto de vista das relações. Cada vez mais as crianças ficam submetidas a um tipo de educação muito parecida. A partir dos anos 90, a escola começou aanunciar que ela era a segunda casa, a segunda família dos alunos. Se umafamília já dá trabalho, imagine duas. A grande questão é: nós vamos dar chance para as crianças aprenderem a conviver com as diferenças ou vamoscada vez mais colocá-las em clubes privados onde todos são semelhantes? Nabusca de uma vida mais democrática, colocar a criança em uma escola onde hádiversidade é o primeiro ponto. A função da escola é fazer a passagem da vida privada para a vida pública.





SELEÇÃO DE ALUNOS

Seleção de alunos é um absurdo. Na verdade, é selecionar o perfil de aluno que cabe dentro da minha escola, é preconceituoso. O aluno diferente, não importa a diferença que seja, ele não cabe dentro desse clube. Por lei, essa seleção não é permitida, mas as escolas continuam fazendo e os pais se submetem. Acho uma loucura. A gente já vê no presente algumas conseqüências disso. A vida pública é cada vez mais privada, jovens adultos evitando o contato das pessoas nas ruas.





SUPERPROTEÇÃO

Nas últimas décadas, os pais se incumbiram de uma missão impossível, que é proteger os filhos da vida. Nesta busca de proteção, têm cometido equívocos sérios, que comprometem o objetivo fundamental da educação, que é viver com autonomia. Os pais ensinam os filhos que eles têm muitos direitos e poucos deveres.Traçar um equilíbrio entre o cuidar e proteger é a questão. Não adianta a gente tentar proteger, proteger, porque na hora que eles saem, e eles saem queira a gente ou não, esse é o mundo em que eles vão viver. O mundo estáperigoso, mas sempre esteve perigoso para os pais. É claro que o mundo mudou muito. Mas devo ensinar a saber reconhecer os riscos, a saber se proteger sem revidar etc.





SEXUALIDADE

Quando chega na adolescência, o grande acontecimento da vida é a descobertada sexualidade. O jovem tem corpo de adulto e, portanto, pode desfrutar desse mundo da sexualidade. A idéia que fica é que eu desfruto, mas, se eutiver um problema antes ou depois, alguém resolve para mim. É fundamentalque cada um de nós tenha uma vida sexual saudável. Mas há o limite entre o privado e o público, o que diz respeito à intimidade e o que diz respeito ao convívio social. Por isso, é preciso demarcar bem essa fronteira. A funçãodos pais não é entrar nos segredos dos filhos. Aliás, tem coisas que é melhor não saber mesmo.A questão não é falta de informação [sobre sexo, gravidez ou doenças sexualmente transmissíveis]. O problema é que eles não têm maturidade para usar essas informações. Isso revela que estão chegando na vida sexual de modo absolutamente inconseqüente porque são imaturos e porque há adultos respondendo por eles.O jovem vê a sexualidade como performance corporal, têm dificuldade de encarar uma relação sem tomar um comprimido tipo Viagra ou Cialis. Achei que fosse insegurança, mas descobri que era garantia de diversão por horas, sem perder a ereção. É um parque de diversão, não é mais o contato de proximidade de intimidade com uma pessoa.





CONSUMO

O ideal de consumo hoje é maior do que qualquer coisa, provoca angústia,provoca tédio também. O ideal de consumo faz com que a pessoa queira consumir e não necessariamente desfrutar daquilo que conquistou. Ele quer,quer e depois que consome não sabe o que fazer com aquilo. Cresce assustadoramente o número de jovens que querem entrar na faculdade e depois não sabem o fazer com a faculdade, trocam de curso, abandonam. É mais difícil viver hoje porque não há adultos que estimulem essa visão crítica do jovem. Eles não pensam criticamente e também adoecem facilmente. Temos muitos jovens com depressão, o índice de suicídios tem aumentado muito entre os jovens adultos. O grau de insatisfação com a vida é muito grande. Eu devo isso ao ideal de individualismo.





MEDICAMENTOS

É um outro ideal. Nossa sociedade está absolutamente submetida à medicalização. É mais um elemento que leva a essa passividade na vida, como se as coisas se resolvessem por mim. Hoje, por incrível que pareça, há escolas que chamam os pais e os orientam dar ritalina [medicação usada para déficit de atenção com hiperatividade] aos seus filhos. É como se falassem:"Acalma o seu filho para eu poder trabalhar bem enquanto ele for meu aluno."Acho que a medicina ainda vai se redimir dessa medicalização. Hoje há muito estímulo à hiperatividade. Já que o mundo estimula, vamos conviver com issoe ensinar nossas crianças a controlar isso.PAISOs livros de auto-ajuda subestimam a capacidade dos pais. Não acho que os pais estejam perdidos, as escolas sim estão perdidas. Os pais estão desnorteados. Quando eu fui educada, todos os pais compartilhavam do mesmo norte. Hoje as referências se multiplicaram. Cada pai olha como vai educar seu filho e vê múltiplas referências. Eles ainda acreditam que há norte foradeles, mas o norte está neles. Não considero os pais perdidos. Eles se dedicam mais à educação dos filhos do que as escolas que os recebem.





LIMITE

Eu usei muito essa palavra e hoje sou contra o uso dela na educação. Todo mundo usava essa palavra e não falava-se em desobediência. Recebi um dia uma mãe desesperada porque a filha, de três anos, não tem limite algum, não aceita a autoridade dela. Se a gente aceita que o problema é deles, a gente ficará livre de qualquer responsabilidade. Criança não precisa de limite,precisa é de adulto. Eles não aprendem os limites porque, nós adultos, não exercemos bem nosso papel.





CASTIGO

Castigo em crianças com menos de cinco anos eu não entendo. Quando a criança com menos de cinco anos faz ou não faz o que deveria fazer é porque o adulto falhou. Nessa idade, a criança não compreende o castigo como fruto do comportamento que ela teve. A partir dos seis, sete anos, é possível colocá-lo de castigo mas não como mera punição com sofrimento. Mas como demonstração de que tudo o que você faz, traz conseqüências, às vezes boas,às vezes não. Em geral, hoje o castigo é dado muito no momento em que os pais perdem o controle das emoções e depois o sofrimento dos filhos faz com que os pais afrouxem o castigo. A gente erra do começo ao fim.

dISPONÍVEL EM: http://educaforumtxt.blogspot.com/2007/12/rosely-sayo-escola-falida.html aCESSO EM 15.11.2010

sábado, 6 de novembro de 2010

10 dicas para conseguir um patrocínio esportivo

Temos consciência, que está cada dia mais difícil conseguir um patrocínio na área esportiva. Acho que a primeira causa é a recessão que nosso país está passando, as perspectivas são de melhora. Com isso as empresas tendem a investir cada vez menos na área de comunicação, pois normalmente é a primeira verba que se corta em momentos de incertezas. Já que não podemos influenciar diretamente esta causa, o melhor a se fazer é agir onde temos controle, ou seja, no projeto de patrocínio..
O que acontece muito e o que eu recebo demais, são projetos de patrocínio mal feitos. A grande maioria com um enfoque filantrópico, quase como se tivesse pedindo esmola, e esta definitivamente não é a melhor maneira de se solicitar um patrocínio.O foco do projeto de patrocínio deve ser a proposta de um negócio, onde ambos saem ganhando, a empresa apoiadora e o patrocinado.Tendo entendido isto claramente, aqui vão algumas dicas para que seu projeto de patrocínio seja bem recebido nas empresas:
1. Saber o que você está vendendo, qual o seu produto
2. Ter claro quais são as possibilidades que você pode dar a seu investidor, o que você pode oferecer
3. Detalhar custos, isto é importante para dar credibilidade a seu projeto
4. Planejar o futuro, mostrar que existem novas possibilidades no horizonte
5. Detectar que empresas tem o perfil de seu projeto, procurar que empresas patrocinam projetos parecidos com o seu
6. Ter uma apresentação bem feita, deve ser fácil, clara e rápida de ler (preferivelmente em forma de slides)7. Estar atento a possibilidades de permuta, é muito mais simples para empresa conseguir produtos e serviços do que dinheiro
8. Ser criativo e criar propriedades diferenciadas do que já é feito
9. Negociar como quem está vendendo um produto, não como se tivesse pedindo algo
10. Acredite no seu produto, crie um projeto no qual você investiria se fosse um patrocinador.
Se mesmo assim seu patrocinador não acreditar que vale a pena utilizar o marketing esportivo, mostre a ele este texto.Você pode tb utizar nosso link para pedir patrocínio, desta forma ele entrará no cadastro e quem sabe você consiga realizar seu projeto. Vale lembrar que se você tiver uma verba vale a pena contratar um profissional para formatar sua apresentação.
Boa sorte !!!Cesar Augusto Sbrighi
Especialista em Marketing Esportivo pela Universidade de Nova Iorque


VALE A PENA CONFERIR dISPONIVEL EM: http://www.mktesportivo.com.br/10dicas.htm > ACESSO EM 7 DE NOVEMBRO

sexta-feira, 5 de novembro de 2010

ThinkWeb! 2010 – Um dia inteiro para pensar em internet

ThinkWeb! 2010 – Um dia inteiro para pensar em internet


Publicado por: melinaprestes em: 30/10/2010Em: Congressos e Palestras
Cultura Digital
Eventos Comente!Dia 10/11/2010, das 8h30 às 19h, no Royal Palm Tower, em Campinas/SP.

Está chegando a segunda edição do ThinkWeb!. Para quem não sabe, o evento é uma iniciativa da Webcompany para que as empresas – clientes da agência ou não – pensem na relação de suas marcas com o consumidor que está online e vislumbrem possibilidades para criar um relacionamento com essas pessoas. Trazer conhecimento e colocar a pauta de investimentos na internet em discussão em nosso mercado. Esses são os maiores objetivos do ThinkWeb!.
Serviço:Think Web! 2010

Data: 10 de novembro de 2010

Local: no Royal Palm Tower, Campinas/SP

Horário: das 08h30 às 19h
O evento de agora será somente para convidados, mas a Webcompany e os palestrantes irão sortear – através do Twitter – 5 convites cada para o evento. A hashtag oficial é #thinkweb. Siga a Webcompany e os palestrantes no Twitter para concorrer.
Grandes profissionais irão ministrar as palestras:
Bia Granja

Curadora de cultura digital e agitadora da área de internet é considerada uma das pessoas mais relevantes na mídia social brasileira. Editora e diretora de criação da PIX, uma plataforma de cultura e diversão digital voltado para jovens conectados.


Gil Giardelli
Formado em Desenho Industrial, especializado em Internet and Mass communication na King’s College of London. É CEO da Gaia Creative, coordenador de 4 cursos no Centro de inovação e criatividade da ESPM. É Conselheiro da Associação Brasileira de Marketing Direto (ABEMD).
Leandro Ogalha

Leandro Ogalha é e-empreendedor e publicitário, dirige a área de estratégia da agência Tboom Interactive. Integra o Update or Die, maior coletivo não-jornalístico do Brasil, um dos blogs mais influentes em inovação e criatividade do país.
Léo Xavier

Formado em Administração de Empresas na FGV e em Publicidade & Propaganda na ECA/USP. Em 2007, tornou-se o primeiro brasileiro a fazer parte do capítulo mobile do Webby Awards, considerado o Oscar da Internet. Em 2009, foi eleito diretor do Board da Mobile Marketing Association.
Liliane Ferrari

Graduada em jornalismo e filosofia, está há 13 anos na área de produção e comunicação. É heavy user de internet, colunista da revista Mundo Mundano e editora de vários blogs corporativos.
Samantha Shiraishi

Jornalista pela UFPR, trabalhou por 10 anos em jornais e revistas no Brasil e no Japão. Desde 2005, como consultora em mídias sociais, realizou trabalhos para o Grupo Abril, Kraft Foods, Unilever, Casas Bahia, Walmart, Agência Senado. É embaixadora do movimento Todos pela Educação, coordena o site Mãe com filhos e é representante da América Latina no Norton Online Family Advisory Council.
Thiago Pereira

Gerente de e-Commerce da Lojas Marisa, é formado em Administração com extensão em International Business pela Kentucky University. Possui especialização em programação web, pós em e-Business e MBA em Marketing pela FGV. Com passagens pela Motorola, Bosch, Lucent, Avon, Johnson&Johnson e outros, se especializou em modelos de negócios baseados na web.
Ulisses Zamboni

É formado em Comunicação Social pela Cásper Líbero. Atual sócio-diretor da Santa Clara, teve passagens por Hill & Knowlton, Lintas, TBWA Internacional, Giovanni,FCB. É professor da cadeira de Planejamento da Miami Ad School, Presidente do Grupo de Planejamento e membro do Comitê de Comunicação Integrada da ABAP.

Mais informações: www.thinkweb.com.br
Tags: Cultura Digital, Evento, Think Web, Think Web! 2010

O Futebol Brasileiro precisa rever seus torcedores

O texto abaixo deve ser lido e refletido por todos que  gostam e  investem em futebol.  As duas ações ocorridas no final de ...