terça-feira, 17 de maio de 2011

Atropelando o humanismo



fonte: O Estado de São Paulo 15 de maio de 2011
Aforismos sem juízo


"A utopia da juventude atual é adiar ao infinito o fim da juventude."
Nunca antes tivemos tanta liberdade, informação e consumo, em termos gerais. Mas o que temos feito disso? A liberdade se confunde facilmente com o egoísmo, com a exaltação publicitária do “eu faço o que quiser” e o medo de assumir compromissos. A informação não produz cidadãos mais conscientes e debates melhores, pois poucos se interessam por ideias gerais e pelo que aconteceu antes de nascerem. O consumo se torna patologia, em que sempre se olha para o que não se tem, ou seja, para o que o outro tem, mesmo que não haja a menor necessidade de ter aquilo. Com tanta valorização do dinheiro e da aparência, fica mais difícil encontrar amizade e amor verdadeiros, que dependem da confiança no outro em momentos difíceis; e se deterioram rapidamente a arte da conversa e o gosto pela leitura, sem os quais é difícil vencer a imaturidade. Em uma frase, o humanismo tem sido atropelado por nossa vida acelerada.



Abro um site noticioso, por exemplo, e lá estão as notícias mais lidas do dia: “1) Ivete Sangalo cai no palco durante show em Petrolina; 2) Rafinha Bastos causa polêmica após brincar sobre órfãos no Dia das Mães; 3) Elefante de filme com Robert Pattinson sofreu maus tratos; 4) Whitney Houston começa a fazer novo tratamento de reabilitação; 5) Justin Bieber se defende de críticas de atriz de CSI”. Parem o mundo, quero descer! Você pode dizer que boa parte da culpa é da mídia, mas note que nenhuma dessas “reportagens” estava no alto da página, onde se costumam pôr as manchetes mais importantes. E você pode alegar que a permanência em cada uma dessas páginas não passa de 30 segundos, que então o leitor não lhe dá tanta relevância, mas quem disse que a maioria vai gastar mais de um minuto em um assunto mais relevante? Celebridades são “seguidas” mais e mais porque parecem ter tudo: beleza, bajulação e bilhões.



Fala-se muito que nossos tempos são marcados pela diversidade, por não haver tendências hegemônicas, etc. No entanto, li há algum tempo Danuza Leão descrevendo um jantar de dez casais, digamos, no qual oito das mulheres usavam a mesma marca de sapato, com a mesma sola vermelha. A pior uniformidade, porém, é a mental. É a que dita que não basta ter meia dúzia de bolsas, não basta ter um carrão, não basta levar as crianças para uma praia; é preciso ter dezenas de bolsas, carrões ainda mais vistosos, fotos das crianças em Paris. Como disse o escritor Pedro Bandeira, o brasileiro dá mais valor a um tênis do que a um livro. Afinal, está disposto a pagar R$ 300 pelo primeiro, mas diz que R$ 40 pelo segundo é caro – assim como diz que não tem tempo para ler, mas passa horas e horas diante da TV ou nas redes virtuais. A capacidade de concentração está em declínio; muitas coisas são feitas ao mesmo tempo, nenhuma com a devida consistência. Exibir vale mais que saber.



Outra consequência desse mundo cada vez mais frívolo se mostra em ambientes de trabalho de todos os tipos. De olho nas promoções e nos bônus, passar o colega para trás começou a ser atitude elogiável, assim como trabalhar mais horas, mesmo que em prejuízo da vida familiar e do ócio. Funcionários dão aos clientes a desculpa de que “o sistema não permite”, incapazes de contestar essas ordens para não ser acusados de não ter “inteligência emocional”. Nas ruas das grandes cidades, a gentileza vai sarjeta abaixo; SUVs fazem uma luta darwinista pela sobrevivência do mais caro. Mulheres optam pelo papel de bonequinhas de ricaços, e há mais e mais estilistas para vesti-las e cirurgiões para repuxá-las. Jovens vivem com os pais até quase os 40 anos, enfileirando cursos e bicos para adiar a responsabilidade de uma carreira decente e continuando a se vestir do mesmo jeito. Crianças dizem que seu sonho é serem famosas, não importa em quê ou como.



A esta altura, alguns leitores podem estar pensando que esse consumismo e essa alienação são produtos do capitalismo ou da modernidade. Mas o fatalismo ideológico, marxista ou culturalista, não leva a lugar nenhum. Sem o capitalismo moderno, em que a busca do lucro é moderada por regras comuns e em parte transformada em benefícios coletivos, não teríamos tanta liberdade, informação e consumo. Nem preciso dizer como liberdade e informação são fundamentais, para evitar tiranias e respeitar diferenças, e mesmo o consumo tem papel importante em nosso conforto e, sim, em nossa identidade. A culpa não é do sistema, mas do que fazemos dele. Para contrapor essa onda de individualismo exacerbado é preciso uma mudança de mentalidade, não o aumento ou a diminuição do Estado, e relembrar os valores das qualidades interiores e da cultura geral, daquilo que não se pode rotular a partir da forma e do status. “Ninguém sabe o que sou quando rumino”, escreveu Machado de Assis, cansado de ser julgado por seu aspecto exterior. Ser não é aparecer.



CADERNOS DO CINEMA
Não fui ver Thor por causa de Kenneth Branagh, o diretor, mas por causa do meu filho, Bernardo. Mas, enquanto decidia se é ou não o pior filme que já vi (talvez seja o pior filme caro que já vi), não pude deixar de sentir uma espécie de vergonha por Branagh. Afinal, admirei muito seus filmes baseados em Shakespeare, Henrique V, Muito Barulho por Nada e Hamlet, entre outros trabalhos como ator e diretor. Não, não fiz comparação nenhuma em minha mente, mesmo que ele próprio tenha se encarregado de dizer que viu elementos shakespereanos na história do filho de Odin e seu conflito com o irmão...
Fui ao cinema conferir um filme de super herói, como vejo, com algum prazer, um Batman, Homem Aranha ou Homem de Ferro. E o que vi foi o desfile dos efeitos especiais mais cafonas que Hollywood já conseguiu pagar, com atuações para lá de canastronas de nomes como Natalie Portman e Anthony Hopkins, num enredo que não empolga, com um protagonista que se parece com um robô loirinho. Quase não há humor – voluntário, digo – e as sequências de ação são as mais velhas do gênero, com homens pendurados em pontes e brigas de socos inverossímeis. Não há uma frase que preste, o que me obriga a recorrer a Shakespeare também, a um personagem que Branagh já representou, Iago: “Put money in thy purse”. Embolse o dinheiro, Kenneth.



RODAPÉ
É um livro estranho, o novo de Don DeLillo, autor de Ruído Branco, Libra e Submundo, para citar meus preferidos. Não que isso seja ruim. Ponto Ômega mal chega a ter personagens, pois a convivência entre um documentarista, um especialista em guerra e sua filha é mais meditada do que narrada, partindo de uma instalação sobre Psicose, o filme de Hitchcock. Em alguns momentos a novela, por seu tom quase inerte e metafórico, lembra algumas das piores coisas de Paul Auster, mas DeLillo escreve melhor e nos conduz por aquele mundo meio pré-apocalíptico com categoria e sem páginas demais.
No entanto, eu queria que Elster falasse mais sobre: “Eu tinha uma mente esfomeada. Uma mente pura. Eu enchia cadernos com as minhas versões das filosofias todas. E agora, olha como estamos. Inventando narrativas folclóricas do final”. E sobre a necessidade contemporânea de chegar a uma “transformação sublime da mente e da alma ou a uma convulsão do mundo”. E frases como a que encerra o livro na página 102: “Às vezes bate um vento da chuva e arrasta os pássaros que se veem pela janela, pássaros espectrais que vagam na noite, mais estranhos que os sonhos”.



POR QUE NÃO ME UFANO (1)
Vamos supor que uma pessoa tenha objeções a construir um metrô naquele específico cruzamento da avenida Angélica por questões de custo ou logística, ou que levante a questão ainda não levantada de que há muitos bairros sem metrô em São Paulo e não faz muito sentido que um deles passe a ter duas estações no intervalo de 600 metros (o que só acontece em grandes entroncamentos como Sé e Vergueiro). Mas não foi isso que aconteceu.
O que ditou a rejeição de parte dos moradores de Higienópolis – nem se sabe se maioria, suspeito que não seja – foi o preconceito, a noção errada de que a estação atrairia camelôs e mendigos (“gente diferenciada”) e degradaria o bairro (como um dia disseram até do shopping). Ao contrário, seria uma valorização tremenda para quem vive ali perto. Um dos maiores problemas de São Paulo é o transporte público, mas a cultura do carro como status domina a cidade e atrapalha muito. Pelo visto, meu sonho de ir trabalhar de metrô não vai se realizar nunca, a não ser que eu mude de cidade.



POR QUE NÃO ME UFANO (2)

Ouço que um livro didático distribuído pelo governo a mais de 4 mil escolas, Por uma Vida Melhor, diz que construções como “Os livro estão emprestado” e “Os menino pega os peixe” podem ser consideradas corretas... Digamos que elas não deixam de comunicar seu sentido, no registro oral; afirmar que não estão erradas é outra coisa. Não vem de hoje esse populismo dos linguistas brasileiros, uma “zelite” sentada em gabinetes acadêmicos, mas parece que depois do governo Lula eles “está” mais à vontade que nunca.


disponível:http://www.danielpiza.com.br/index.asp: acesso em 17 de maio
PARA QUEM GOSTA DE LER, PENSAR E VIVER BEM












sábado, 7 de maio de 2011

O Dia das Mães no século 21


BRASIL ECONÔMICO (SP) • EMPRESAS • 5/5/2011
SELMA FELERICO
Coordenadora e professora da área de comunicação da pós-graduação da ESPM
Segunda principal data para o comércio brasileiro, atrás apenas do Natal, o Dia dasMães terá vendas que devem superar as do ano passado, na avaliação de59%dos varejistas, segundo pesquisa da Serasa Experian feita com961 executivos do setor em todo o país. A data carrega por meio da emoção um motivo para que todos encham o carrinho de compras: mãe, só tem uma . E este é o maior apelo das mensagens publicitárias vigentes entre a última quinzena de abril e a primeira demaio, seja emtelevisão, revistas, vitrines, sites e tambémoutras mídias, tradicionais e digitais. Todos são convocados a reverenciar as mães. É o momento de oferecer aos filhos consumidores e às próprias mães os saberes e os modos de viver bem: cuidar da casa, com móveis e artigos eletroeletrônicos; tratar da família, com convênios de saúde, tratamentos odontológicos e seguros; proporcionar lazer comviagens, passeios culturais e gastronômicos; comunicar-se com os familiares e amigos por meio das operadoras de telefonia e culminar coma conquista da beleza e juventude, que legitima o imaginário feminino e rege seus hábitos cotidianos e práticas de consumo, imperativo do século 21. Em consequência dessa preocupação padronizada e absorvida pelas mulheres de todas as classes sociais e faixas etárias,umleque variado de produtos e serviços, como cosméticos, aparelhos de ginástica, tratamentos estéticos, intervenções cirúrgicas, entre outros, veiculam na mídia. Ano após ano, cresce onúmero decampanhas publicitárias que enxergam na data a oportunidade de mostrar marcas estéticas e corretivas que reforçam a coerção emocional e social feminina. O culto ao corpo é umadas formas dehomenagear quemsempre cuidoudoindivíduo, que passa a ter a obrigação de presentear sua mãe, mesmo que seja de longe ou emsuas prestações. Acentua-se a presença de mulheres bonitas, jovens e magras em anúncios publicitários, sozinhas ou acompanhadas por seus filhos, sendo que a figura masculina representando o marido não tem sido encontrada com frequência. Assim, as modelos que representam as mães na mídia têm a aparência mais jovial e bem cuidada, confundindo os consumidores desavisados. Em consequência da eternização da juventude e do culto ao corpo, o Brasil é o terceiro maior mercado mundial de produtos de higiene pessoal, perfumaria e beleza comR$ 27,5 bilhões em2010, segundo o Euromonitor, atrás de EUA e Japão. A propaganda sinaliza tambémque os almoços festivos e calóricos foramsubstituídos por pratos decorados de folhas e carnes magras, contrária à famosa macarronada feita pela mama . Assim como os artigos de cozinha que tanto agradaram as mulheres do lar nas décadas de 1950 e 1960, foram substituídos por produtos alternativos nos anos de 1970; pelos Hi techs para a mãe com ombreira e cabelos esvoaçantes na década de 1980; assim como a mãe tecnológica e antenada do final do século 20 deu lugar amãe linda, leve e conectada do século 21.

Wagner Moura canta em campanha da Coca-Cola




Brasil Econômico (redacao@brasileconomico.com.br) 03/05/11 16:13

O ator Wagner Moura vai apresentar sua outra faceta artística, cantando pela primeira vez em uma homenagem às mães em uma campanha para a TV criada pela Coca-Cola para a data comemorativa.




À frente da banda "Sua Mãe", criada por Wagner e seus amigos exatamente para homenagear suas mães — as fotos delas estampam a capa do CD —, ele interpreta "Outra Vez", clássico imortalizado por Roberto Carlos.
O ator faz uma releitura da letra, com destaque para o refrão: "Mãe, você é essa Coca-Cola toda pra mim".
A campanha, dirigida por Andrucha Waddington e criada pela agência WMcCann, foi ao ar no dia 2 de maio na internet e chegou à televisão na quarta-feira (4/5).

http://www.brasileconomico.com.br/noticias/wagner-moura-canta-em-campanha-da-cocacola_101212.html

OMO Lança a ação mãe coruja, filho coruja no facebook

Dia das Mães


Omo lança a ação Mãe Coruja, Filho Coruja no Facebook

Brasil Econômico (redacao@brasileconomico.com.br)

06/05/11 16:31


A ação já está no ar na página da marca no Facebook e fica até o domingo (8/5)

Collapse

ComunidadePartilhe: .Mãe e filhos que desejam prestar uma homenagem no Dia das Mães podem participar da ação Mãe Coruja, Filho Coruja, criada pela marca de sabão em pó Omo para a data.
já está no ar na página da marca no Facebook e fica até o domingo (8/5).
Para participar, basta acessar www.facebook.com/omobrasil e incluir o selo ‘Mãe coruja' ou ‘Filho Coruja' em sua foto do perfil da rede social.
Além disso, os usuários podem postar mensagens, curiosidade, histórias e momentos marcantes que viveram com suas mães e filhos, como os pratos preferidos, as "pérolas" dos filhos, entre outros.

http://www.brasileconomico.com.br/noticias/omo-lanca-a-acao-mae-coruja-filho-coruja-no-facebook_101395.html

segunda-feira, 2 de maio de 2011

A morte não mata o discurso

02/05/2011 - 13h24



FOLHA DE SÃO PAULO



Interrompo por um dia as férias porque é inescapável falar da morte de Bin Laden. Da morte, nem tanto, que tudo ou quase tudo já foi dito, mas do "day after" ou dos muitos "days after".

Minha sensação inicial é igual à expressada por Ghassan Katib, porta-voz da Autoridade Palestina: "Livrar-se de Bin Laden é bom para a causa da paz mundial mas o que de fato conta é superar o discurso e os métodos violentos que foram criados e encorajados por Bin Laden e outros no mundo".
É óbvio que matar Bin Laden não mata nem o discurso nem o método, até porque a Al Qaeda, com o tempo, deixou de ser uma hierarquia altamente centralizada para se transformar em uma espécie de franquia de laços mais ou menos frouxos entre cada uma das, digamos, filiais.
Basta lembrar a lista, incompleta, de organizações que compartilham métodos e discurso fundamentalistas, compilada pelo Council on Foreign Relations: Jihad Islâmica Egípcia, Grupo Combatente Islâmico Líbio, Exército Islâmico de Aden (Iêmen), Jamaat al Tawhid wal Jihad (Iraque), Lashkar--Taiba e Jaish-e-Muhammad (Cachemira), Movimento Islâmico do Uzbequistão, Al Qaeda do Maghreb Islâmico e Grupo Armado Islâmico (Argélia), Grupo Abu Sayya (Malásia e Filipinas), e Jemaah Islamiya (sudeste asiático).
É ilusório supor que esses grupos deporão as armas porque mataram alguém que podia ter grande valor simbólico mas não era mais o principal executivo da franquia.
É ilustrativo lembrar que dois dos líderes da Al Qaeda no Iraque foram mortos, um em 2006, e o outro em 2009, sem que se possa dizer que o Iraque é um paraíso de paz.
Não é apenas no mundo árabe-muçulmano que há células terroristas, lembra para a BBC Ahmed Rashid, um dos grandes especialistas no assunto. "Hoje", diz ele, "cada país europeu tem uma célula da Al Qaeda", até porque "centenas de muçulmanos com passaporte europeu viajaram às áreas tribais do Paquistão para treinamento e retornaram à Europa".
Voltando pois ao ponto central levantado por Katib, o porta-voz palestino: como é que se desarma o discurso violento?
Um bom primeiro passo seria devolver ao mundo árabe condições dignas de vida, o que começa a ser feito pelos próprios árabes em alguns países como Egito e Tunísia. Pondo esperança no horizonte, corta-se o combustível para o fanatismo.
Mas para a geração já seduzida pelo discurso e pelo método violentos, não me parece haver jeito. Fanatismo não tem cura.

http://www1.folha.uol.com.br/colunas/clovisrossi/910094-a-morte-nao-mata-o-discurso.shtml ACESSO EM 2 DE MAIO

O Futebol Brasileiro precisa rever seus torcedores

O texto abaixo deve ser lido e refletido por todos que  gostam e  investem em futebol.  As duas ações ocorridas no final de ...