domingo, 26 de junho de 2011

Copia FIel



18/05/2011

Cópia Fiel



Em "A obra de arte na era de sua reprodutibilidade técnica" Walter Benjamin discute o valor da cópia de uma obra. Aliás, a discussão que serve de ponto de partida para o filme Cópia Fiel, do iraniano Abbas Kiarostami, é uma das bases da teoria da Pós-Modernidade onde a busca pela idéia original parece não existir mais, tudo é uma recriação de algo que já existe. Mas, como nem a teoria da Pós-Modernidade é completamente aceita, já está até ultrapassada em muitos pontos, a discussão de original e reprodução ainda rende muito pano para manga.



O mais interessante em Cópia Fiel é que essa discussão parece não ter muita importância, o que Kiarostami faz conosco é construir um exemplo perfeito do que é real ou imaginário, o que é original e apenas uma imitação. E não utiliza para isso obras de arte, mas uma situação de vida. Afinal, quem são Elle e James Miller? Dois estranhos brincando de interpretar? Um casal com quinze anos de convivência? Dois velhos conhecidos do acaso em uma época em Florença? Tudo o que temos é o que Kiarostami nos dá e tudo o que ele nos dá é uma palestra em uma cidadezinha de Toscana, um livro lançado, um bilhete e um passeio em um dia ensolarado onde pistas e revelações serão passadas nos detalhes.



É interessante perceber a condução do diretor roteirista que não quer que nos prendamos à discussão interminável que James Miller, interpretado por William Shimel, colocou em seu livro. Ele defende o valor da cópia, como os pós-modernistas, mas seu discurso de apresentação da obra fica completamente em segundo plano com a presença de Elle e seu filho na platéia. Não apenas pelo talento da atriz Juliette Binoche, que realmente brilha em cena, mas pela forma como sua câmera nos conduz a prestar muito mais atenção nela, na preocupação com o filho em pé no canto e nos cochichos com o organizador do evento do que no conteúdo do discurso do escritor. Não que o que ele diga não seja importante, ou possamos perceber. Mas, é quase uma dica do diretor para que não nos preocupemos tanto com isso, o que ele nos reserva é algo mais instigante. Não importa saber se a obra é ou não original, mas se nossa vida é uma reprodução de convenções já estabelecidas.



Fora da palestra, começamos a ter pistas de que nada é o que parece. Primeiro, James fica incomodado na loja de Elle, com tantas obras de arte, ele deveria se interessar, não? Depois, ela o leva a um museu onde um quadro venerado por anos como uma autêntica obra romana foi descoberta como reproduzida por um falsário napolitano, seria uma deixa para a comprovação da teoria do filósofo, mas ele não parece nem um pouco interessado naquilo. Em um momento posterior, quando Elle e James Miller estão no carro, ele tenta convencê-la de que sua teoria tem sentido através do exemplo da simplicidade da irmã da moça, Marie. A sensação se repete, os detalhes no carro se tornam mais atraentes aos nossos olhos. É o desconforto dele autografando os livros no colo, enquanto o carro anda. Os gestos de ambos, sempre em planos fechados. Ou, principalmente, o reflexo dos prédios e casas por onde passam no vidro do carro. Em determinado momento, o reflexo fica tão forte que cobre completamente os rostos de ambos, deixando apenas o centro do carro visível.



Esse jogo de reflexos por espelhos e janelas é bastante utilizado durante todo o filme, dando essa sensação de nunca estamos vendo o real, mas apenas seu reflexo em alguma superfície da vida. Interessante perceber também que eles sempre parecem olhar de fora. É na cena da foto, onde vemos por uma fresta da porta, ou na cena da praça, onde ele espera ao lado de espelho enquanto ela conversa com um casal e vemos através de seu reflexo essa conversa. Ou na cena do restaurante, onde ela vê tudo através do vidro. A vida está tão condicionadamente escondida pelos reflexos que, em determinado momento, James diz que por estarem discutindo estão perdendo a bela paisagem da Toscana. Só então, nosso olhar sai do carro e vemos a paisagem em uma câmera subjetiva. É um passeio bonito, um dos poucos momentos em que temos um plano mais aberto. E serve para o escritor completar a teoria com o exemplo das árvores no caminho.



Várias discussões filosóficas cercam o filme, é verdade, mas o principal de Cópia Fiel é nos fazer pensar através do exemplo. É um jogo onde não encontramos respostas prontas. Somos levados, assim como a vida, onde nunca sabemos o que é uma reação original ou apenas uma representação, a exemplo do sorriso da Monalisa que ele cita. Um belo filme, que rendeu a Palma de Ouro no Festival de Cannes de 2010 para a francesa Juliette Binoche.

disponiivel em http://www.cinepipocacult.com.br/2011/05/copia-fiel.html acesso em 26 de junho

Cópia Fiel dá um nó nas teorias de arte de Walter Benjamin



By: Dimas Tadeu



É com certo sobressalto e um pouco de desconfiança que Walter Benjamin observaria, abismado, sua obra ser invertida. Como quem não quer nada e com a serenidade que só o tempo tem, ele veria o cinema, a pura técnica de seu tempo, pura reprodução, o Ipad do fin de siècle, fazendo de Frankfurt, salsicha.



Talvez ele até se reconhecesse em James Miller (William Shimell), o estudioso de arte que lança um livro sobre o valor da cópia como possuidora de valor estético próprio. Afinal, na época de sua reprodutibilidade técnica, a obra de arte perdeu a aura, já anunciara Walter Benjamin. E, depois disso, o valor lhe é dado pelo olhar de quem observa, completaria James, todo trabalhado no estruturalismo. Até aí tudo bem. James e Benjamin poderiam dividir cerveja e teoria sem maiores discussões. Mas aí Elle (ela? Juliette Binoche, com certeza) entraria no meio da conversa. E bagunçaria tudo.





É preciso um pouco de alegoria e frescura para dar uma pequena ideia do riscado de “Cópia Fiel”, do Abbas Kiarostami. Quem conhece o diretor e seus planos-sequência (aqui temos um de 12 minutos!) sabe que não é muito de enredo que vive sua obra. Roteiro pressupõe “rota”. Espaço. E não é de espaço que o iraniano precisa para mandar seu recado. Aliás, nunca foi. Kiarostami precisa de tempo. É um obcecado pela captura do agora, do instante, do “gosto de cereja”, aquele momento em que a folha daquela árvore ali à direita balançou.



Ainda namorando o realismo cinematográfico (e o neo-realismo, que imprime ecos distantes de Pasolini ao filme), o diretor faz a profundidade de campo extrapolar a imagem. Faz a personagem falar do que está fora de quadro. E o que está fora do quadro se faz ouvir aqui, no que está enquadrado. Está tudo lá, na tela: uma cópia fiel.





E Benjamin ficaria satisfeito em ver o cinema, técnica por excelência, reproduzindo a obra de arte do real, da experiência, do tempo. Também é assim com James, que apenas tinha ido à Toscana para fazer uma palestra sobre seu livro. Mas James encontra Elle pelo caminho. Que o convida para um passeio por um pequeno vilarejo italiano enquanto contesta suas ideias, de forma cada vez mais incisiva. Os diálogos vão nos conduzindo ora pela história da arte, ora por questões banais, até que, de repente, Kiarsotami resolve contestar Benjamin (que, a rigor, nem faz parte dessa história).



Depois que a dona de um café dá conselhos a Elle, acreditando que James seja seu marido, os dois começam, sem prévio aviso, a representar os papeis de um casal que se reencontra depois de 15 anos. Está puxado o tapete. A cópia do real não é mais fiel. É tudo jogo de representação… E já não era?





Se estão fingindo? Que importa? São dois atores, não são? E muitos bons, por sinal, porque Juliette Binoche faturou o prêmio de melhor atriz em Cannes com esse papel. O que, vale dizer, não anula o fato de serem fingidores, daqueles que Fernando Pessoa bem gostava. São atores também Elle e James, imagem e semelhante de Binoche e Shimel. Uma pessoa que é uma outra, que é uma outra… Talvez não esteja tão longe assim do real. Mas se distancia bastante daqueles personagens do cinema clássico, cuidadosamente pensados para serem coerentes. Ou com incoerências cuidadosamente pensadas para fazê-los parecer mais humanos. Aqui não parece, apenas é: são dois atores.



E, nessa bagunça um pouco absurda, Kiarostami virou a mesa de Benjamin. É ali, naquele turning point contestatório em um café toscano, que o nosso dileto filósofo ficaria um tanto ressabiado e começaria a desconfiar do seu interlocutor iraniano – pura coincidência que Benjamin seja judeu. A “cópia fiel” não é reprodução técnica: é artística! E se a aura saiu da obra de arte, talvez tenha ido pairar justamente em torno de seu carrasco pego em flagrante: a técnica.
E aí, num golpe de mestre, o cinema, essa “máquina” de reproduzir (trazendo a reboque a televisão, o computador, os games e tudo o mais), se recria. Faz arte. Só através dele – e de seus copiosos tentáculos – se torna possível capturar aquela essência humana presente no filme, indescritível em palavras porque, justamente, depende da técnica cinematográfica para se fazer entender. De uma técnica diferente, surgida de uma anterior e que, em sua originalidade, é artística. “Cópia fiel” é isso: a técnica que se copia – se reproduz – através da arte. Por essa, Benjamin não esperava. Muito menos a história do cinema.

http://pipocamoderna.mtv.uol.com.br/?p=72735 ACESSO EM 26 DE JUNHO
OUTRA OPONIÃO. POR ISSO VALE A PENA VER O FILME

Copia Fiel com Juliette Binoche

Cópia autenticada. por Por Vlademir Lazo




No primeiro filme rodado fora de sua terra natal, o iraniano Abbas Kiarostami teve este Cópia Fiel saudado como um retorno a um cinema mais narrativo, em comparação ao que o diretor vem fazendo nos últimos anos. Pode ter mudado a moldura do seu cinema (paisagens européias, nenhum iraniano em cena, uma estrela mundialmente conhecida), representando uma bela porta de entrada para o espectador que até então nunca havia tido contato com o seu estilo, porém o diretor permanece o mesmo, tão grande e simples como sempre foi em sua filmografia.
Copia Fiel é o filme ocidental de Kiarostami, este iraniano cuja obra sempre ressoou de maneira tão universal, mas no fundo se trata de um prosseguimento aos experimentos que tem realizado na última década (Dez [Ten, 2002], Cinco [Five, 2004], Shirin [idem, 2008]). Se a condição em que o filme foi realizado pode ter gerado certa confusão antes do seu lançamento, na tela Kiarostami prossegue um autor sempre disposto a nos desconcertar. E o que é um filme em torno de discussões sobre cópia e originalidade na arte e na vida pode se transformar depois em um dos grandes filmes sobre casais.
Kiarostami gosta de filmar itinerários. O passeio do casal e a sua interação em cena fizeram com que desde as suas primeiras exibições em Cannes os críticos invocassem Antes do Pôr do Sol (Before Sunset, 2004), de Richard Linklater, acerca das conversas dentro do carro (num recurso estético proveniente de um procedimento comum em Kiarostami, o dos efeitos obtidos através de personagens conversando ou simplesmente guiando um automóvel) e das caminhadas entre as estradas e as ruas pela região da Toscana, além de visitas a museus e restaurantes. James Miller (William Shimell) não terá muito tempo na Itália antes de voltar para a Inglaterra, mas viaja pelas proximidades do local em uma tarde com Elle (Juliette Binoche), uma francesa que reside no país com seu filho, após a conferência proferida pelo escritor sobre o seu novo livro, que discute conceitos de originalidades, as noções de falso e autêntico que sempre existiram, e de que com o conceito de originalidade vem a necessidade de autenticidade, de uma identidade cultural. Em sua palestra, e mais adiante no trajeto percorrido com a mulher, o escritor declara que cópias são importantes, porque reconduzem ao original, e dessa forma atestam o seu valor. Mas deixa claro que essa abordagem não se dá somente em arte, mas se estende ao comportamento humano.
chega a ser uma discussão nova no cinema (mas há algo nesse mundo que ainda seja novo ou tudo está por ser reescrito ou refeito?). A questão permeia, por exemplo, a carreira inteira de Orson Welles, especialmente em seu filme final e testamento, Verdades e Mentiras (F for Fake, 1974), onde tomando como exemplo uma pintura, questiona sobre qual a distinção entre o pintor verdadeiro e o falsário, para responder: “nenhuma”, desde que a falsificação seja boa, concluindo que um falsário de talento é um artista tão verdadeiro quanto o original. O crítico Inácio Araújo, em um texto antigo sobre Welles, completa dizendo que o cineasta era “alguém que tomava a farsa como questão e a arte como uma espécie de farsa”. O que nos é dado a ver em Cópia Fiel não é outra coisa senão essa crença revelada em cada gesto, cada movimento, em todas as nuances e nas excelentes atuações dos atores centrais, tão naturais e à vontade em cena, como numa empatia e autenticidade feitas sem a consciência de que havia uma câmera filmando-os, com Kiarostami conseguindo, quase como num milagre, fazer-se oculto quando, no entanto, sabemos que sua mão está ali, o tempo todo, numa assinatura tão maior quanto for sua discrição, ou sua aparência de invisibilidade.
A entrada de elementos externos que redirecionam a trama dará lugar à materialização dos conceitos debatidos no começo do filme (daqui em diante ocorrem spoilers no texto, então recomendo que os leitores que não viram o filme e se incomodam em saber de antemão muito sobre o mesmo não sigam em frente). James e Elle estão num local antes deserto, mas que de repente se torna repleto de gente. Passando por um café, encontram outro casal que o tomam como marido e mulher, e passam a encenar uma série de variações de relações conjugais, alterando a percepção que o espectador carregava até então sobre os personagens. Não uma reviravolta em cima de um segredo, de truques e trapaças, no intuito de surpreender o público, como em algum suspense hollywoodiano, mas sim um mistério que se esconde e impede sua revelação, e também a vontade de problematizar o filme por inteiro em volta da transformação de uma mentira em uma verdade na tela.
Assim, o filme vai desenhando e apresentando diante de nossos olhos sua própria estrutura. Ao recapitularmos mentalmente o que víamos até então, ou mesmo revendo-o mais tarde (e Cópia Fiel é um filme que pede que se retorne a ele mais vezes), se torna mais sugestivo que James e Elle podem sim ser um casal de verdade cuja distância amorosa que mantinham um do outro impedia o público de enxergar ali um relacionamento. Os atores hesitam, tremem, se tornam nervosos, se intimidam, tudo contribui para levar ao extremo da intensidade dramática e conceitual a proposta do filme, ameaçando os limites entre a verdade suposta do fingimento e a simulação de verdades escondidas. Quanto mais emocionante Cópia Fiel se torna mais exato o seu jogo conceitual se revela.
Cópia Fiel se torna puro melodrama e já não importa se os personagens de Juliette Binoche e seu parceiro em cena fingem ou não ser um casal; o que de uma forma ou outra enxergamos ali é a crise entre um homem e uma mulher expressa com grande vigor na tela, e o material humano se tornando o eixo dramático do filme. Trata-se de (mais) uma obra singular de Abbas Kiarostami. É como se depois de duas décadas de seus filmes serem descobertos na Europa, quando então passou a ser comparado a Roberto Rosellini, o cineasta finalmente realizasse o seu Viagem à Itália (Viaggio in Italia, 1954). E faz uma cópia fiel de si mesmo (do seu cinema), evoca outros mestres, e por fim, irrompe belo e original.

disponivel em http://www.cineplayers.com/critica.php?id=2130 acesso em 26 de junho
VEJA, ASSISTA, COPIE, REFLITA
VALE A PENA



quarta-feira, 22 de junho de 2011

Meia Noite em Paris PARABENS W. ALLEN

Meia Noite em Paris


17.06.2011

Thais Nepomuceno Compartilhar



Em 2005, as produções de Woody Allen migraram para a Europa. De lá pra cá, seus longas deixaram a cinzenta Nova York, a exceção de Tudo Pode Dar Certo, os últimos filmes do diretor são todos com sotaque. Londres foi a primeira cidade presenteada, com Match Point; sendo sucedida pela comédia romântica Scoop, depois Sonho de Cassandra e depois com outra comédia romântica Você Vai Conhecer o Homem dos Seus Sonhos. Já Barcelona, teve Vicky Cristina Barcelona (que rendeu a Penélope Cruz o Oscar de Melhor Atriz Coadjuvante). Essas cartas de amor às cidades européias reforçam o olhar esquizofrênico que o cineasta tem delas.
Paris já foi contemplada com uma carta apaixonada através de Todos Dizem Eu Te Amo; que além de homenagear a cidade mais romântica da Europa, fazia reverenciava aos grandes musicais. Mas agora, a Paris apaixonada e musicada dá lugar a uma intelectualizada. Em Meia Noite em Paris, Woody volta ao seu gosto nonsense e presenteia os espectadores com possíveis encontros entre os grandes artistas da história da literatura, artes plásticas e da música; em plena Paris da década de 20.



Na trama, o jovem casal Inez (Rachel McAdams) e Gil (Owen Wilson) visitam a cidade; ele um escritor de roteiros de filmes pipoca, cansado de escrever para Hollywood e ingressado numa jornada em um romance; já ela é prática e quer colher os frutos de ter um futuro marido com estabilidade financeira. Owen é o alter ego da vez. A musa é Paris, que inspira não apenas o cineasta, como seu personagem. Owen parece que sempre fez filmes de Woody Allen, e que sempre gaguejou, que sempre foi niilista e neurótico. E que é um escritor apaixonado pelos artistas da década de 20.



Já a cidade, parece mais romântica ainda. O longa gira em torno da relação de Gil com Paris, todos os dias à meia noite, ele volta à sua verdadeira Idade do Ouro, a década de 20; e tem encontros fantásticos com Ernest Heminghay, Zelda e Scott Ftizgerald, Pablo Picasso, Gertrude Stein, Cole Porter, Henri Matisse e Luis Buñel. Mas é com Salvador Dalí (Adrien Brody) que ele tem o diálogo mais divertido de toda a trama, onde o tema central são rinocerontes. Brody é outro que incorporou o mestre do surrealismo e mostro sua verdadeira veia cômica.



O nonsense toma conta dos diálogos e as referências vem nas conversas, com citações à Miró e Mark Twain (entre muitos outros). Os apaixonados por arte é uma deliciosa comédia. Se em Você Vai conhecer o Homem dos Seus Sonhos, Allen parafraseava Shakespeare, afirmando que “a vida é cheia de som e fúria, contada por um louco e no final não significa nada”; onde mostra confusões amorosas de uma família; aqui em Paris, ele mostra o quanto as pessoas são nostálgicas e saudosistas a ponto de vangloriar épocas passadas.







Como nosso protagonista Gil, que em seu retorno, encanta-se por Adriana (fetiche de Mondigliani e Picasso); que por sua vez, tem como sua Idade de Ouro a Belle Époque; onde encontra Degas e Gauguin (que acreditam que a Renascença seja a Idade de Ouro). Revelando a eterna insatisfação do ser humano com o presente e que sempre haverá a Idade de Ouro, mesmo que estejamos vivendo nela.



Meia Noite em Paris revela um Woody mais divertido, menos preocupado, mais despretensioso, muito nonsense e com um alter ego que fala diretamente da boca de seu criador. Mais uma visão esquizofrênica e divertida do cineasta para a Europa.
DISPONIVEL: http://www.cinepop.com.br/criticas/meia-noite-em-paris_101.htm


UM ELOGIO AOS ESCRITORES, PINTORES E ARTISTAS DOS ANOS 30.... QUE COMPLETAM A SOLIDÃO DE UM INDIVÍDUO CONTEMPORÂNEO. pARABENS wOOD aLLEN, MAIS UMA VEZ ME FEZ SAIR FELIZ DO CINEMA




Crítica - O Homem ao Lado



















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Crítica - O Homem ao Lado
17 de maio de 2011







Que atire a primeira pedra aquele que, se não chegou às vias de uma briga verdadeira, já não teve ao menos uma porção do mais intrínseco e puro ódio por um vizinho. Coexistir em um mesmo espaço nunca foi uma tarefa propriamente fácil para os seres humanos, e vivendo em realidades urbanas cada vez mais apertadas, se entender com o "outro" é uma necessidade essencial para uma vida com mais qualidade. E não é exatamente pacífica a convivência dos vizinhos argentinos de O Homem ao Lado. Leonardo é um designer e professor que se tornou mundialmente conhecido pela criação de uma cadeira várias vezes premiada, e que agora vive de sua fama, com sua esposa e filha, em uma famosa casa de Buenos Aires. A casa, em que se passa toda a história, é a única em toda a América Latina assinada pelo mestre do modernismo Le Corbusier, e representa todo um ideal de habitação funcional e estética clean.





O conflito começa quando o vizinho de parede de Leonardo, Victor, começa a abrir uma janela que dá diretamente para a casa do professor, e de onde se tem um ponto de vista privilegiado do interior da casa – já que a habitação é caracterizada por grandes janelas, vidros e passagens de luz. Assim surge o primeiro contraste do filme, pois a necessidade de Victor pela janela é justamente capturar alguns raios de sol para sua casa escura, mas se sentindo terrivelmente invadido, Leonardo é inflexível com a carência de seu vizinho.




Mas o enfrentamento franco e a sinceridade não são propriamente as maneiras de Leonardo lutar contra seu invasor, que é um brutamontes até simpático, mas intimidador e sem meias palavras. Victor é um tipo de gostos caricaturalmente kitsch, anda em seu furgão preto – com uma discoteca interna – bebe mate em uma caneca de pé de bode, e inventa seus próprios utensílios domésticos. Leonardo segue se escondendo atrás de sua fama e suposta superioridade, ao passo que Victor usa sua franqueza e tenta alcançar a amizade de Leonardo para apaziaguar o conflito.


O ponto fundamental de O Homem Ao Lado é a simultânea crítica/homenagem feita pelos diretores ao design e arquitetura em geral. Ao longo de todo o filme a casa de Le Corbusier (a história da casa é real) é valorizada pela fotografia e direção de arte, mostrando ricamente seus detalhes, mas muitas vezes a figura de Victor aparece como um tapa na cara, questionando a noção de superioridade prática e beleza estética do "alto" design. Faltou dizer que toda essa briga e contraste são – antes que se pense o contrário – uma gostosa comédia de cotidiano, com detalhes cheios de significado espalhados por todo o filme. A obra é parada obrigatória para designers, arquitetos e simpatizantes, e deve render boas conversas depois da exibição.



http://www.cinemanarede.com/2011/05/critica-o-homem-ao-lado.html

Por: Lucas Siqueira Cesar
um filme que reflete a sociedade contemporânea, seus modismos, suas intolerâncias, suas diferenças

O HOMEM DO LADO


Há filmes que provocam impacto, mas, uma hora depois, a gente é incapaz de lembrar do que viu: não marcam.

Há outros que não impressionam na hora. Mas, depois, as imagens não saem da cabeça. O filme cresce. É esse o caso, comigo, do filme argentino “O Homem ao Lado”.
Fui revê-lo no fim de semana e confirmei a boa impressão. Não é um filme perfeito. Mas é essa coisa que vem se tornando rara: é intrigante. Termina a sessão, você vê todo mundo conversando, trocando idéias…
A trama é mínima. Leonardo é um designer de sucesso internacional. Vive em La Plata numa casa desenhada por Le Corbusier (um personagem assegura, no filme, que é a única dele na América; alguém cá fora sustenta que existe outra no Chile). Uma casa magnífica, claro.
Esse homem se crê acima do mundo, ou antes, livre dos importunos que o mundo pode causar a nós, mortais. Mas eis que seu vizinho, um tipo grosseiro chamado Victor, decide abrir uma janela bem para a tal casa.
O incidente se torna motivo de mortificação para Leonardo.A mulher (uma chata, na verdade) o pressiona. Ele tem de abandonar seu casulo de proteção e se relacionar com o homem ao lado. Exigir que tape a janela, etc.O filme é o questionamento de Leonardo, mas não o promove pela psicologia, pelo drama. Isso vem, em parte, pela comédia (a cena em que Leonardo e o amigo pedante escutam música é das melhores).
Vem também por certos procedimentos formais: a hiper-estetização da casa, por um lado, e por outro a desconexão entre os ambientes da casa (nunca chegamos a formar uma idéia de conjunto) são dos mais marcantes.



Um filme que lembra um tanto o trabalho de Anna Muylaert aqui no Brasil, inclusive pelo humor e pela forma indireta de abordar o aspecto social da história (que não é o único, longe disso).



Mas não deixa de lembrar “O Invasor” do Beto Brant, embora neste o terror não esteja ao lado, e sim venha da periferia (nesse sentido, a solução do filme argentino me parece mais intrigante).



por Inácio Araújo às 21:45
http://inacio-a.blogosfera.uol.com.br/2011/05/25/o-homem-ao-lado/

domingo, 19 de junho de 2011

terça-feira, 7 de junho de 2011

SE BEBER NÃO CASE 2 POR ARNALDO JABOR

Por Arnaldo Jabor




Hoje,segunda-feira, o assunto é cultura.Ou melhor, incultura.O assunto é cinema.Ou melhor,o anticinema.O assunto é o filme "Se beber não case número 2", que está em cartaz no Brasil e está fazendo sucesso.Salas cheias e sucesso nos Estados Unidos também.Uma das maiores bilheterias.



Vamos direto ao assunto.Esse filme é um lixo.É um atentado a um bom gosto,ao mínimo de descência artística ou de espetáculo, e enche as salas do Brasil e dos Estados Unidos.Eu falo especialmente desse filme porque acho que ele já é uma revolução, é uma mudança para pior das porcarias que estavam sendo feitas.Houve um salto de desqualificação do cinema ultimamente.Esse filme,"Se Beber Não Case", denota essa nova fase do cinema americano, que provoca uma mudança terrível também no cinema mundial.



Esse filme é um sintoma de um caso grave.Existe um processo em curso deliberado pelos produtores de cinema americano para imbecilizar cada vez mais as platéias, de modo que o faturamento seja maior possível com piores produções, piores roteiros sem qualidade alguma, com atores de "quinta".Em suma, a tese é:com nada,ganhar muito.Ou gastam muitos milhões em filmecos de 3D ou gastam muitos milhões com efeitos especiais delirantes, ou então sustentam esses vícios batizados de comédia romântica.



E as platéias estão muito obedientes ao marketing, engolem qualquer porcaria com risadas bossais, com absoluta ausência de criticismo.A única finalidade desses filmes é impedir o pensamento.Aliás, o sujeito vai para o cinema para não pensar, como se tomasse uma droga para passar duas horas abestalhado,onge do mundo real, que vamos combinar também não está para peixe.



Mas o que impressiona muito é que os filmes chamados comerciais, de antigamente, tinham uma dignidade."Cantando na chuva", por exemplo, que é um dos maiores filmes feitos no cinema, era somente para ganhar uma grana. Mas Akton Freed era um produtor genial como foram tantos outros daquela época.Os produtores queriam encher o bolso, claro, mas ainda tinham amor ao cinema,algum amor a arte, a qualidade.



Agora não, agora não existe nem mais diretor para eles, que virou uma espécie de guarda de trânsito de atores:"vem pra cá...vai pra lá...".Os produtores decidem o lixo que querem e o público vai perdendo os parâmetros e aí que mora o perigo. Quanto mais o público aceita as porcarias, mais porcaria é feita. "Oba, se eles gostaram disso, melhor ainda, vamos até gastar menos e piorar.Eles comem qualquer coisa".



A passividade do público aumenta a bossalidade dos filmes.E me impressiona também que os analistas de cultura e cinema no Brasil não denunciam esse atentado a pudor dos nossos olhos. Não. Agora tudo é legal, tudo bem.



Amigo ouvinte, não veja esse filme.Mesmo se beber
http://mundonacabeca.blogspot.com/2011/06/se-beber-nao-case-2-e-um-atentado-ao_06.html
 
OBRIGADA POR SUA BELISSIMA REFLEXÃO

O Futebol Brasileiro precisa rever seus torcedores

O texto abaixo deve ser lido e refletido por todos que  gostam e  investem em futebol.  As duas ações ocorridas no final de ...