sexta-feira, 17 de março de 2017

Como Varginha recebeu o goleiro Bruno?

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Como Varginha recebeu o goleiro Bruno? O UOL Esporte conta
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Gustavo Franceschini
Do UOL, em São Paulo
1,
Em um intervalo de horas, a cidade do famoso ET virou manchete nacional: Bruno, condenado pelo assassinato cruel da ex-amante, estava chegando ao time da cidade. Varginha e seus 130 mil habitantes se dividiram, polemizaram e receberam o goleiro e a imprensa de forma heterogênea. Após dois dias na cidade, é isso que o UOL Esporte tenta mostrar a seguir:

Ressocialização x Impunidade

O debate na vida real de Varginha é o mesmo que se trava nas redes sociais. Pode Bruno, condenado a mais de 22 anos de prisão pelo assassinato de Eliza Samudio, voltar a jogar em um time de Série B? Com visibilidade e impacto social sem nem ter cumprido um terço da pena que lhe foi importa?
"Ele tinha de estar cumprindo a pena dele. Não vai ser um bom exemplo para a cidade também. Varginha tinha de procurar coisa melhor. Ele não se demonstra nem arrependido. Para a pessoa estar ressocializando tem de demonstrar pelo menos arrependimento", disse Rosemeire de Fátima, funcionária pública. Embora tenha sido condenado por um júri popular, o goleiro recorreu da decisão e o STF entendeu que ele deve aguardar a apreciação da apelação em liberdade.
Quem diz que sim argumenta que se a Justiça liberou Bruno, por que ele não poderia exercer sua profissão? "Todo mundo merece uma segunda chance" parece ser o grito uníssono dos que não veem em Bruno uma ameaça ou problema. "A gente não tem condição de julgar. O juiz liberou ele. Se ele ficar à toa talvez até volte a cometer outros crimes. Ele tem de trabalhar, ganhar dinheiro. Os torcedores do Boa são todos a favor", disse Itamar Estevão, aposentado.

Quero minha selfie com um famoso

Bruno, seu estafe e os dirigentes do Boa tentaram, desde o começo da semana, ignorar o caso de Eliza Samudio. Fugiram de perguntas sobre o processo e se esforçaram em apresentar o goleiro como um jogador qualquer que volta aos gramados após um período de inatividade – quase sete anos de prisão, no caso.
Quem se aproximou do Boa na condição de fã ajudou a corroborar a visão. Em todos os treinos de Bruno no estádio Rubro-Negro, CT do clube, cerca de 15 fãs compareceram para tietar. Os grupos variavam entre aqueles que de fato defendiam o goleiro e quem só queria um registro com um famoso.
"Tira um selfie comigo, Bruno?", era a frase repetida por famílias completas, com mulheres e crianças. Adolescentes tentavam espiar os treinos físicos de Bruno, senhoras de idade davam abraços como se confraternizassem com um netinho e homens adultos, não raro flamenguistas que já idolatraram o goleiro, falavam de como ele voltaria a se destacar no futebol.

Maioria contra? Pode ser, mas silenciosa

Fora da área de influência direta do Boa, era mais fácil encontrar quem visse na contratação de Bruno uma novidade absurda. No centro da cidade, as opiniões de indignação eram até mais comuns que as de apoio.
"Toda pessoa que você fala acha um absurdo. Onde está a coitada da Elisa? O Boa é sem vergonha", disse Ivone Borges, do lar. "Com certeza [a cidade] está contra. Está contra porque o crime que ele fez não foi matar um pernilongo. Ele matou a menina, não falou nada, não pagou pelo que ele fez", disse o vigilante Alex Dias.
O problema é que quem torceu o nariz, não raro o fez em silêncio. A suposta minoria que apoiou Bruno se aproximou do goleiro, encontrou a imprensa que foi até Varginha especialmente por conta do caso e ganhou mais espaço. "Ninguém aguenta ver mais a minha cara na TV', disse Elizabete Batista, aposentada que fez questão de aparecer em seguidas entrevistas defendendo, sorridente, a chegada de Bruno ao Boa.

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