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-gera-polemica-sobre-merchandising-das-forcas-armadas,10000070845
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Para bancos e empresas,
Exército achou solução para impedimento
de exposição de marcas
Leonencio Nossa e Mariana Durão
20 Agosto 2016 | 06h18
O gesto de atletas financiados pelo Ministério da Defesa de prestar continência nos pódios da Olimpíada tem deixado irritados representantes do setor de marketing de bancos e empresas. Liberado pelo Comitê Olímpico Internacional (COI), em dívida com as Forças Armadas pelo apoio na Rio-2016, a atitude de erguer a mão na testa, mantendo o corpo em posição de sentido, é considerada merchandising explícito em um evento que impede a ostentação de marcas.
Na madrugada de ontem, o Centro de Comunicação Social da Marinha, em Brasília, disparou nota para ressaltar que a dupla de sargentos Alison Cerutti e Bruno Schmidt tinha conquistado medalha de ouro no vôlei de praia. Pouco antes, no pódio, Alison prestou continência de forma rápida em meio à euforia da torcida. Ele e o companheiro de esporte recebem R$ 3.200 cada por mês desde que foram “alistados”, há três anos, pelo Programa de Alto Rendimento de Atletas da pasta da Defesa.
Alison não pode evidenciar as marcas de outros patrocinadores, como Banco do Brasil, Embratel, Oakley e Red Bull. “Vou sugerir à nossa equipe que divulgue um release para enaltecer conquistas dos nossos ‘bancários’”, disse, em tom de ironia, um representante do marketing esportivo do Banco do Brasil, que patrocina boa parte do vôlei e do vôlei de praia no País.
Em entrevista ao Estado, Alison não teve meias palavras para falar do patrocínio. “Eu e o Bruno somos terceiros sargentos da Marinha. Eu sou milico. Então, presto continência, o COI aceitando ou não”, afirmou. “Esse é meu papel, represento o meu País, visto a minha bandeira e sou um bravo zulu”, completou. “Pertenço a isso e nunca vou esconder.” Alison virou “milico” depois de levar a prata em Londres-2012 em parceria com Emanuel.
A postura de Alison foi a mesma de outros atletas militares, como Felipe Wu (prata no tiro esportivo), Arthur Nory (bronze na ginástica artística), Rafael Silva (bronze no judô), Arthur Zanetti (prata na ginástica), Thiago Braz (ouro no salto com vara) e Kahena Kunze e Martine Grael (ouro na vela). As judocas Rafaela Silva e Mayra Aguiar (ouro e bronze) foram as únicas patrocinadas pelas Forças Armadas que não bateram continência, um gesto facultativo. Rafaela chegou a confidenciar que teve medo de perder a medalha.
Zanetti, campeão olímpico em argolas em Londres-2012, tornou-se sargento a um mês dos Jogos do Rio. O técnico dele, Marcos Goto, reagiu à decisão de Zanetti de prestar continência: “Quem dá treino para os atletas sou eu, não os militares”. Dos 465 atletas da delegação brasileira nesta Olimpíada, 165 recebem o patrocínio do Ministério da Defesa.
O boxeador baiano Robson Conceição afirmou que só recebeu medalha de ouro por ser do quadro da Marinha. “Em certo momento eu estive afastado da Confederação Brasileira de Boxe e foi a Marinha quem me deu apoio. Minha continência sempre será prestada”, disse. Para Felipe Wu, medalhista na categoria pistola de ar de 10 metros, virar sargento do Exército garantiu a acesso a armas de precisão e restritas às Forças Armadas.
A tacada de marketing dos militares, considerada simples e genial na área de patrocínio esportivo, teve origem na preparação para os Jogos Mundiais Militares, no Rio, em 2011. A cúpula da Aeronáutica, Exército e Marinha decidiu alistar atletas de melhores rendimentos para competir. Os atletas fizeram seu papel, com muita continência no pódio. O patrocínio pode se prolongar por oito anos.
Enquanto o governo busca afinar um discurso para explicar o não cumprimento da meta de o Brasil ficar entre os dez primeiros no ranking de medalhas, o ministro da Defesa, Raul Jungmann, anunciou para hoje coletiva na Ilha das Cobras para comemorar as 13 medalhas dos militares. A Ilha das Cobras é ocupada por instalações da Marinha.
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