terça-feira, 10 de janeiro de 2017

A Copa que a Fifa quer não é a Copa que o Mundo deseja

O presidente da Fifa, Gianni Infantino, fala durante Conferência Internacional dos Esportes, em Dubai (Foto: STRINGER / AFP)

O presidente da Fifa, Gianni Infantino, fala durante Conferência Internacional dos Esportes, em Dubai (Foto: STRINGER / AFP)
O presidente da Fifa, Gianni Infantino, fala durante Conferência Internacional dos Esportes, em Dubai (Foto: STRINGER / AFP)

A Copa do Mundo vai mudar a partir de 2026. É o que mostra a reportagem do jornalista Martín Fernandez, no site Globo Esporte, com informações sobre a discussão sobre o novo formato. A proposta deve ser votada na reunião do Conselho Fifa, que acontece na próxima semana, na Suíça.

De forma geral, a maior alteração seria no número de participantes – de 32 seleções para 40 ou 48. Só a América do Sul, por exemplo, teria seis vagas diretas, mais uma em potencial via repescagem. A ideia é encampada há um bom tempo pelo presidente da Fifa, Gianni Infantino, que justifica a mudança pelo “papel da entidade em desenvolver o futebol no mundo”.

Mas há muito mais por trás desta campanha. Segundo informações do também jornalista Jamil Chade, um Mundial com 48 seleções poderia gerar, segundo estimativa da própria Fifa, uma renda de US$ 6,5 bilhões – valor 25% superior à Copa do Brasil, a mais lucrativa de todos os tempos.

O temor é óbvio. Uma Copa do Mundo “inchada” provavelmente resultaria em uma competição com nível técnico mais baixo. Se as Eliminatórias Sul-Americanas terminassem hoje, o Paraguai, com 15 pontos e mais derrotas do que vitórias, poderia beliscar uma vaga via repescagem. Não parece ser o melhor critério de seleção para o evento esportivo mais importante e valioso do mundo.

Serão discutidas também as alternativas para reunir tantas seleções dentro do mesmo calendário previsto atualmente. Uma delas prevê uma fase preliminar, em formato mata-mata, entre 32 seleções, com os países classificados se juntando aos outros 16 já garantidos na fase de grupos. Há também a possibilidade de incluir mais de um país como sede do Mundial, algo que aconteceu apenas uma vez na história (Japão e Coreia do Sul – 2002).

O discurso democrático da Fifa não condiz com a qualidade que se espera da Copa do Mundo. De um lado, Infantino sofrerá a grande resistência das federações europeias, que já se manifestaram contrárias á mudança; do outro, a pressão dos países asiáticos e africanos, de onde veio boa parte do apoio nas eleições de 2016. Votos garantidos com a promessa de novas vagas na Copa? A cartilha de João Havelange à frente da Fifa parece ter encontrado um novo dono.

TAGS Copa do Mundo, Fifa, Gianni Infantino
texto de

​​​Fabio Chiorino
É jornalista e pós-graduado em Comunicação. Começou sua carreira na Agência Folha, em 2000, e atuou por nove anos em agências de comunicação. Desde 2014, é editor na ESPN Brasil. Coautor do livro “Esporte Fino – O Esporte Além dos Resultados” e um dos redatores do livro “Palmeiras – 100 anos de Academia”, assinado pelo jornalista Mauro Beting.
 fale2pontos@gmail.com

fonte: http://blogs.lance.com.br/2pontos/2017/01/03/copa-do-mundo-fifa-48-selecoes/


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