segunda-feira, 17 de janeiro de 2011

Caderno Alias. Parabens pelo texto sobre o Ronaldinho

Pagode desafinado

Ronaldinho foi para o Flamengo, mas quem deu o tom da semana foi seu irmão e empresário, Assis

Domingo 16  de Janeiro de 2011, 11h49 - por Ivan Marsiglia

Se a propaganda é a alma do negócio, convém não vendê-la ao diabo. Para muita gente, foi o que aconteceu na transação milionária que trouxe Ronaldinho Gaúcho, 30 anos, de volta ao futebol brasileiro. A despeito de todas as ironias dos comentaristas esportivos sobre o "ex-melhor do mundo" e de seus malabarismos fora de campo, o que só poderia surgir como boa notícia para os fãs da bola no Brasil transformou-se numa
Assis, o primogênito, e Ronaldinho, o caçula


novela de irritar qualquer espectador. E o personagem central, e candidato a vilão, foi o empresário e irmão mais velho do craque, Roberto de Assis Moreira.

Martelo batido depois de um esganiçado leilão que envolveu o Grêmio, o Palmeiras, o Corinthians e o Flamengo, na quarta-feira Ronaldinho apresentou enfim suas chuteiras à Gávea - numa festa acompanhada por 20 mil torcedores rubro-negros que deixou no chinelo as recepções a Ronaldo, no Corinthians, e Robinho, no Santos. "Agora sou Mengão", gritou o craque, tentando espantar o anticlímax que ficou, após as conversas desafinadas conduzidas pelo irmão-empresário com clubes brasileiros.
"Quem não cumpriu a palavra foi o Assis", fustigou Luiz Felipe Scolari, técnico do preterido alviverde: "Ligaram para mim dizendo que estava fechado. Falei para o meu filho a notícia. Mas, no mesmo dia à noite, Assis já estava em um encontro com a diretoria do Flamengo." No Grêmio, time já magoado pela tumultuada saída, em 2001, de sua jovem promessa de dentes tortos para o Paris Saint-Germain, a bronca foi ainda maior. Depois de também dar a contratação do craque como certa, o clube teve de engolir uma segunda decepção. A ponto de um deputado estadual gremista protocolar, na Assembleia Legislativa de Porto Alegre, um documento que declara os dois irmãos personae non gratae no Rio Grande do Sul. Até o rei Pelé entrou de sola, opinando que Ronaldinho, "com a vida feita", deveria ter optado por jogar de graça em seu clube de origem.
Graça, diga-se, é o que menos se tem visto, tanto no futebol do caçula como na gestão de sua carreira pelo primogênito. Aos 40 anos, Assis - que também foi jogador revelado pelo Grêmio com uma carreira internacional de relativo sucesso no FC Sion da Suíça e no Sporting CP de Portugal - aparentemente zela mais pelos contratos que pelo comprometimento do irmão com o nobre esporte bretão. Diante das críticas de todos os lados, atribuiu ao Milan a palavra final no acordo pelo qual Ronaldinho deverá receber R$ 72 milhões nos próximos quatro anos, e preferiu não falar do assunto com o Aliás.
A confiança de Ronaldinho em relação ao irmão se explica em parte pelo papel que ele assumiu na vida do craque após a morte trágica do pai em um acidente, quando Ronaldinho tinha apenas 8 anos. A essa altura, o menino já revelava lampejos de genialidade na escolinha do Grêmio - de onde, aos 17, passaria aos profissionais. E Assis foi aos poucos abandonando sua carreira futebolística já na descendente para entrar em campo como manager do craque.
O mundo gira e a bola também. Hoje, é ele quem conduz a bola nas diversas empresas da família, reunidas sobre o pomposo chapéu "Assis Moreira Group" - que incluem, entre outras, o time do Porto Alegre FC, a agência de marketing Planet Sports & Entertainment e a ONG Instituto Ronaldinho Gaúcho. A última envolveu-se recentemente em uma polêmica com a prefeitura de Porto Alegre, que rescindiu o contrato que mantinham desde 2007. "A proposta ficou muito além daquilo que poderíamos pagar", justificou a secretária municipal de Educação, Cleci Jurach: "Em 2010, pagamos R$ 1,4 milhão. O pedido da família Assis elevaria o valor em 160%, chegando a R$ 3,7 milhões". Isso para dar assistência ao mesmo número de crianças carentes do ano anterior: 700.
Feliz ou infelizmente a redenção, no bilionário mercado do futebol de nossos dias, continua onde sempre esteve: dentro dos gramados. Se Ronaldinho jogar parte do que sabe no Flamengo, poderá enterrar toda essa controvérsia e carimbar seu passaporte de volta à seleção brasileira na Copa de 2014 - para, quem sabe, ainda encerrar a carreira em grande estilo no futebol europeu. Então, alguém poderá dizer que a parceria com o irmão Assis, enfim, acertou o passo

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