Sim, o tema é polêmico, até porque a opinião vai na contramão do que a maioria vaticina. Mas o futebol, nos Estados Unidos, não será muito maior do que é hoje. E o motivo é um só. Grana.
Ok, há um crescimento da MLS. Mas muito mais pelos lados de cá, turbinado pela criação do Orlando City com um dono brasileiro, do que realmente dentro do mercado americano. Ainda não há a criação de uma cultura do “soccer'' forte o suficiente para fazer com que ele se transforme em football e seja popular o suficiente para transformar os Estados Unidos numa potência mundial.
Falta dinheiro ao futebol nos Estados Unidos para que ele possa crescer. É só comparar os mercados interno e externo para perceber isso claramente.
Sim, a MLS fez um acordo histórico de mídia com a ESPN que lhe valeu um considerável aumento de receita. Sim, há cada vez mais marcas interessadas em se associar ao esporte lá, que tem ganho popularidade.
Mas, enquanto cresceram os números da MLS, saltaram, em proporção ainda maior, as receitas da NFL, da MLB e da NBA. Futebol (o deles, com as mãos), beisebol e basquete são, esses sim, esportes com muito maior apelo popular e, mais do que isso, com muito mais dinheiro. O atleta dessas três modalidades ganham fortunas. O jogador de futebol, na proporção, ganha bem menos que eles. E não há perspectiva, de no médio prazo, esse quadro se modificar.
Outro ponto que atrapalha o soccer é a concorrência com o mercado externo. Os EUA são os melhores do mundo no futebol americano, no basquete, no beisebol. Mas estão longe, muito longe, de serem os melhores no futebol com os pés. Enquanto isso, na Europa, Barcelona, Real Madrid, Bayern e outros times mais fazem o que fizeram as ligas americanas nos últimos 20 anos. Exportam o seu produto, que é reconhecidamente o melhor do mundo.
Sim, o americano sabe o que é futebol. Ele vê a Copa do Mundo. Mas ele também acompanha, e muito, a Premier League inglesa e a Liga dos Campeões da Uefa. Como cidadão que cresceu acostumado a grandes espetáculos de entretenimento, ele foi procurar – e encontrar – no futebol europeu a excelência que encontra na NFL, NBA, MLB…
Aí entra outro grande entrave para que a MLS venha a ser grande. É só ver o frenesi que representa a presença de Lionel Messi em campo para a Copa América Centenário. É, na mesma proporção, o que causará LeBron James quando vier jogar as Olimpíadas. O cara é o ídolo mundial, que todos querem ver.
Mas e a MLS?
Bem, por mais que tenha tido um incremento de receita, por mais que haja mais torcedores acompanhando os jogos nos estádios, por mais que pareça que o americano tenha entendido que há uma oportunidade de mercado para explorar comercialmente o soccer, não há condições no mercado interno para o futebol vir a ser o esporte número 1 do país, diferentemente do que acontece na Inglaterra, no Brasil, na Alemanha, na Espanha, na Itália, na França…
A receita da MLS será, obrigatoriamente, menor que a das principais ligas dos outros esportes. E, proporcionalmente, menor também que o montante de dinheiro que rola na Inglaterra, Alemanha, Itália, Espanha e, naturalmente, Brasil.
Os Estados Unidos poderão criar seleções competitivas que, eventualmente, ficarão entre as 8 melhores do mundo numa ou outra Copa. Mas o atleta de qualidade dificilmente brotará em profusão no país como acontece em outras modalidades. Afinal, esse cara sonhará, desde criança, em ser um LeBron, um Curry, um Tom Brady… Ali é que se ganha fama, status, dinheiro.
O futebol? Bem, esse possivelmente continuará a ser um esporte bastante popular e divertido, especialmente quando se vê uma final de Liga dos Campeões com os extraterrestres argentinos, brasileiros, alemães, uruguaios, italianos, espanhóis…
Os EUA talvez até já tenham atingido o teto na evolução técnica para se jogar futebol. Dá para pensar num time chegando a uma semi da Copa América, mas, diante de um rival como a Argentina, bem organizado taticamente e com um ET como Messi, o time americano não conseguirá finalizar a gol em 90 minutos, como foi ontem.
A MLS pode até se desenvolver, vir a ser relativamente maior do que é hoje e até ganhar um mercado no exterior, mas o futebol praticado pelos americanos não irá muito mais adiante do patamar que já atingiu… Ele continuará a ser o primo pobre no mercado local. E, por conta disso, pagando menos do que as ligas de futebol concorrentes pelo mundo.
O craque, naturalmente, vai sempre preferir jogar na Europa. O americano de fato está conhecendo e se encantando cada vez mais pelo futebol.
Mas ele chegou tarde…
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