segunda-feira, 28 de dezembro de 2009

REAÇÃO PUBLICITÁRIA CONTRA ANOREXIA E BULEMIA




Deve-se reconhecer que alguns movimentos em favor da saúde das modelos têm ocorrido, mas ainda ocupam um pequeno espaço no calendário do mundo fashion. Em setembro de 2007, cinco modelos tiveram sua participação vetada em Madri, por causa de seu peso. Elas tinham um Índice de Massa Corpórea (IMC)12 inferior a 18, sendo que o ideal equivale a cinqüenta e seis quilos para 1,75 cm de altura. Já na Inglaterra, as modelos devem apresentar um atestado médico para comprovar que elas não sofrem de distúrbios alimentares, segundo uma recomendação do Conselho de Moda Britânico. No entanto, o relatório do Inquérito sobre a Saúde das Modelos, iniciado em março de 2007, não chega a recomendar a proibição das chamadas modelos tamanho zero (o equivalente ao tamanho 32 no Brasil) nas passarelas. Durante a Semana da Moda em Milão, também em setembro de 2007, uma campanha publicitária italiana, criada pelo fotógrafo Oliviero Toscani – conhecido por suas propagandas polêmicas para a marca Benetton nos anos 80 e 90, com imagens marcantes e inquietantes, abordando temas como Aids, guerra e racismo, entre outros – chocou modelos e estilistas europeus. Nas ruas, um outdoor estampava uma modelo nua, que pesa apenas 31 quilos, com o título: “Não Anorexia”. Segundo Toscani (2007) essa campanha foi um marco na publicidade da moda européia, pois poucos clientes têm a coragem de fazer uma mensagem tão agressiva. Para o fotógrafo, se pode fazer algo interessante e tirar vantagens econômicas ao mesmo tempo. A publicidade contou com o aval do Ministério da Saúde, pois cerca de dois milhões de italianos sofrem de anorexia e bulemia. Porém após uma semana de veiculação nas ruas, o outdoor foi retirado, com o argumento que a imagem agredia sociedade. O principal jornal da Itália – Corriere Della Sera – se recusou a publicar a foto. Na França, os outdoors foram vetados. A justificativa era de que a imagem era imoral. No mesmo período a estilista Rafaella Curiel, participante da semana de moda em Roma, dispensou quinze modelos por excesso de magrezas. Ela justificou que trabalha com o tamanho 42 e recebeu modelos de tamanho de 36. No final de 2006, o governo italiano, a Federação da Moda italiana e a Associação Alta Moda - que reúne os estilistas italianos que apresentam suas coleções em Roma e Milão - adotaram o chamado "Manifesto anti-anorexia", a fim de "impor um modelo de beleza saudável, generoso e mediterrâneo", que proíbe contratar modelos menores de 16 anos e apresentar certificados médicos sobre a não existência de problemas alimentares. Segundo a imprensa italiana a propaganda de Toscani gerou opiniões favoráveis na moda italiana: "Finalmente alguém fala a verdade. Porque a anorexia não é um problema só da moda e sim psiquiátrico", afirmaram os estilistas Dolce e Stefano Gabbana. Para o estilista Giorgio Armani "as campanhas, com imagens tão cruas e duras, foram justas e oportunas". "Aplausos para Oliviero Toscani, sua campanha é muito eficiente", declarou a ministra italiana para Assuntos Europeus, Emma Bonino. A ministra da Saúde, Livia Turco, reiterou seu apoio a idéia do fotógrafo, o qual sacudiu o mundo nos anos 90 com suas fotos de doentes portadores de Aids. A campanha, no entanto, foi criticada por médicos e associações de enfermos. "Isso é fazer publicidade com os padecimentos dos doentes", comentou Emilia Costa, diretora de um centro de assistências para pessoas com problemas alimentares. "Não sabemos o efeito que pode gerar essa propaganda", estimou Fabrizio Jacoangeli, endocrinologista. O especialista teme que a campanha acabe por desencadear entre os jovens que sofrem de anorexia uma espécie de corrida para parecer em fotos e revistas de todo o mundo

A imagem da modelo francesa Isabella Caro, de 27 anos, feita por Toscani, autor por anos de impressionantes campanhas para a marca Benetton, convida a refletir sobre o atual modelo de beleza que domina o mundo feminino.
 (Fonte: http://www1.folha.uol.com.br/folha/ilustrada/ , acesso em 25/09/07).


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