segunda-feira, 11 de outubro de 2010

Salve o Nobel de literatura 2010: Mario Vargas Llosa

Peruano acredita que prêmio foi por 'obra literária', não por 'ideias políticas'.
O escritor peruano Mario Vargas Llosa, 74 anos, declarou nesta quinta-feira (7) que ainda não acredita que recebeu o prêmio Nobel de literatura e que espera sobreviver à toda agitação que representa essa distinção literária.
"Espero sobreviver ao Nobel", disse, em coletiva de imprensa no Instituto Cervantes de Nova York, em sua primeira aparição em público depois da divulgação da notícia.
"Estou surpreso e ainda não consigo acreditar", acrescentou, reiterando que "o prêmio também reconhece a importância da literatura latino-americana".
Vargas Llosa, de 74 anos, expressou sua confiança de que suas ideias políticas, que lhe angariaram a antipatia de setores da esquerda latino-americana, não tenham tido nenhuma influência na concessão do prêmio. "Espero que me tenham dado por minha obra literária, mais do que por minhas ideias políticas", explicou o escritor, que se declara um liberal.
De acordo com a Academia Sueca, a escolha seu deu por conta da "cartografia das estruturas do poder e afiadas imagens de resistência, rebelião e derrota do indivíduo" que aparecem na obra de Llosa. Llosa receberá um prêmio no valor de 10 milhões de coroas suecas (1,5 milhão de dólares). A cerimônia de premiação está marcada para o dia 10 de dezembro.
A liberdade e a democracia são o verdadeiro caminho do progresso, que acredito que seja o papel de um escritor defender"Vargas Llosa em entrevista à rádio RCNAutor de romances marcados por questões políticas da América Latina - e não raro autobiográficas -, como "A cidade e os cachorros", "Pantaleão e as visitadoras", "A festa do bode" e "Travessuras da menina má", Llosa já havia vencido, entre outros, o Prêmio Cervantes, o mais importante da literatura em língua espanhola, em 1994. O Brasil costuma ser tema de seus textos, sejam ensaios políticos ou romances, como em "A guerra do fim do mundo", de 1981, inspirado na Guerra de Canudos.






Assista a vídeos e entrevistas de Mario Vargas Llosa

Repercussão: escritores e autoridades latino-americanas comentam Nobel

Em declaração à rádio colombiana RCN nesta quinta, o escritor peruano afirmou que se surpreendeu com a escolha e disse que o prêmio é "um reconhecimento" à literatura latino-americana e em língua espanhola.
"Não pensava que estaria nem entre os candidatos", brincou o autor. "Por mim, vou seguir trabalhando com um sentimento de responsabilidade, como sempre fiz. Defendendo coisas que são fundamentais para o Peru, para a América Latina e o mundo. A liberdade e a democracia são o verdadeiro caminho do progresso, da verdadeira civilização, que acredito que seja o papel de um escritor defender", comentou Llosa à rádio.


(Foto: Shannon Stapleton/Reuters)Mais tarde, falando à rádio peruana RPP, contou que, em um primeiro momento, chegou a pensar que a ligação com a notícia do Nobel "era uma brincadeira". "Vou me olhar no espelho e vou enrubescer", acrescentou o escritor quando lhe leram, de Lima, a descrição feita pelo comitê sobre sua obra. "Tenho vontade de ir caminhar porque estou meio perplexo", gargalhou.



Em mais de um século de existência do prêmio, Mario Vargas Llosa é apenas o sexto escritor latino-americano a receber um Nobel. Antes dele, foram premiados a escritora chilena Gabriela Mistral (1945), o guatemalteco Miguel Ángel Asturias (1967), o também chileno Pablo Neruda (1971), o colombiano Gabriel García Márquez (1982) e o mexicano Octavio Paz (1990).



O autor estará no Brasil na próxima quinta-feira (14), participando do evento Fronteiras do Pensamento, realizado na Universidade Federal do Rio Grande do Sul, em Porto Alegre.



Candidato à presidência em 1990

Nascido em Arequipa, em 28 de março de 1936, Jorge Mario Pedro Vargas Llosa se formou em Letras e Direito pela Universidade Nacional Maior de São Marcos, em Lima. Antes de se tornar escritor, trabalhou como redator de notícias na extinta Rádio Central, funcionário de biblioteca e até revisor de nomes de túmulos de cemitério, segundo biografia em seu site oficial.

Em 1959, ganhou uma bolsa de estudos e parte para uma temporada na Europa, onde se tornou doutor em Filosofia e Letras pela Universidade de Madri, publicou seu primeiro livro, a coletânea de contos "Os chefes" (1959), e escreveu uma peça de teatro, "La huída del Inca".
Em foto de 1959, Vargas Llosa aparece ao lado da
mulher e tia, Julia Urquidi (à direita), e da jornalista
guatemalteca Maria Cristina Orive (Foto: AFP/Arquivo)No mesmo ano, Llosa casou-se com a sua tia, Julia Urquidi, que era 15 anos mais velha. A experiência inspirou o livro "Tia Julia e o escrevinhador", que seria lançado em 1977. O casamento durou cinco anos e, depois do seu fracasso, casou-se com uma prima, Patricia.
Regressou em 1964 ao Peru e daí em diante voltaria a passar temporadas em diversos países, incluindo Cuba, Grécia, França, Inglaterra e Espanha - de onde recebeu oficialmente a cidadania em 1993.

Conhecido por suas posições políticas consideradas de direita, Llosa se engajou no Movimento Liberdade peruano em 1987, que se opunha ao programa de estatização do então presidente Alan García Pérez.

Informado sobre a vitória no Nobel de seu antigo desafeto, García - que voltou à Presidência do Peru em 2006 - afirmou que o prêmio é "uma honra e um grande dia para o Peru". "Vargas Llosa é um extraordinário criador da linguagem, um grande romancista, um grande dramaturgo que tem incursionado em todos os cantos da criação", completou.
Além dos políticos do Peru, o escritor costuma disparar críticas contra líderes latino-americanos como Fidel Castro - de quem já foi próximo -, Hugo Chávez, Álvaro Uribe e Lula.
Disponivel em: http://g1.globo.com/pop-arte/noticia/2010/10/espero-sobreviver-ao-nobel-diz-mario-vargas-llosa-em-nova-york.html > Acesso em 11 de outubro de 2010

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