segunda-feira, 21 de setembro de 2009

Mais um artigo sobre crianças X propaganda

MAIS UM ARTIGO PARA REPENSARMOS NOSSA OBRIGAÇÃO, COMUNICAÇÃO E ÉTICA COM AS CRIANÇAS.




Fonte: http://www.alana.org.br/CriancaConsumo/Biblioteca.aspx?v=1&art=71
Infância roubada - Rachel Biderman
A proposta do consumo sem limites atinge em cheio o inofensivo público infantil. Não há regras no Brasil que imponham restrições ao marketing de produtos para crianças e adolescentes. A vulnerabilidade dos jovens é explorada à máxima potência nos mais diferentes meios de publicidade. Nossas casas, escolas e espaços públicos são invadidos por mensagens. Nada ou pouco se faz para proteger as crianças desse assédio.Inúmeros projetos de lei tramitam, sem sucesso, no Congresso, propondo limites de horários, conteúdo, enfim, uma mínima regulação para garantir menor invasão da mente infantil por constantes torpedos estimuladores do consumo sem fim. Em muitos países europeus e escandinavos, a publicidade para crianças na TV - meio mais eficaz para fins de retorno de mercado - já está banida na maior parte do dia e da noite, períodos em que as crianças se encontram acordadas. Evidente que já foi encontrada uma forma de contornar essa limitação, na medida em que grande parte dos programas infantis se tem transformado em vetor do consumismo, pois dessas produções advém uma série de produtos baseados em seus personagens. Trata-se de uma luta sem trégua.O público infantil não é apenas alvo de propaganda para consumo imediato. As crianças são, desde cedo, estimuladas para que se tornem futuros consumidores de bens, destinados ao público adulto. Sua fidelidade prematura às marcas é promovida ostensivamente. Os meninos são estimulados desde pequenos a idolatrar o carro, as meninas, a moda. Os jovens são chamados ao mundo do consumo em busca de acesso ao prazer ilimitado, pelo chamariz da eletrônica, da música, do cinema.Susan Linn, autora do livro Crianças do Consumo, traduzido e publicado no Brasil pelo Instituto Alana, é crítica contundente dos abusos perpetrados contra esses públicos. Cita o problema da obesidade infantil nos EUA, já inserido na categoria de problema de saúde pública, como intimamente relacionado aos abusos do marketing em torno do consumo de fast food. Adverte que a indústria da propaganda põe a culpa nos pais por não orientar seus filhos, para se livrar das crescentes acusações ¿ e até processos judiciais-, que têm sofrido. Ora, como podem os pais proteger seus lares e a mente de seus filhos de tão avassaladora tormenta?Historicamente, diversos autores têm alertado a sociedade sobre o fetiche da mercadoria, da sociedade de imagens, e os riscos inerentes ao hiperconsumismo. Adorno advertia já na década de 1960 a respeito do risco da constituição da indústria cultural. Seu alerta se confirma. Hoje, o cinema 'mainstream' não é nada além de um produto desfrutado em salas confortáveis, acompanhado de guloseimas altamente calóricas, cujo consumo não se esgota em sua projeção, mas continua nos infinitos bens gerados a partir da temática de uma suposta história inocente. As lanchonetes de fast food associam-se a essa indústria, atrelando a venda de lanches à aquisição de brinquedos projetados com base no filme. Um programa 'perfeito' para quem sai das salas de cinema. Impossível hoje imaginar um blockbuster para público infantil, que não venha acompanhado de toda sorte de bugigangas, que incluem brinquedos, roupas, doces, acessórios. É de pasmar: até livros são vendidos nas mais sérias livrarias dos grandes centros urbanos contando a historinha desses filmes.Os pais ficam rendidos. Susan Linn adverte que a indústria do marketing vem se sofisticando, assessorada por psicólogos de fina estirpe, que estudam as mais diversas nuances da vulnerabilidade infantil e paterna. Chegou-se ao cúmulo de classificar os tipos de pais, segundo sua maior ou menor propensão a ceder à pressão dos filhos. Consideram indulgentes, os pais que cedem a qualquer pressão; companheiros, os que querem se divertir com as crianças; conflitantes, os divorciados ou solteiros, cujo ato de compra serve para aliviar culpas; e a categoria 'necessidades básicas', são aqueles capazes de se esquivar dos apelos. Com isso, os profissionais de marketing procuram entender como melhor direcionar as mensagens publicitárias, para garantir que a amolação das crianças surtirá o efeito desejado.A indústria de fast food é um caso emblemático na construção do imaginário infantil. Uma autora brasileira que merece menção e respeito é a professora Isleide Fontenelle, da Escola de Administração de Empresas de São Paulo, da Fundação Getulio Vargas, que vem estudando profundamente a ligação entre subjetividade, consumo e a sociedade das imagens. Em seu livro O Nome da Marca, Isleide explora a construção da marca McDonald's e como esse projeto comercial de sucesso forjou um modelo de consumo associado à exploração do público infantil, desde que incorporou às suas estratégias de vendas a figura do palhaço Ronald. Acredito que há medidas que podemos tomar enquanto cidadãos, pais, educadores, para dar cabo da exploração comercial das crianças. Não é possível em sã consciência admitir que a publicidade possa ser algo bom para elas. Criar os consumidores do futuro não pode ser mais importante do que educar os cidadãos do futuro.Rachel Biderman, advogada, coordenadora-adjunta do Centro de Estudos em Sustentabilidade da EAESP-FGV, doutoranda em Administração Pública e Governo - EAESP-FGV, mestre em Ciência Ambiental pela USP, mestre em Direito Internacional pela Washington College of Law- American University, EUA.Portal Terra, Economia Sustentabilidade, 1/12/2008, gerada às 10h50Link:
http://invertia.terra.com.br/sustentabilidade/interna/0,,OI3360150-EI11558,00.html




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