segunda-feira, 22 de agosto de 2011

Mancha será sempre lembrada

Tenho vergonha de vocês". "Nunca mais compro nada nesta loja". Esse tipo de comentário se tornou comum no Twitter e no Facebook nos últimos dias, desde que a Zara e outras seis marcas foram envolvidas em denúncias de trabalho escravo e ilustra a dimensão do dano à imagem das empresas em tempos de redes sociais. "Sempre houve crises, mas as mídias sociais conferem a elas abrangência, penetração e velocidade que não havia antes. O dano à imagem e à reputação das marcas é muito maior", diz o professor de comunicação da crise e consultor em gestão de crises da Escola Superior de Propaganda e Marketing (ESPM), Eduardo Prestes.




Ele explica que esses danos podem perseguir as empresas por anos a fio caso a ação para contornar a crise não seja eficaz. Prestes diz que não há um manual para essas situações, mas aponta práticas danosas que estão sendo utilizadas pela Zara. "Não se deve negar os fatos, nem tentar transferir a culpa para parceiros, fornecedores, trabalhadores. Pode-se tentar fazer isso nos tribunais, mas não em público", aponta. Ele lembra que a Zara, a princípio, tentou transferir a culpa pela situação dos trabalhadores para a confecção terceirizada. Segundo ele, o ideal seria a empresa vir a público, se desculpar e posicionar-se claramente contra o trabalho escravo.



O professor de publicidade e propaganda multimídia do Uni-BH, Salomão Terra, também aponta essa postura humanizada como a mais indicada. "A marca não pode se abstrair, deixar os usuários sem resposta. Ela tem que marcar uma posição púbica e, se for pertinente, estreitar a conversa com algum usuário", diz.



Piada. Além das críticas, as denúncias de exploração de trabalhadores em São Paulo renderam muitas piadas nas redes sociais. O "Sensacionalista", um perfil que publica apenas notícias falsas, anunciou o que seria a nova novela nacional: "depois de ‘O Astro’ vem aí um novo remake, ‘A escrava é Zara". Um outro post, de origem desconhecida, se propagou pelo Twitter alardeando um novo filme chamado "O Diabo veste Zara".



Hugo Gloss, conhecido por seus "bons-dias" bem humorados no Twitter, também não perdeu a piada e escreveu ontem de manhã: "bom dia você que descobriu que trabalha na Zara porque estão te fazendo de escravo".















FOTO: MPT/DIVULGAÇÃOEm Americana, 45 trabalhadores são bolivianos e um é chilenoMPT/DIVULGAÇÃOEm Americana, 45 trabalhadores são bolivianos e um é chilenoInvestigaçãoOutras 35 marcas estão sob sUSPeita



São Paulo. No rastro da investigação sobre a Zara, 35 empresas do varejo de moda estão sob sUSPeita de utilizar mão de obra irregular. Desse total, há 20 grandes marcas e 15 lojas do Brás e do Bom Retiro, bairros da região central de São Paulo com intenso comércio de roupas, afirma o auditor fiscal do Ministério do Trabalho, Luís Alexandre de Faria. A base das sUSPeitas são os métodos semelhantes de fluxo de mercadorias.


O TEMPO (MG) • ECONOMIA • 20/8/2011

Trabalho escravo

Mancha será sempre lembrada



Segundo Faria, os nomes não podem ser revelados para não prejudicar as investigações. "Temos de realizar as operações aos poucos porque não temos condições humanas de ir a todos os locais ao mesmo tempo", disse ele.



A Superintendência Regional do Trabalho de São Paulo já multou pelo menos cinco grandes empresas por trabalho ilegal. Marisa, Pernambucanas, Zara, Collings e FG Confecções foram autuadas em mais de R$ 4,5 milhões. Renato Bignami, assessor da Secretaria de Inspeção do Trabalho, órgão ligado ao Ministério do Trabalho, disse que mais de 200 autos de infração foram registrados desde o segundo semestre de 2009.
 

Nenhum comentário:

Postar um comentário

O Futebol Brasileiro precisa rever seus torcedores

O texto abaixo deve ser lido e refletido por todos que  gostam e  investem em futebol.  As duas ações ocorridas no final de ...