segunda-feira, 15 de março de 2010

No dia do consumidor...pense no consumidro

segunda-feira, 15 de março de 2010


PRECONCEITO COM OS OBESOS!!!

NO DIA DO CONSUMIDOR , QUE TAL RELEMBRARMOS A IMPORTÂNCIA DOS OBESOS NA HORA DAS COMPRAS.

COM O TEXTO: Preconceito tamanho GAtitudes irônicas, maldosas e agressivas reforçam o sentimento de inferioridade das pessoas gordas. Discriminação vai do sutil ao escancarado

Publicado em 14/03/2010

POR Mauri König -

EM http://www.gazetadopovo.com.br/vidaecidadania/conteudo.phtml?tl=1&id=982509&tit=Preconceito-tamanho-G





ainda na entrada da loja a vendedora pergunta: “É pra você?” Tudo certo, não fosse o traço de ironia no canto dos lábios diante da moça de manequim 46. A modelo plus size Andressa Costa de Oliveira, 25 anos, já passou por isso algumas vezes. A reação depende do humor na hora, diz ela, mas é impossível ficar indiferente ao preconceito estético. Gordinha desde sempre, An­­dressa nunca encarou seu corpo como um problema. Entretanto, nem todos conseguem superar a discriminação. Atitudes irônicas, maldosas e agressivas, sejam elas de amigos ou desconhecidos, reforçam o sentimento de inferioridade dos obesos.





Não bastassem as restrições físicas próprias da obesidade, os gordos ainda são vítimas de um sutil preconceito. Sutil porque nem sempre o outro se dá conta de que sua atitude revela discriminação. Um exemplo? Considerá-los lentos, preguiçosos e obcecados por comida. No entanto, há outras formas mais evidentes. Numa cultura midiática de culto ao belo – e, nesse caso, ser belo é ser magro –, o obeso está predestinado a olhares recriminatórios, a ser visto como inferior, a ter restrições na hora de se vestir, a ter apelidos depreciativos, a ser sexualmente desinteressante.

É IMPORTANTE SABER:

Discriminação que mais machuca vem de casa





O empresário José Eduardo do Carmo Costa foi ganhando de três a quatro quilos desde os 18 anos. Hoje, aos 51, pesa 175. Já passou por situações constrangedoras, como no dia em que um sujeito fez a maior cena no avião lotado e se recusou a viajar no banco ao seu lado, ou diante dos gracejos de crianças apontando o dedo e dizendo “olha, mãe, um homem gordo”. Ao obeso, cabe assimilar cada manifestação de preconceito. Com algumas, brinca-se, com outras, ignora-se. Mas para algumas, não há remédio. “A discriminação que mais machuca é a da família”, diz José Eduardo.





Os pais dele, que são magros, não aceitam o fato de os quatro filhos serem obesos. José Eduardo sente-se magoado, mas respeita a opinião deles, já idosos. Os pais sofreram no tempo da Segunda Guerra Mundial. Passaram até fome. Talvez por isso não quisessem ver a história repetida com os filhos, e assim os empanturravam. Tamanha preocupação acabou resultando num descompasso com a balança e, no caso de José Eduardo, a uma triste constatação acerca da percepção que os outros fazem de pessoas como ele. “Socialmente, ser gordo é um desvio”, diz.





“A gente é obrigado a levar na esportiva, tratar o preconceito com bom humor, mas que machuca, machuca”, desabafa. Ainda assim, procura se descontrair quando se depara com alguma atitude preconceituosa. “Ser gordo tem lá suas vantagens. Até já me convidaram para ser candidato a prefeito ou vereador em Campina Grande do Sul”, diz. E qual o porquê do convite? “Porque você não conhece ninguém, mas todo mundo te conhece. Com esse tamanho, não dá para passar despercebido”, brinca.





José Eduardo faz acompanhamento psicológico e nutricional há dois anos como forma de preparação para a cirurgia bariátrica. Só ainda não decidiu a data da operação para reduzir o estômago. Tem um pouco de medo. Ele reconhece que a opinião alheia tem muita influência. Quando fizer a cirurgia, será apenas 30% por necessidade própria e 70% por pressão dos outros. (MK)













1,5 bilhão serão obesos em 2015





Um bilhão e meio de pessoas sofrerão com a obesidade em 2015 se não mudarem o estilo de vida e hábitos alimentares pouco saudáveis, diz pesquisa da Organização Mundial da Saúde. Quatrocentos mil morrerão nos Estados Unidos devido a doenças coronárias em 2010, estagnando os efeitos dos avanços em medicina cardiovascular.





Metade das mortes previstas poderia ser evitada se as pessoas comessem de forma mais saudável e deixassem de fumar. Desde os anos 70, a taxa de morte por esse tipo de doença caiu pela metade graças a reduções no consumo de colesterol e de tabaco. Mas desde os anos 90 essas conquistas perderam força.





Consulta popular realizada pelo Instituto Paraná Pesquisas revela que três entre 10 curitibanos já fizeram brincadeiras ou comentários maldosos sobre gordos (leia mais nesta página). Essa é só a faceta quixotesca do preconceito se comparada a outras formas mais agressivas. Semana passada, por exemplo, uma empresa da Lapa, na região metropolitana de Curitiba, foi condenada pela Justiça do Trabalho a pagar indenização de R$ 5 mil à dona de casa Daiana Fernandes por tê-la discriminado. Ela foi avisada que não seria contratada por ser obesa e isso traria problemas futuros para a empresa.













Dia a dia sofrido

O cotidiano dos obesos é todo de dificuldades, inclusive nos relacionamentos amorosos e na hora de procurar emprego. Algumas empresas, a exemplo da que recusou Daiana, evitam contratar funcionários com maior probabilidade de ter problemas de saúde, entre os quais hipertensão, diabetes, doenças cardíacas e colesterol. “Tenho recebido muitas queixas de pacientes com dificuldades em arrumar emprego, pois sabem que não têm as mesmas oportunidades de trabalho, em função da discriminação por estarem acima do peso”, diz a psicóloga Luciana Kotaka.

“As atividades diárias dos obesos são impregnadas de medo, por receio de virarem alvo de chacotas, causando constrangimento”, diz a psicóloga. O problema pode estar em coisas consideradas simples pelos demais, como passar por uma roleta, comprar roupas, dançar ou mesmo se abaixar para amarrar o sapato. Isso tudo pode ser motivo de grande insegurança ou gerador de ansiedade. “O obeso sabe que é observado em suas condutas cotidianas e, frequentemente, ouve comentários maldosos e piadinhas de colegas ou de estranhos que estão no mesmo ambiente”, observa Luciana.





“De forma geral, ouvem que são preguiçosos, sem força de vontade, o que acaba por levar a pessoa a um comportamento de engessamento, pois acaba como que acreditando que não tem força e determinação suficientes para fazer exercícios físicos, ou mesmo seguir um programa de reeducação alimentar, permanecendo estagnada e engordando cada vez mais”, diz Luciana. Segundo ela, as pessoas que um dia já foram magras, que já estiveram dentro dos padrões estabelecidos pela sociedade, são as que apresentam maiores sequelas, pois sentem a discriminação de forma mais acentuada.

As mulheres são mais suscetíveis, pois delas se cobra o estereótipo da mulher feminina, magra e bonita. “Nos desfiles, novelas, cinemas e publicidade, a mulher aparece sempre magra, fortalecendo esse ideal de beleza e promovendo a constante insatisfação”, diz ela. Esse “ideal” permeia o cotidiano. Andressa já se sentiu constrangida num shopping ao sentar-se na praça de alimentação para comer seu Big Mac. Ao seu lado, uma ma-grela a olhava como se dissesse “eu, que sou magra, estou comendo uma salada, e você, que é gorda, está comendo isso?”





Para a psicóloga, um exercício de alteridade, colocando-se no lugar do outro, não faria nenhum mal. “As pessoas ignoram a dificuldade que é carregar um peso maior do que se pode sustentar. Não sabemos lidar de forma adequada com os obesos, e isso fica muito claro para eles, pois a mídia prega, a todo momento, que felicidade e beleza são sinônimos de um corpo magro, abalando o psicológico dos gordinhos”, observa Luciana.

A psicóloga propõe pensarmos num mecanismo de retroalimentação, no qual a pessoa obesa já se sente diferente e inadequada na maioria das vezes e quando recebe mais críticas ou percebe que é excluída e estigmatizada, a comida se torna, mais uma vez, uma das únicas fontes de prazer. “A comida entra com a função de um antidepressivo ou mesmo como ansiolítico”, conclui.





Baixa autoestima

Muitos obesos vivem uma perigosa ambiguidade. Levam tudo na esportiva e em público até fazem gozação consigo mesmo como forma de superar o preconceito. Mas tem hora que não dá. No escuro do quarto, a máscara de pessoa feliz desaba. A autoestima vai ao chão porque, numa análise rasteira, imputa-se ao gordo uma culpa que não lhe cabe, tomando-o como uma pessoa sem força de vontade, vulnerável à gula e à preguiça. Em síntese, é uma pessoa que não emagrece porque não quer. E o preconceito estético provoca estragos na forma de se enxergar.





“A beleza é uma questão de imagem e autoimagem, não existe, portanto, o ‘mais que’ e sim o ‘diferente de’, pois cada um tem um aspecto da beleza que o torna único”, diz a psicóloga Luciana Kotaka. “Muitos se tornam introspectivos, como forma de proteção contra um mundo agressivo, podendo ficar em reclusão, evitando sair de casa, sem fazer amizade ou frequentar academia”, observa. Muitos tomam antidepressivos para conseguir lidar com a realidade da discriminação.

Tendência a ser obeso se define até os 2 anos

Pesquisa americana indica que a tendência à obesidade é definida antes dos dois anos de idade. O estudo publicado na revista médica Clinical Pediatrics descobriu que mais da metade dos entrevistados já estava acima do peso antes dos dois anos. Antes dos cinco, 90% já demonstravam sinais de obesidade. Um quarto deles já estava acima do peso aos cinco meses de idade.

As razões para o ganho de peso excessivo na infância e adolescência ainda não são conhecidas, mas pesquisadores dizem que alguns fatores que contribuem para isso são dieta inadequada, introdução de alimentos a bebês muito cedo e falta de exercício. As preferências alimentares já podem estar definidas antes dos dois anos de idade e pode ser difícil modificar os hábitos das crianças mais tard

Essa é uma das razões para que a atual geração de crianças tenha uma expectativa de vida menos elevada que a dos pais, segundo a Organização Mundial da Saúde. Doenças relacionadas à obesidade atingem cada vez mais jovens e crianças, que podem sofrer de hipertensão e alguns tipos de câncer. Quarenta e três milhões de crianças em idade pré-escolar sofrem de obesidade ou sobrepeso, condição que gera riscos para a saúde ao longo de toda a vida.



http://www.gazetadopovo.com.br/vidaecidadania/conteudo.phtml?tl=1&id=982509&tit=Preconceito-tamanho-G

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