quinta-feira, 15 de fevereiro de 2018

Falta de oxigenação de ideias no futebol brasileiro




EM NOVEMBRO DE 2017  foi realizado em São Paulo o maior Congresso de Sport Business da América Latina, o SportBiz Latam.  Com várias edições realizadas em diferentes países de toda a região, o evento sempre convida palestrantes internacionais.
E são eles que apresentam novas visões, belos cases e uma construção de marca que os clubes brasileiros nem sonham.
O evento realizado no clube Pinheiros em São Paulo não contou com a presença de nenhum representante de clube brasileiro inscrito. Isso não é novidade, já que dirigentes em suas mais variadas áreas não se interessam em assistir palestras e debates. Querem sempre palestrar,  como se tivessem o que dizer.
O único clube representado no evento foi o Flamengo, em um painel sobre sócio torcedor e licenciamento.
Como sempre frequentei como palestrante e também espectador de congressos ao logo de duas décadas sempre considerei esse o maior problema do futebol brasileiro.
Mesmo gerindo mal a marca e todo o negócio, acreditam que estão no caminho certo e não necessitam aprender novos conceitos e boas práticas.
Os clubes europeus apresentaram uma realidade global, e como chegaram lá e não tinha um diretor de marketing de clube de futebol do Brasil para ouvir e aprender.
Deviam estar muito ocupados negociando algum patrocínio pontual ou espaço no abadá que virou seu uniforme.
O fato é que a Indústria Esporte no Brasil para prosperar precisa que seus players atuem como em qualquer mercado, buscando qualificar a sua gestão.
Para fazer isso somente com profissionais bem formados e com entendimento do que de mais moderno está sendo feito no mundo.
Os gigantes da Europa já faturam R$ 12 bi por ano só em marketing, essa inclusive é a receita mais importante segundo a Deloitte para os 20 times mais ricos do continente.
Hoje os ganhos com patrocínios, licenciamentos e exploração da marca são mais importantes que os valores recebidos da TV, outros R$ 11 bi.
Europa X Brasil, quem será que está certo?


Enquanto isso os licenciamentos dos clubes brasileiros representam 0,1% dos R$ 70 bilhões movimentados no esporte global, segundo meu último estudo.
Se quisermos evoluir teremos que mudar basicamente tudo. Em palestras no evento os diretores de Barcelona e Bayern de Munique, ambos residentes em NY comandam seus escritórios internacionais com 10 profissionais contratados.
Mais que o marketing de muitos clubes no Brasil.
Fui responsável em fazer uma palestra sobre o potencial desperdiçado do futebol brasileiro. Sem dúvida o Brasil é o maior potencial desperdiçado do futebol mundial.
O país é o maior mercado de mídia e entretenimento entre os emergentes, conta com 160 milhões de torcedores, 80% da população acompanha futebol na mídia e os clubes poderiam ser potências mercadológicas globais.
Mas não são!
Muito além da diferença de PIB, o futebol brasileiro parou no tempo em termos de gestão de marca. Enquanto americanos e europeus faturam alto na relação dos clubes, com os fãs e patrocinadores, os times brasileiros continuaram nessa loucura de lotar  uniformes, placas e backdrops.
O foco nos projetos é outro, muito além da visibilidade. Por conta disso os clubes europeus contam com 40, 50, 60 patrocinadores e os nossos com 3 ou no máximo 4, todos no uniforme.
Se quisermos melhorar nossas receitas de marketing no futebol teremos que mudar totalmente a forma como os clubes trabalham suas marcas. As receitas novas virão dessa nova abordagem.
Minotauro foi um case
O ex-lutador de MMA Minotauro fez uma palestra e contou sobre sua história de superação e também um belo case de como transformar um atleta em um produto de marketing.
Inclusive citou um certo preconceito que o Brasil tem de encarar que um atleta é um produto altamente valioso.
O UFC mudou a forma como se faz marketing na modalidade.

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