terça-feira, 23 de agosto de 2011

Donos do seu Nariz por Luiz Fernando Verissimo

Cultura – Contos Poemas Poesias – Donos do Seu Nariz – Luís Fernando Veríssimo


2/12/2008

Todos deviam ser donos do seu nariz mas infelizmente isto não acontece. No Brasil o sonho do nariz próprio continua inalcançável para a maioria. Só uma minoria privilegiada é dona do seu nariz. Poucos sabem que 70% dos brasileiros alugam seu nariz. O Governo vem tentando melhorar a situação através dos financiamentos da CEF para a aquisição do nariz próprio, mas com a correção monetária, reajustes, etc. o pobre acaba pagando pelo nariz muito mais do que pode.



Muitos vivem na ilusão de serem donos do seu nariz e na realidade não são. Mesmo os proprietários de nariz não têm direitos absolutos sobre ele. O nariz é um bem móvel. Qualquer transação envolvendo o nariz depende da fiscalização pública. Você descobre que o nariz não lhe pertence quando, por exemplo, pretende viajar para o exterior. Não há nenhum empecilho para você sair do país, ao contrário do que se pensa:
- O senhor tem completa liberdade de ir e vir.
- Sem papelada, sem nada? Posso sair quando quiser?
- Exato. Mas sem o nariz, é claro.

- Como? Eu sou dono do meu nariz.

- Perdão. Seu nariz é uma concessão do Governo. Pertence ao Estado.

- Mas eu não posso viajar sem ele. Somos muito ligados.
- Bem. Para tirar um nariz do país é preciso passaporte, visto de saída, atestado de bons antecedentes, atestado de ideologia do nariz… E o depósito compulsório.
- Quanto
- Os olhos da cara.
Todos os impostos e taxas que você paga ao Governo são pelo uso do nariz. O nariz, na verdade, é a única parte da sua anatomia sobre a qual o Governo tem todo o poder. O Estado não interfere no resto do seu corpo que, no caso de prisão arbitrária, só vai junto porque quer. Foi isso, na opinião de alguns juristas, que tornou o habeas-corpus supérfluo entre nós. E, convenhamos, um haveas-nasalus seria ridículo.



Eu alugo o meu nariz e estou muito satisfeito com ele. Não conheço o proprietário. Pago o aluguel em dia, conservo o nariz em bom estado e não dou ao locador qualquer razão para queixa. Mas, teoricamente, o dono do meu nariz pode reclamá-lo quando quiser. Basta uma denúncia vazia de que eu estou metendo o meu (ou dele, no caso) nariz onde não devo e ele pode reaver o nariz. A situação é irrespirável.



Alguns proprietários de narizes alugados estão sempre vistoriando a sua propriedade. Acordam o locatário no meio da noite para ver como vai o nariz.



- Hum. Deixa ver. Parece bem. Este cravo aqui do lado…



- Vou espremer amanhã mesmo.



- Você limpa todos os dias?



- Por dentro e por fora.



- Olha aí; os óculos estão deixando marca. Não pode.

- Vou cuidar disto. Agora posso durmir? Estou meio resfriado…



- Que tipo de lenço você tem usado? De papel, espero. lenço de pano irrita o nariz. Olhe lá, heim?



Alguns contratos de aluguel são extorsivos. Incluem uma cobrança por espirro, taxa-coriza, etc.

Existe uma espécie de bolsa do nariz onde os grandes proprietários compram, vendem e trocam seus narizes.
- Tenho um nariz bem grande em Petrópolis. Troco por dois pequenos na Zona Sul.

- Nariz novo. Vendo. Estilo grego.

- Compro um afilado. Qualquer zona menos Avenida Farrapos.
- Vendo um achatado, simpático, amplas narinas, na Independência.

- Reformado, como novo, troco por adunco ou arrebitado.
A questão do nariz reformado é, legalmente, um pouco confusa. Quem é dono do seu nariz pode alterá-lo como quiser, desde que obtenha uma licença da Prefeitura. Um bom Pitanguy, hoje, vale uma fortuna. Mas quem aluga o seu nariz e quer modificá-lo deve antes consultar o dono.
- Estou pensando em tirar um pouco aqui, estreitar aqui e baixar aqui.
- Impossível. Não posso permitir. A senhora quer diminuir a área total do meu nariz.
- Mas vai ficar um Tônia Carrero perfeito. Vai aumentar de valor.
- Sei não… Aumentam os impostos…
- O senhor pode aumentar o aluguel.
- Feito.
Os donos do seu nariz têm o poder e não há nada que você possa fazer a respeito. O seu nariz pode ter sido vendido a uma multinacional agora mesmo e você nem sabe.

http://blogmais.org/2008/12/02/cultura-contos-poemas-poesias-donos-do-seu-nariz-luis-fernando-verissimo/ acesso em 23 de agosto

segunda-feira, 22 de agosto de 2011

Escravos da Moda

Exploração de trabalho em condições degradantes em fábrica de fornecedoras da grife Zara em São Paulo mancha reputação da marca espanhola




Flávio Costa





CONTRASTE

Fachada de loja da rede em São Paulo e detalhes da confecção em Americana: trabalhadores

amontoados em meio à sujeira em um espaço sem ventilação tinham jornadas sem descanso




A trajetória ascendente da grife espanhola Zara levou seu fundador, Amancio Ortega, ao posto de sétimo homem mais rico do mundo, com uma fortuna estimada em US$ 31 bilhões. O frisson provocado pela entrada no mercado brasileiro, em 1999, transformou a marca em item obrigatório no closet das consumidoras de classe média. Mas uma mancha surgiu em meio à tamanha opulência. Na semana passada, fiscais do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) descobriram um esquema de utilização de mão de obra escrava em três fábricas de fornecedoras da Zara, em São Paulo, nas quais 68 trabalhadores recebiam poucos centavos por peça produzida em condições subumanas.



O caso rapidamente tornou-se o assunto principal nas redes sociais e um dos tópicos mais comentados do Twitter. Críticas severas, avisos de boicotes e piadinhas como “o diabo veste Zara” se reproduziram de maneira viral. Tragada pelo escândalo, a controladora do grupo, a Inditex, que faturou US$ 15,8 bilhões em 2010, emitiu nota eximindo-se de culpa: “Ao ter conhecimento dos fatos, a Inditex exigiu que o fornecedor responsável pela terceirização não autorizada regularizasse a situação imediatamente. O fornecedor assumiu totalmente as compensações econômicas dos trabalhadores tal como estabelece a lei brasileira e o Código de Conduta Inditex.” A empresa disse estar disposta a colaborar com as autoridades brasileiras.



Mas Zara terá que fazer muito mais para limpar sua reputação, da mesma forma que outras multinacionais do ramo da confecção, envolvidas em exploração de trabalhadores em condições degradantes. “É uma crise de caráter. Os consumidores identificam a empresa com desonestidade, com má-fé. O primeiro erro já foi cometido após a crise: transferir a culpa para fornecedoras”, afirma José Eduardo Prestes, consultor há 12 anos em gestão de crise e professor de pós-graduação da Escola Superior de Propaganda e Marketing. “A proporção que o escândalo atingiu exige que a liderança mundial da empresa, Amancio Ortega, se posicione publicamente.” Segundo Prestes, a empresa deveria mostrar que medidas foram tomadas para sanar o problema.



Palavras não deverão ser suficientes para impedir que os responsáveis pela Zara respondam por ações penais no Brasil, cujo crime de utilização de trabalho escravo está tipificado no Código Penal. A investigação conduzida pelo Ministério Público do Trabalho e pelo MTE começou em maio, na cidade de Americana, interior paulista, onde se descobriu uma oficina com 52 funcionários (46 bolivianos, cinco brasileiros e um chileno) trabalhando em péssimas condições e com remuneração mínima. Metade da produção da fábrica, que foi fechada na época, era destinada à grife espanhola. O resto, segundo a procuradoria, era das marcas Ecko, Gregory, Billabong, Brooksfield, Cobra d’Água e Tyrol, que serão instadas a regularizar a situação. A apuração levou ao descortinamento de toda uma cadeia produtiva, na qual os direitos mais básicos do trabalhador eram desrespeitados. Tornou-se comum, no Brasil, aliciar bolivianos e colocá-los em locais insalubres para a fabricação de vestuário popular. A prática ilegal chegou ao mundo das grifes.



Em duas oficinas, 16 bolivianos amontoavam-se em um espaço exíguo entre enormes volumes de peças, em meio à sujeira, falta de ventilação e com fiação elétrica exposta. Não havia descanso. A jornada diária era de até 16 horas e a remuneração, irrisória. O dono da oficina recebia apenas R$ 6 por calça jeans fabricada. Deste valor, apenas um terço era dividido para os trabalhadores. Na loja, a mesma peça é vendida por R$ 135, em média. No Brasil, a Zara possui 31 lojas e 50 fornecedores fixos. “Os trabalhadores estavam submetidos a condições análogas à de escravo. A Zara é responsável direta, pois toda a produção era destinada à empresa”, afirma Fabíola Junges Zani, procuradora do Trabalho. As multas podem chegar a R$ 1 milhão.

A crise de 2011 é a mais grave de todas

O ESTADO DE SÃO PAULO (SP) • ESPAÇO ABERTO • 20/8/2011
Após o desmoronamento da URSS, o capitalismo emergiu, vitorioso, de 50 anos de guerra fria e parecia destinado a reinar absoluto dali por diante. Era a mensagem do fim da História, do grande pensador Francis Fukuyama.Passados 20 anos, a aposta revelou-se parcialmente falsa. O capitalismo prevaleceu e não existe, nem sequer como utopia, uma alternativa que tenha a mínima credibilidade.
Com a crise de 2008, que representou um golpe duro no setor financeiro, principalmente, começou uma fragilização do sistema político/econômico, o que, por sua vez, conduziu à crise atual. Hoje a relativa incapacidade dos líderes políticos ficou patente. Eles são obrigados a manter os olhos postos nas pesquisas e governar por elas. Sua habilidade é meramente tática, os gigantes de visão estratégica, como Franklin Delano Roosevelt, Konrad Adenauer, Charles de Gaulle ou Felipe González, pertencem ao passado.
O sistema de governança global foi confrontado com uma situação que pôs a nu a sua precariedade, seja pelo incrível espetáculo que foi o recente cabo de guerra do orçamento e da dívida no Congresso americano, seja na cabra-cega de Bruxelas para resolver os problemas das dívidas dos Estados-membros. Tudo o que parecia sólido - a ascensão triunfal dos Brics incluída - se tornou questionável.
A única aposta certa entre os países ricos, hoje, é a Alemanha, com seu alto nível de renda, sua produtividade incomparável, sua homogeneidade social e seus talentos inatos, que permitiram que após a derrota violenta e total de 1945 o país apresentasse nos dez anos seguintes o maior exemplo de recuperação e criação de valor da História das nações.
Mas não é indiscutível que a Alemanha continuará a ser a coluna mestra da Europa e o banqueiro de todos os países que não possuem suas virtudes ou sua disciplina. Hoje ela é primus inter pares na Europa e cada vez mais exerce o poder que daí decorre sem as cautelas e os temores do passado. É óbvio que a Alemanha tem enorme interesse no construção europeia, da qual é a maior beneficiária. Mas as opiniões dos eleitores alemães não obedecem a análises apenas racionais e isso poderá obrigar os políticos seguirem os veredictos das urnas ou das sondagens, indicando que a Alemanha não está mais disposta a cobrir todos os excessos e a resgatar os naufrágios de seus sócios irresponsáveis, que se embriagaram de dívidas e de más políticas públicas, como se a União Europeia fosse uma festa interminável para todos.
Os Estados Unidos vivem um de seus piores momentos. Barack Obama mostrou-se muito mais fraco como presidente do que a imensa expectativa que gerou como candidato. O Congresso transformou-se numa arena de enfrentamentos em que inexiste clima para atitudes construtivas e compromissos sobre medidas que interessam a toda a nação. É como se para destruir Obama e os democratas os republicanos radicais do Tea Party fossem até capazes de atear fogo à Casa Branca.
Na recente discussão, o sistema político americano revelou-se disfuncional. John Micklethwaite, editor da grande revista inglesa The Economist, descreveu os partidos americanos como "duas placas tectônicas ideológicas que se movem em direções opostas, aumentam a distância entre si e causam abalos sísmicos". As guerras malsucedidas do Iraque e do Afeganistão representam a terceira ocasião, com o Vietnã, em que todo o imenso poder militar americano não consegue emergir vitorioso, malgrado os enormes custos e todos os meios empregados.
Está hoje patente que os Estados Unidos estão deslizando na ladeira do poder, onde já foram absolutos, embora nada indique que deixarão de ser uma superpotência ou que vão desmoronar como o sistema comunista. Ainda assim, as credenciais americanas persistem. A maior economia mundial, três vezes superior à segunda colocada, Forças Armadas como nunca houve na História, os Estados Unidos são e serão, por longo tempo, uma superpotência. Mas não possuem mais a faculdade de ser, na famosa frase de Madeleine Albright, a "nação indispensável" que dava sempre o tom nas Relações Internacionais.
Na China, o país hoje mais bem posicionado para desafiar a supremacia de Washington, já existe um questionamento - ainda incipiente, mas claro - quanto à supremacia do Partido Comunista. Em que ponto as atuais contestações - em sua maioria, protestos locais de todo tipo - tomarão volume? Ninguém pode prever, só se sabe que tem havido aumentos de efetivos militares em diversas províncias chinesas, em claro sinal de nervosismo de Pequim. Por outro lado, com a desaceleração econômica, haverá dificuldades para seguir absorvendo rapidamente os grandes contingentes de excluídos que ainda estão no interior do território chinês. Crescer a 10% ao ano não pode ser um moto perpétuo. A médio prazo, é difícil que se mantenha a combinação virtuosa de fatores que permitiu a espetacular emergência da China nos últimos 30 anos.



Não sou daqueles que veem os quatro cavaleiros da Apocalipse nos cantos do céu assim que se instala uma crise. Todos os povos acima mencionados passaram por situações muito mais graves - anos de depressão econômica, guerras, sofrimentos e perdas indizíveis - e terminaram por se recuperar.



A crise de 2011 é a mais grave de todas as que ocorreram nas últimas décadas. Mas o mundo sairá dela. É da essência do capitalismo que essas convulsões ocorram - trata-se do processo de destruição criativa de que falava o grande economista austríaco Joseph Schumpeter. Os fatores produtivos combinados das principais economias do mundo, entre as quais, obviamente, está o Brasil, representam uma força imbatível e acabarão por prevalecer. Até que sobrevenha nova crise mais adiante...



professor DA ESPM RIO, FOI MINISTRO DAS RELAÇÕES EXTERIORES NO GOVERNO



FERNANDO HENRIQUE CARDOSO
http://www.mccomunicacao.com.br/mc/services/clippingm/noticia_email.asp?a=10B2BEA8&b=554062DF&c=20/8/2011acesso em 22 de agosto






Encontro na Câmara vai debater censura em internet e publicidade

O Estado de S.Paulo




As ameaças de censura nas redes sociais da internet e à liberdade de expressão comercial. Essas são duas das discussões pautadas para os debates da 6.ª Conferência Legislativa sobre Liberdade de Expressão, promovida pelo Instituto Palavra Aberta e a Câmara dos Deputados, marcado para esta terça-feira. A discussão sobre a liberdade na internet é uma novidade nos debates da conferência.



O uso da internet para organizar e promover manifestações sociais e a reação dos governos a essa ferramenta impôs a discussão sobre a liberdade nas redes sociais. Patrícia Blanco, presidente executiva do Palavra Aberta, que participará da abertura da conferência, diz que o assunto ganhou relevância a partir das mobilizações registradas na Primavera Árabe, principalmente no Egito e na Líbia, e, há algumas semanas, em Londres, onde os manifestantes combinaram por meio das redes sociais uma série de saques e depredações.



O primeiro-ministro britânico, David Cameron, está discutindo a possibilidade de o governo intervir em alguns serviços de internet, bloqueando a comunicação. "Essa medida nada mais é que uma censura e pode gerar uma crise. Temos muito que discutir sobre como fazer com que a liberdade nas redes sociais não vá para o lado negativo e que não haja nenhum risco para restringir o direito", disse Patrícia em depoimento ao site do instituto.



Censura. A censura judicial imposta ao Estado estará mais uma vez em debate, assim como as ameaças de mais de 200 projetos de lei em tramitação no Congresso Nacional e que tentam restringir de alguma forma a liberdade de expressão. "As propostas, em sua maioria, focam na liberdade de expressão comercial, que trata do direito das empresas de anunciar seus produtos. O consumidor pode e deve ter acesso a informações e não cabe aos parlamentares regulamentar a atividade", diz Patrícia Blanco.



Além da presidente do Palavra Aberta, participam da abertura do evento o presidente da Câmara Marco Maia (PT-RS), a ministra Helena Chagas (Comunicação Social) e José Roberto Whitaker Penteado, professor da Escola Superior de Propaganda e Marketing (ESPM).



Painéis. Os dois painéis, com palestrantes e debatedores, são "Avanços e Desafios na Liberdade de Expressão no Brasil" e "Desafios da Liberdade de Expressão na Era da Internet". Os painéis terão como palestrantes e debatedores o diretor de Conteúdo do Grupo Estado, Ricardo Gandour; os colunistas do Estado Eugênio Bucci e Fernando Gabeira; o jornalista do caderno Link, Alexandre Matias; os deputados federais Manuela D"Ávila (PC do B-RS) e Eduardo Gomes (PSDB-TO); além de Fernando Rodrigues, jornalista da Folha de S. Paulo, a mestre em Direito pela universidade de São Paulo (USP) Taís Gasparian e o professor da ESPM Emmanuel Publio Dias.


http://www.mccomunicacao.com.br/mc/services/clippingm/noticia_email.asp?a=10B2BEA8&b=55491303&c=21/8/2011 acesso em 22 de agosto


Arenas ESPM cria a campanha da visita de Dalai Lama ao Brasil

Redação Portal IMPRENSA

Este ano o Brasil receberá, em setembro, a visita de uma das personalidades mais reconhecidas e admiradas do mundo, o monge budista e líder espiritual do povo tibetano, Dalai Lama. Para comunicar a sua quarta visita ao país, toda a campanha publicitária foi criada e produzida pelos alunos do laboratório Arenas ESPM (Escola Superior de Propaganda e Marketing), a partir do tema "A convivência nasce do diálogo que celebra as diferenças".
Com este mote, os estudantes produziram um conjunto de peças que inclui cartaz - a ser divulgado nas redes de contato da comunidade budista, anúncio, postal, livro com a programação, hotsite, e dois vídeos com o objetivo de propagar nos meios onlines a visita da santidade.
A coordenadora do Arenas ESPM e professora Cristina Leão explica que o projeto foi estimulante para os alunos porque eles puderam vivenciar a prática da profissão e acompanharam o processo desde o início com uma minuciosa pesquisa sobre o cliente até a apresentação da campanha. "Produzir a comunicação de um nobel da paz foi mais do que um desafio, foi inspirador".
Lia Diskin, fundadora da Palas Athena, organização que trará Dalai Lama ao Brasil, fala sobre a experiência de ter jovens talentos da ESPM produzindo esta campanha: "Pude perceber um genuíno interesse dos alunos em participar desse desafio, me chamou a atenção a qualidade de escuta de toda a equipe, coisa pouco comum em jovens de sua idade".



http://www.mccomunicacao.com.br/mc/services/clippingm/noticia_email.asp?a=10B2BEA8&b=553A95A0&c=18/8/2011 acesso em 21 de agosto

Mancha será sempre lembrada

Tenho vergonha de vocês". "Nunca mais compro nada nesta loja". Esse tipo de comentário se tornou comum no Twitter e no Facebook nos últimos dias, desde que a Zara e outras seis marcas foram envolvidas em denúncias de trabalho escravo e ilustra a dimensão do dano à imagem das empresas em tempos de redes sociais. "Sempre houve crises, mas as mídias sociais conferem a elas abrangência, penetração e velocidade que não havia antes. O dano à imagem e à reputação das marcas é muito maior", diz o professor de comunicação da crise e consultor em gestão de crises da Escola Superior de Propaganda e Marketing (ESPM), Eduardo Prestes.




Ele explica que esses danos podem perseguir as empresas por anos a fio caso a ação para contornar a crise não seja eficaz. Prestes diz que não há um manual para essas situações, mas aponta práticas danosas que estão sendo utilizadas pela Zara. "Não se deve negar os fatos, nem tentar transferir a culpa para parceiros, fornecedores, trabalhadores. Pode-se tentar fazer isso nos tribunais, mas não em público", aponta. Ele lembra que a Zara, a princípio, tentou transferir a culpa pela situação dos trabalhadores para a confecção terceirizada. Segundo ele, o ideal seria a empresa vir a público, se desculpar e posicionar-se claramente contra o trabalho escravo.



O professor de publicidade e propaganda multimídia do Uni-BH, Salomão Terra, também aponta essa postura humanizada como a mais indicada. "A marca não pode se abstrair, deixar os usuários sem resposta. Ela tem que marcar uma posição púbica e, se for pertinente, estreitar a conversa com algum usuário", diz.



Piada. Além das críticas, as denúncias de exploração de trabalhadores em São Paulo renderam muitas piadas nas redes sociais. O "Sensacionalista", um perfil que publica apenas notícias falsas, anunciou o que seria a nova novela nacional: "depois de ‘O Astro’ vem aí um novo remake, ‘A escrava é Zara". Um outro post, de origem desconhecida, se propagou pelo Twitter alardeando um novo filme chamado "O Diabo veste Zara".



Hugo Gloss, conhecido por seus "bons-dias" bem humorados no Twitter, também não perdeu a piada e escreveu ontem de manhã: "bom dia você que descobriu que trabalha na Zara porque estão te fazendo de escravo".















FOTO: MPT/DIVULGAÇÃOEm Americana, 45 trabalhadores são bolivianos e um é chilenoMPT/DIVULGAÇÃOEm Americana, 45 trabalhadores são bolivianos e um é chilenoInvestigaçãoOutras 35 marcas estão sob sUSPeita



São Paulo. No rastro da investigação sobre a Zara, 35 empresas do varejo de moda estão sob sUSPeita de utilizar mão de obra irregular. Desse total, há 20 grandes marcas e 15 lojas do Brás e do Bom Retiro, bairros da região central de São Paulo com intenso comércio de roupas, afirma o auditor fiscal do Ministério do Trabalho, Luís Alexandre de Faria. A base das sUSPeitas são os métodos semelhantes de fluxo de mercadorias.


O TEMPO (MG) • ECONOMIA • 20/8/2011

Trabalho escravo

Mancha será sempre lembrada



Segundo Faria, os nomes não podem ser revelados para não prejudicar as investigações. "Temos de realizar as operações aos poucos porque não temos condições humanas de ir a todos os locais ao mesmo tempo", disse ele.



A Superintendência Regional do Trabalho de São Paulo já multou pelo menos cinco grandes empresas por trabalho ilegal. Marisa, Pernambucanas, Zara, Collings e FG Confecções foram autuadas em mais de R$ 4,5 milhões. Renato Bignami, assessor da Secretaria de Inspeção do Trabalho, órgão ligado ao Ministério do Trabalho, disse que mais de 200 autos de infração foram registrados desde o segundo semestre de 2009.
 

O show não pode parar

DINHEIRO (SP) • NEGÓCIOS • 21/8/2011


De olho em um mercado de US$ 10 bilhões, o empresário Bazinho Ferraz abre as cortinas da XYZ Live, empresa de shows, eventos e marketing esportivo

Um avião cargueiro e outro de passageiros. Um batalhão com pelo menos 4,5 mil profissionais entre músicos, empresários, assistentes, engenheiros de som, seguranças e motoristas. Se você estiver na plateia dos shows que o superstar americano Eric Clapton fará no Brasil em outubro, antes de “viajar” nos primeiros acordes do músico, lembre-se de que foi preciso mobilizar toda a estrutura descrita acima até o sagrado momento da apresentação. E pode ter certeza, a brincadeira não saiu por menos de R$ 15 milhões, incluindo cachê do artista, aluguel dos espaços para os shows e providências como a comercialização de ingressos. Clapton faz parte de uma extensa lista de artistas de primeira linha trazidos ao Brasil pela mais nova empresa do ramo de entretenimento do País, a XYZ Live, que nasce com receita estimada em R$ 180 milhões em 2011 e projeção de chegar em 2015 com faturamento de R$ 610 milhões.



O montante significa que a nova empresa vai crescer acima dos 35% ao ano. “Espaço para isso é o que não falta”, afirma Bazinho Ferraz, presidente da XYZ Live. Pelos cálculos do empresário, só o mercado de entretenimento no Brasil deve sair do atual R$ 1,5 bilhão para R$ 2 bilhões de receita nos próximos cinco anos, num ritmo de crescimento de 9% ao ano. Nos esportes, os números são ainda maiores. Com estabilidade política e econômica, população jovem e com dinheiro no bolso, o Brasil virou destino obrigatório para os megashows internacionais. Das dez maiores turnês de artistas estrangeiros realizadas na temporada 2010/2011, nada menos que cinco passaram por aqui. U2, Paul McCartney e Metallica são apenas alguns nomes que atraíram multidões para suas apresentações. E é nesse mercado que a XYZ Live quer surfar. Mas não apenas por aqui: na verdade, a empresa de Ferraz está de olho numa máquina de fazer dinheiro, que arrecadou US$ 10 bilhões em todo o mundo, no ano passado, de acordo com a consultoria americana Pollstar, especializada em show biz. Há um verdadeiro leilão das empresas organizadoras desses eventos disputando cada artista, cada show ou festival. Por isso, quem quiser ser mais do que um mero figurante e obter sucesso nesse mercado tem de se associar a uma empresa internacional com forte tradição na área para entrar nos leilões e vencer o páreo. No caso da XYZ Live, esse papel é da Evenpro, empresa com mais de 26 anos de mercado, com sede em Miami, e sócia da XYZ Live nas megaturnês.Quem comanda a Evenpro é o empresário Phil Rodriguez, que convenceu Amy Winehouse a cantar por aqui em fevereiro deste ano. Para quem acha estranho que a XYZ Live coloque apresentações no currículo que aconteceram antes de a empresa nascer, cabe uma explicação. Desde 2006, o paulista Bazinho Ferraz, 39 anos e formado em administração pela PUC de São Paulo, é sócio do grupo ABC, um dos 20 maiores conglomerados de comunicação e marketing do mundo. Até maio deste ano, ele respondia pelo desenvolvimento das áreas de branding e con-teúdo o que envolve desde a realização de shows, eventos e espetáculos à criação de eventos próprios para as empresas. Foi Ferraz quem idealizou o festival de música eletrônica Skol Beats e o Super Casas Bahia, que mistura vendas de eletrodomésticos com shows de personagens da Disney. O XYZ, portanto, era um braço do Grupo ABC. O negócio deu tão certo que o ABC resolveu dar CNPJ e endereço corporativo próprios à XYZ Live. O spin-off, a transformação da unidade de negócio em empresa independente, está acontecendo agora. Além do Grupo ABC, que tem em sua composição acionária os publicitários Nizan Guanaes, Guga Valente e Sérgio Valente, mais o banco Icatu e o fundo de investimentos Gávea, do ex-presidente do Banco Central Armínio Fraga, a XYZ Live negocia a entrada de um sócio investidor, que deverá aportar cerca de R$ 150 milhões. Com esse montante, a empresa continuará com uma forte política de aquisições meio pelo qual Ferraz prevê o crescimento acelerado dos negócios e também das áreas de atuação. A mais recente operação nesse sentido foi a incorporação da paulista Esfera. Dona da marca 02, a Esfera é uma das principais empresas especializadas em organização de corridas de rua do País, um segmento que movimenta nada menos que R$ 3 bilhões por ano com a venda de material esportivo e de patrocínio. Com um mar tão extenso de possibilidades, seria ingênuo imaginar que a atuação da XYZ Live ficará restrita à organização de shows e à comercialização de espaço para patrocinadores. A nova empresa vai atuar em seis frentes de negócios: entretenimento, cultura, conhecimento/relacionamento, esportes, futebol e moda. Não falta expertise nem alianças com os principais nomes de cada uma dessas áreas. O empresário Paulo Borges, responsável pela São Paulo Fashion Week, e Monique Gardenberg, da Duetto Produções e responsável por turnês como as dos Rolling Stones e de Elton John pelo Brasil, são apenas dois exemplos. Na ampla lista de serviços prestados pela XYZ Live há desde a realização de turnês, como a que trouxe a badalada banda americana BlackEyed Peas ao Brasil até o gerenciamento da imagem de craques do futebol como Elano, do Santos, Ramirez, do Chelsea, e Luizão, do Benfica.



Segundo Ferraz, só nessa seara, já há 50 atletas em negociações e em vias de fechar contrato com a XYZ Live. “Também estamos atuando em patrocínios, venda de ingressos, de direitos de transmissão de eventos e merchandising.” O horizonte das aquisições não ficará restrito ao mercado brasileiro. “Vamos entrar fortes na América Latina, sobretudo na Argentina, no Chile e no Peru”, diz Ferraz. As parcerias também não estão descartadas, como a que a XYZ Live acaba de fechar com a americana Creativity Artists Agency, de Los Angeles. Trata-se da segunda maior empresa de compra de shows e de representação de artistas do mundo.



Com o acordo firmado, a XYZ Live passa a representar os clientes da CAA no Brasil e, na mão inversa, terá seus artistas e esportistas representados pela CAA no Exterior. Com o crescente interesse de empresas e artistas estrangeiros pelo Brasil, as alianças com parceiros fortes na área lá fora é uma questão de sobrevivência. Pois, se a perspectiva é de que não faltem negócios para a XYZ Live, certamente também não faltará concorrência. Com o aquecimento dos negócios, sobretudo nas áreas do entretenimento e do marketing esportivo, quem já estava no mercado tratou de se fortalecer. É o caso da Time for Fun, a maior empresa brasileira do setor, que, em abril deste ano, abriu o capital e conseguiu captar R$ 539,3 milhões na bolsa de valores. Hoje, pouco mais de três meses depois da injeção de recursos, a Time for Fun já registra receita na casa dos R$ 580 milhões. No final do ano passado, foi a vez de os grupos RBS, do Rio Grande do Sul, e as Organizações Globo unirem forças para criar a Geo Eventos. Para completar o time, quem entrou recentemente nesse campo foi o jogador Ronaldo Fenômeno, que, antes mesmo de pendurar as chuteiras, já havia oficializado o lançamento da 9ine, empresa de marketing esportivo e gerenciamento de imagem de atletas. No cenário global, a XYZ Live terá de lutar contra titãs para garantir um lugar no palco. As líderes globais do mercado de shows são a Live Nation Entertainment, seguida de perto por outros gigantes americanos, como a William Morris Endeavor Entertainment, de gerenciamento de artistas. A Live Nation Entertainment, resultado da fusão entre a Live Nation e a Ticketmaster, é a principal empresa de shows do mundo, com faturamento de US$ 5 bilhões em 2010. Ela detém contrato com grandes artistas como o U2, controla casas de espetáculos nos Estados Unidos e administra a venda de ingressos. Além da corrida pelos melhores negócios na área, as empresas do setor travam uma árdua batalha pela compra de companhias menores, mas com nomes consolidados no mercado. A Geo Eventos adquiriu o controle da empresa de seminários HSM. Já a Planmusic teve 60% de seu capital arrematado pela Traffic, a maior empresa brasileira de marketing esportivo. Por melhores que sejam as perspectivas de faturamento no mercado de esportes e entretenimento, a pergunta que fica é: há espaço para tantas empresas? “A indústria do entretenimento e do esporte é uma ótima solução para as marcas que querem se aproximar de seu público”, afirma Clarisse Setyon, da Escola Superior de Propaganda e Marketing. E é nisso que Bazinho Ferraz está apostando suas fichas (leia entrevista abaixo). “Nosso espelho é a CAA, agenciadora do Justin Bieber”, diz Ferraz. Ele lembra que o adolescente sensação do momento foi transformado em filme, seriado e tem sua carinha de anjo inocente estampada nos mais diversos produtos. “Não temos a pretensão de ser os primeiros do mercado”, afirma Bazinho. “Mas queremos que cada uma das áreas de atuação traga um pedaço importante do nosso faturamento. Este é o nosso plano de negócios, a exemplo do que faz o Grupo ABC.” Inquieto, ele não esconde que está se preparando para entrar em mais uma negociação para trazer ao Brasil uma daquelas bandas arrasa quarteirão. Mas isso é só para 2012. Por enquanto, a agenda de shows e eventos comandada pela XYZ Live está muito bem servida.



Entrevista: O homem que trabalha nos bastidores O que não falta a Bazinho Ferraz é experiência na organização de shows e eventos. Aos 15 anos, já era o responsável pelas festas dos amigos. A mãe do empresário, dona Maria Aparecida, costuma dizer que o filho nunca lhe deu dores de cabeça. “Embora goste de uma boa balada, Bazinho soube transformar o gosto em um meio de vida”, diz ela. A seguir, a entrevista que o empresário concedeu à DINHEIRO. Quais são os riscos na realização de megashows? É uma operação gigantesca e não se pode errar nos detalhes. E eles não são poucos. Não se pode marcar um show a céu aberto numa época do ano em que são grandes as possibilidades de chuva. A venda de ingressos deve ocorrer próxima às datas tradicionais de pagamento de salários. Você precisa calibrar muito bem o tamanho do espetáculo com o preço do ingresso para não correr o risco de ter prejuízo ou de ter pouca gente na plateia. Mas tudo isso tem de casar com a agenda do próprio artista. Quem assiste a um megaespetáculo não tem ideia do que se trabalhou nos bastidores para chegar até ali. Por que os ingressos custam tão caro no Brasil? Primeiro, por conta da logística de transporte. Para um grande nome internacional se apresentar nos Estados Unidos ou na Europa é muito fácil. Tudo é perto. Um artista como Eric Clapton pode rodar a Europa em uma semana. Aqui não. Aqui as distâncias são enormes e não há infraestrutura de transporte. Isso encarece, e muito, qualquer apresentação. Nos Estados Unidos, um grande show se sustenta sem ajuda de patrocinadores. No Brasil, isso é impossível. Para as empresas, qual é a vantagem em investir grandes somas para trazer ao Brasil um Justin Bieber, por exemplo? Antes de mais nada, é preciso verificar a pertinência entre o artista, ou o evento, e o público que a marca quer atingir. A empresa ou a marca patrocinadora ganham também com a exposição na mídia e, depois, podem usar o evento para ações de relacionamento com quem interessa para elas. Podem levar clientes para uma área VIP num show, como o do Justin Bieber ou do Eric Clapton. Podem fazer promoções para premiar consumidores. Enfim, as possibilidades são enormes e há uma coisa importantíssima nisso tudo: a experiência que a marca ou a empresa vai gerar para o público que quer alcançar, seja ele o consumidor ou um cliente importante. O patrocínio é a única fonte de receita dos eventos? É, talvez, a mais importante. Mas não é a única. Há os ingressos e tudo o que gira em torno do artista. É nisso que estamos trabalhando. Estamos ampliando as possibilidades de explorar um artista, um evento como forma de dar visibilidade às marcas. Sua meta é transformar a XYZ Live na maior empresa de eventos do País? Sinceramente, isso não é o mais importante. Pode acontecer, naturalmente, mas, no nosso plano de negócios, a meta é que cada área da XYZ Live traga um pedaço importante do faturamento. Estamos em marketing esportivo, em shows, eventos empresariais, com a realização de fóruns e seminários, e temos moda, como a São Paulo Fashion Week. Enfim, temos atuação em áreas importantes e, se nos tornarmos os maiores, será mera consequência do trabalho que estamos fazendo e não por ser um objetivo perseguido. Como está a infraestrutura para shows no Brasil? Falta tudo aqui. Não temos arenas, as estradas para deslocar equipe e aparelhagem são ruins. Mas creio que esse quadro se reverterá com as obras que já estão sendo feitas para a Copa do Mundo e para a Olimpíada.
Colaborou Rafael Freire

Escravos da moda


ISTO É (SP) • COMPORTAMENTO • 21/8/2011
Exploração de trabalho em condições degradantes em fábrica de fornecedoras da grife Zara em São Paulo mancha reputação da marca espanhol. A trajetória ascendente da grife espanhola Zara levou seu fundador, Amancio Ortega, ao posto de sétimo homem mais rico do mundo, com uma fortuna estimada em US$ 31 bilhões. O frisson provocado pela entrada no mercado brasileiro, em 1999, transformou a marca em item obrigatório no closet das consumidoras de classe média. Mas uma mancha surgiu em meio à tamanha opulência. Na semana passada, fiscais do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) descobriram um esquema de utilização de mão de obra escrava em três fábricas de fornecedoras da Zara, em São Paulo, nas quais 68 trabalhadores recebiam poucos centavos por peça produzida em condições subumanas.
O caso rapidamente tornou-se o assunto principal nas redes sociais e um dos tópicos mais comentados do Twitter. Críticas severas, avisos de boicotes e piadinhas como “o diabo veste Zara” se reproduziram de maneira viral. Tragada pelo escândalo, a controladora do grupo, a Inditex, que faturou US$ 15,8 bilhões em 2010, emitiu nota eximindo-se de culpa: “Ao ter conhecimento dos fatos, a Inditex exigiu que o fornecedor responsável pela terceirização não autorizada regularizasse a situação imediatamente. O fornecedor assumiu totalmente as compensações econômicas dos trabalhadores tal como estabelece a lei brasileira e o Código de Conduta Inditex.” A empresa disse estar disposta a colaborar com as autoridades brasileiras.
Mas Zara terá que fazer muito mais para limpar sua reputação, da mesma forma que outras multinacionais do ramo da confecção, envolvidas em exploração de trabalhadores em condições degradantes. “É uma crise de caráter. Os consumidores identificam a empresa com desonestidade, com má-fé. O primeiro erro já foi cometido após a crise: transferir a culpa para fornecedoras”, afirma José Eduardo Prestes, consultor há 12 anos em gestão de crise e professor de pós-graduação da Escola Superior de Propaganda e Marketing. “A proporção que o escândalo atingiu exige que a liderança mundial da empresa, Amancio Ortega, se posicione publicamente.” Segundo Prestes, a empresa deveria mostrar que medidas foram tomadas para sanar o problema.
Palavras não deverão ser suficientes para impedir que os responsáveis pela Zara respondam por ações penais no Brasil, cujo crime de utilização de trabalho escravo está tipificado no Código Penal. A investigação conduzida pelo Ministério Público do Trabalho e pelo MTE começou em maio, na cidade de Americana, interior paulista, onde se descobriu uma oficina com 52 funcionários (46 bolivianos, cinco brasileiros e um chileno) trabalhando em péssimas condições e com remuneração mínima. Metade da produção da fábrica, que foi fechada na época, era destinada à grife espanhola. O resto, segundo a procuradoria, era das marcas Ecko, Gregory, Billabong, Brooksfield, Cobra d’Água e Tyrol, que serão instadas a regularizar a situação. A apuração levou ao descortinamento de toda uma cadeia produtiva, na qual os direitos mais básicos do trabalhador eram desrespeitados. Tornou-se comum, no Brasil, aliciar bolivianos e colocá-los em locais insalubres para a fabricação de vestuário popular. A prática ilegal chegou ao mundo das grifes.
Em duas oficinas, 16 bolivianos amontoavam-se em um espaço exíguo entre enormes volumes de peças, em meio à sujeira, falta de ventilação e com fiação elétrica exposta. Não havia descanso. A jornada diária era de até 16 horas e a remuneração, irrisória. O dono da oficina recebia apenas R$ 6 por calça jeans fabricada. Deste valor, apenas um terço era dividido para os trabalhadores. Na loja, a mesma peça é vendida por R$ 135, em média. No Brasil, a Zara possui 31 lojas e 50 fornecedores fixos. “Os trabalhadores estavam submetidos a condições análogas à de escravo. A Zara é responsável direta, pois toda a produção era destinada à empresa”, afirma Fabíola Junges Zani, procuradora do Trabalho. As multas podem chegar a R$ 1 milhão. 

sábado, 6 de agosto de 2011

Pesquisador defende a interdisciplinaridade

O Instituto Claro conversou com Fernando Velázquez, e ouviu o que o artista pensa sobre as relações entre educação, artes, ciência e tecnologia




Credito: Mauro Panini / Portal Instituto Claro


Velázquez faz demonstração de live performance, dinâmica em que o artista interage com suas instalações
Mal subiu ao palco de um centro cultural paulistano para um workshop de arte interativa que conduziria, e o artista multimídia Fernando Velázquez deixou claro para o público ali presente a linha de ensino e aprendizagem que defende. “Esta sala não está no formato ideal, pois o espaço não favorece uma discussão horizontal. Eu estou aqui na frente e vocês aí sentados, e isso nos passa a ideia de que estamos distantes, quando na verdade o que quero aqui é promover uma troca”, observou.

Pesquisador do programa de doutorado em Comunicação e Semiótica da PUC/SP, Velázquez é professor de pós-graduação e faz parte do grupo que reconhece que o papel de quem conduz as salas de aula deve ser mais próximo ao de um orientador do que ao de um ‘oráculo’. Embora esta seja uma linha comum entre professores imersos na cultura digital - como é caso de Velázquez, que se debruça sobre o tema da interatividade mediada pelas tecnologias desde 2003 -, não é um pensamento exclusivo dos tempos atuais. O educador Paulo Freire já escrevera, nos anos 70, que “ninguém educa ninguém, ninguém educa a si mesmo, os homens se educam entre si, mediatizados pelo mundo.” O que há de novo nesse discurso é a forma como as diversas áreas do conhecimento se relacionam na cultura digital e a liberdade que ganham pela possibilidade de realizar conexões em um mundo interconectado.

Velázquez comenta que está sempre em conexão com outras pessoas da sua área e de áreas distintas, e defende o trabalho com equipes multidisciplinares. “Hoje precisamos saber de muitas coisas, e as tecnologias nos ajudam nisso, mas não há como saber tudo de forma aprofundada, o que não significa que não sabemos de nada. Se eu tenho um tema de interesse, vou a fundo, de forma ampla. A partir dele, trabalho com a interdisciplinaridade”, esclarece o artista.

Ele lembra que o conhecimento hoje não está em gavetas, tudo está interconectado, e que a tecnologia está criando um imaginário novo. “As pessoas que querem criar, criam, porque podem descobrir recursos tecnológicos sozinhas, aprendem a programar. Isso vemos em maior parte no pessoal mais jovem. Mas, nesse cenário, vemos que vai diminuindo o preconceito em geral. O artista não é aquele com uma aura, que carrega o glamour. O artista hoje é um pesquisador. E todos podem ser. Eu posso investir em um jovem que faz algo interessante, que eu identifico como arte. Mas, claro, para evoluir, aquele jovem que estava apenas experimentando vai precisar estudar”, destaca.
Fonte: www.institutoclaro.org.br

O Instituto Claro



A Claro acredita que as novas tecnologias da informação e comunicação (TICs) facilitam a vida das pessoas e, somadas ao poder transformador da educação e à força propulsora do empreendedorismo, potencializam o desenvolvimento sustentável. Por isso, o Instituto Claro tem a missão de fomentar:

1 - O empreendedorismo que gera novas formas de aprender pelo uso das TICs.

2 - A formação de empreendedores que inovam utilizando as TICs em suas iniciativas.

O Instituto Claro tem como causa ‘Empreender para Educar e Educar para Empreender’ para contribuir com as necessidades da sociedade contemporânea.



DIRETO DA ESCOLA



Uma questão de consciência



Dia 5 de junho foi o dia do meio ambiente. Muitas pessoas não têm o conhecimento dessa data, e aquelas que têm, não tiveram ainda motivos para comemorar.

A falta de consciência de grande parte da população vem prejudicando o meio ambiente, o que faz uma pequena parte lutar e procurar ajudar a preservar o meio em que vive.

É necessário fazer com que toda a população seja atingida pela reflexão das ações que vêm degradando o meio ambiente e tentar reverter essa situação, antes que seja tarde.

Uma notícia que nos chamou a atenção no mês do meio ambiente, foi sobre as casas na margem da represa de Alagados, que abastece a cidade de Ponta Grossa, pelas quais há uma briga na justiça para saírem de lá. Um caso que mostra uma triste realidade e nos faz refletir sobre a falta de consciência do ser humano sobre o meio em que vive e a fragilidade das leis que não se fazem cumprir. Notícias como essa vêm se tornado comum e parece que nos acostumamos a elas como ‘comuns’.

É urgente a necessidade de conscientização da população em relação à preservação ambiental e uma maior preocupação por parte das autoridades em promover ações que contribuam para isso. O que desejamos e esperamos é ver nos jornais apenas notícias boas sobre o meio ambiente.

http://www.jmnews.com.br/noticias/vamos%20ler/21,11365,02,08,pesquisador-defende-a-interdisciplinaridade.shtml acesso em 6 de agosto







terça-feira, 19 de julho de 2011

Cássia Kiss detona colegas globais que exageram no botox

R7
Em entrevista à revista Veja, a atriz comentou que é contra cirurgia plástica e outros procedimentos estéticos.
- Detesto plásticas e botox. Odeio também quem faz. É lamentável ver como minhas colegas de profissão ficam horrorosas.
Uma atriz de O Astro, que é uma das campeãs de botox na TV, ficou incomodada com a declaração de Cássia Kiss. Vai ver ela achou que era indireta...
Ainda bem que Cássia Kiss não citou ninguém de outras emissoras, senão Amaury Jr. e Eliana também poderiam se sentir ofendidos.
No ar em Morde & Assopra, Cássia praticamente tem carregado a novela nas costas. Ela e sua interpretação impecável estão roubando a cena na trama.

disponivel em: http://www.midianews.com.br/?pg=noticias&cat=6&idnot=57460 acesso em 19 de julho
AS ESTRELAS TAMBÉM FALAM SOBRE O ASSUNTO!!!!!!!!!!!!!!

A DOENÇA DO CONSUMISMO

Daniel Piza - O Estado de S.Paulo


Folheio um livro que minha filha de 9 anos pediu para comprar, indicado por uma coleguinha, Monster High, de Lili Harrison (sim, título em inglês, editora brasileira ID), e me espanto com o número de grifes citado por página. É uma história de meninas numa cidade que estaria sendo ocupada por monstros, algo assim. Quando um carro passa em velocidade, não é isso que lemos, mas que "um utilitário esportivo verde, BMW, passou em velocidade". Se um menino monta barraca no acampamento, somos informados de que se trata de "uma barraca cáqui da Giga Tent". Se uma bolsa é apoiada, ficamos sabendo que ela também é verde, afinal a dona leu que "o verde é o novo preto" em alguma matéria ou anúncio (quando, obviamente, se pode distinguir uma do outro nas revistas). Celebridades como Shakira, Beyoncé e Feist são enumeradas. Um figurino pode ser "punk-gracinha"; um móvel, "Calvin Klein cor de berinjela"; a echarpe, "cor de fúcsia". Celulares tocam e posts tuítam o tempo todo, qualquer pessoa com mais de 30 é "velha" e a protagonista, uma adolescente que se chama Melody e fez cirurgia plástica no nariz.

Mas pulo para o final do livro e Melody diz a um amigo que "quando temos aparência diferente e as pessoas gostam de nós do mesmo jeito, sabemos que é pelos motivos certos" - ou seja, não por serem bonitas ou estilosas, prontas para "roubar o namorado delas". Depois de 380 páginas, portanto, eis a lição: "Quero que as pessoas parem de ter tanto medo das diferenças umas das outras". Bem, isso é no mínimo desonesto: se os gostos não dependem das aparências, por que insuflar de tal modo o frenesi consumista dos leitores mirins? Não é muito diferente de um seriado de TV como Pretty Little Liars, que interessa às espectadoras muito menos pelas questões existenciais do que pelos figurinos e penteados que as bonitinhas desfilam. Na escola da minha filha, há alunas que comemoram o aniversário ganhando dos pais um passeio de limusine e que não têm uma ou duas bonecas de determinada marca americana, mas 17 delas, e ainda organizam festas exclusivas para as coleguinhas que tenham a tal boneca.

O mundo da publicidade e da moda vive de alimentar esse consumismo, claro, e não por acaso ele é dirigido cada vez mais ao mundo infanto-juvenil, apostando em crianças mimadas que vão pressionar os pais a ter o que as outras têm, o que significa que dão pouco valor ao que já têm. Também não é por acaso que adultos se comportam cada vez mais como adolescentes tardios, como garotos de bermuda que não levam a vida a sério e mal sabem articular frases banais. E para eles os estilistas criam, ou melhor, copiam camisetas com estampas de araras ou coisas do gênero; vi outro dia na TV, por sinal, um deles usando uma camiseta com desenhos que imitam aquelas infames roupas de marinheiro que antigamente os pais impunham a crianças que não tinham poder de escolha... Será que, de tanto serem tratados com propagandas "Custa apenas R$ 99,99" (nunca dizem "cem"), os cidadãos se acostumaram a ser enganados? Isso explica também a cultura do Photoshop, que transforma celebridades em deusas de cera.

Essa infantilização do consumo tem muitas consequências visíveis em nosso tempo, como a ansiedade, que faz as pessoas cada vez buscarem mais muletas emocionais para a tal autoestima (de pílulas a plásticas, de vícios a fobias, de superstições a religiões), inclusive depositando grande expectativa em relacionamentos mais virtuais que reais. Há também o que já chamei de patrulha das aparências, em que uma pessoa exibir barriguinha ou ruga é algo condenado com sarros ou olhares, levando especialmente as mulheres a injeções e aspirações que só as deixam piores, para não falar das roupas de perua ou anacrônicas. Talvez mais sério ainda, cria uma exigência financeira que apenas uma minoria pode bancar; a maioria fica devendo ao banco mesmo, comprando objetos e carros em parcelas absurdas. Por fim, o convívio inteligente é afetado, aquele que pede cultura, maturidade, simplicidade e senso de ironia. Como as grifes, as opiniões são iguais, compradas na mesma gôndola mental.

PARA LER E REFLETIR SOBRE O ASSUNTO. COMO PROFISSIONAIS DE COMUNICAÇÃO SOMOS CORESPONSÁVEIS POR ESSE PROCESSO NA SOCIEDADE!

domingo, 26 de junho de 2011

Copia FIel



18/05/2011

Cópia Fiel



Em "A obra de arte na era de sua reprodutibilidade técnica" Walter Benjamin discute o valor da cópia de uma obra. Aliás, a discussão que serve de ponto de partida para o filme Cópia Fiel, do iraniano Abbas Kiarostami, é uma das bases da teoria da Pós-Modernidade onde a busca pela idéia original parece não existir mais, tudo é uma recriação de algo que já existe. Mas, como nem a teoria da Pós-Modernidade é completamente aceita, já está até ultrapassada em muitos pontos, a discussão de original e reprodução ainda rende muito pano para manga.



O mais interessante em Cópia Fiel é que essa discussão parece não ter muita importância, o que Kiarostami faz conosco é construir um exemplo perfeito do que é real ou imaginário, o que é original e apenas uma imitação. E não utiliza para isso obras de arte, mas uma situação de vida. Afinal, quem são Elle e James Miller? Dois estranhos brincando de interpretar? Um casal com quinze anos de convivência? Dois velhos conhecidos do acaso em uma época em Florença? Tudo o que temos é o que Kiarostami nos dá e tudo o que ele nos dá é uma palestra em uma cidadezinha de Toscana, um livro lançado, um bilhete e um passeio em um dia ensolarado onde pistas e revelações serão passadas nos detalhes.



É interessante perceber a condução do diretor roteirista que não quer que nos prendamos à discussão interminável que James Miller, interpretado por William Shimel, colocou em seu livro. Ele defende o valor da cópia, como os pós-modernistas, mas seu discurso de apresentação da obra fica completamente em segundo plano com a presença de Elle e seu filho na platéia. Não apenas pelo talento da atriz Juliette Binoche, que realmente brilha em cena, mas pela forma como sua câmera nos conduz a prestar muito mais atenção nela, na preocupação com o filho em pé no canto e nos cochichos com o organizador do evento do que no conteúdo do discurso do escritor. Não que o que ele diga não seja importante, ou possamos perceber. Mas, é quase uma dica do diretor para que não nos preocupemos tanto com isso, o que ele nos reserva é algo mais instigante. Não importa saber se a obra é ou não original, mas se nossa vida é uma reprodução de convenções já estabelecidas.



Fora da palestra, começamos a ter pistas de que nada é o que parece. Primeiro, James fica incomodado na loja de Elle, com tantas obras de arte, ele deveria se interessar, não? Depois, ela o leva a um museu onde um quadro venerado por anos como uma autêntica obra romana foi descoberta como reproduzida por um falsário napolitano, seria uma deixa para a comprovação da teoria do filósofo, mas ele não parece nem um pouco interessado naquilo. Em um momento posterior, quando Elle e James Miller estão no carro, ele tenta convencê-la de que sua teoria tem sentido através do exemplo da simplicidade da irmã da moça, Marie. A sensação se repete, os detalhes no carro se tornam mais atraentes aos nossos olhos. É o desconforto dele autografando os livros no colo, enquanto o carro anda. Os gestos de ambos, sempre em planos fechados. Ou, principalmente, o reflexo dos prédios e casas por onde passam no vidro do carro. Em determinado momento, o reflexo fica tão forte que cobre completamente os rostos de ambos, deixando apenas o centro do carro visível.



Esse jogo de reflexos por espelhos e janelas é bastante utilizado durante todo o filme, dando essa sensação de nunca estamos vendo o real, mas apenas seu reflexo em alguma superfície da vida. Interessante perceber também que eles sempre parecem olhar de fora. É na cena da foto, onde vemos por uma fresta da porta, ou na cena da praça, onde ele espera ao lado de espelho enquanto ela conversa com um casal e vemos através de seu reflexo essa conversa. Ou na cena do restaurante, onde ela vê tudo através do vidro. A vida está tão condicionadamente escondida pelos reflexos que, em determinado momento, James diz que por estarem discutindo estão perdendo a bela paisagem da Toscana. Só então, nosso olhar sai do carro e vemos a paisagem em uma câmera subjetiva. É um passeio bonito, um dos poucos momentos em que temos um plano mais aberto. E serve para o escritor completar a teoria com o exemplo das árvores no caminho.



Várias discussões filosóficas cercam o filme, é verdade, mas o principal de Cópia Fiel é nos fazer pensar através do exemplo. É um jogo onde não encontramos respostas prontas. Somos levados, assim como a vida, onde nunca sabemos o que é uma reação original ou apenas uma representação, a exemplo do sorriso da Monalisa que ele cita. Um belo filme, que rendeu a Palma de Ouro no Festival de Cannes de 2010 para a francesa Juliette Binoche.

disponiivel em http://www.cinepipocacult.com.br/2011/05/copia-fiel.html acesso em 26 de junho

Cópia Fiel dá um nó nas teorias de arte de Walter Benjamin



By: Dimas Tadeu



É com certo sobressalto e um pouco de desconfiança que Walter Benjamin observaria, abismado, sua obra ser invertida. Como quem não quer nada e com a serenidade que só o tempo tem, ele veria o cinema, a pura técnica de seu tempo, pura reprodução, o Ipad do fin de siècle, fazendo de Frankfurt, salsicha.



Talvez ele até se reconhecesse em James Miller (William Shimell), o estudioso de arte que lança um livro sobre o valor da cópia como possuidora de valor estético próprio. Afinal, na época de sua reprodutibilidade técnica, a obra de arte perdeu a aura, já anunciara Walter Benjamin. E, depois disso, o valor lhe é dado pelo olhar de quem observa, completaria James, todo trabalhado no estruturalismo. Até aí tudo bem. James e Benjamin poderiam dividir cerveja e teoria sem maiores discussões. Mas aí Elle (ela? Juliette Binoche, com certeza) entraria no meio da conversa. E bagunçaria tudo.





É preciso um pouco de alegoria e frescura para dar uma pequena ideia do riscado de “Cópia Fiel”, do Abbas Kiarostami. Quem conhece o diretor e seus planos-sequência (aqui temos um de 12 minutos!) sabe que não é muito de enredo que vive sua obra. Roteiro pressupõe “rota”. Espaço. E não é de espaço que o iraniano precisa para mandar seu recado. Aliás, nunca foi. Kiarostami precisa de tempo. É um obcecado pela captura do agora, do instante, do “gosto de cereja”, aquele momento em que a folha daquela árvore ali à direita balançou.



Ainda namorando o realismo cinematográfico (e o neo-realismo, que imprime ecos distantes de Pasolini ao filme), o diretor faz a profundidade de campo extrapolar a imagem. Faz a personagem falar do que está fora de quadro. E o que está fora do quadro se faz ouvir aqui, no que está enquadrado. Está tudo lá, na tela: uma cópia fiel.





E Benjamin ficaria satisfeito em ver o cinema, técnica por excelência, reproduzindo a obra de arte do real, da experiência, do tempo. Também é assim com James, que apenas tinha ido à Toscana para fazer uma palestra sobre seu livro. Mas James encontra Elle pelo caminho. Que o convida para um passeio por um pequeno vilarejo italiano enquanto contesta suas ideias, de forma cada vez mais incisiva. Os diálogos vão nos conduzindo ora pela história da arte, ora por questões banais, até que, de repente, Kiarsotami resolve contestar Benjamin (que, a rigor, nem faz parte dessa história).



Depois que a dona de um café dá conselhos a Elle, acreditando que James seja seu marido, os dois começam, sem prévio aviso, a representar os papeis de um casal que se reencontra depois de 15 anos. Está puxado o tapete. A cópia do real não é mais fiel. É tudo jogo de representação… E já não era?





Se estão fingindo? Que importa? São dois atores, não são? E muitos bons, por sinal, porque Juliette Binoche faturou o prêmio de melhor atriz em Cannes com esse papel. O que, vale dizer, não anula o fato de serem fingidores, daqueles que Fernando Pessoa bem gostava. São atores também Elle e James, imagem e semelhante de Binoche e Shimel. Uma pessoa que é uma outra, que é uma outra… Talvez não esteja tão longe assim do real. Mas se distancia bastante daqueles personagens do cinema clássico, cuidadosamente pensados para serem coerentes. Ou com incoerências cuidadosamente pensadas para fazê-los parecer mais humanos. Aqui não parece, apenas é: são dois atores.



E, nessa bagunça um pouco absurda, Kiarostami virou a mesa de Benjamin. É ali, naquele turning point contestatório em um café toscano, que o nosso dileto filósofo ficaria um tanto ressabiado e começaria a desconfiar do seu interlocutor iraniano – pura coincidência que Benjamin seja judeu. A “cópia fiel” não é reprodução técnica: é artística! E se a aura saiu da obra de arte, talvez tenha ido pairar justamente em torno de seu carrasco pego em flagrante: a técnica.
E aí, num golpe de mestre, o cinema, essa “máquina” de reproduzir (trazendo a reboque a televisão, o computador, os games e tudo o mais), se recria. Faz arte. Só através dele – e de seus copiosos tentáculos – se torna possível capturar aquela essência humana presente no filme, indescritível em palavras porque, justamente, depende da técnica cinematográfica para se fazer entender. De uma técnica diferente, surgida de uma anterior e que, em sua originalidade, é artística. “Cópia fiel” é isso: a técnica que se copia – se reproduz – através da arte. Por essa, Benjamin não esperava. Muito menos a história do cinema.

http://pipocamoderna.mtv.uol.com.br/?p=72735 ACESSO EM 26 DE JUNHO
OUTRA OPONIÃO. POR ISSO VALE A PENA VER O FILME

Copia Fiel com Juliette Binoche

Cópia autenticada. por Por Vlademir Lazo




No primeiro filme rodado fora de sua terra natal, o iraniano Abbas Kiarostami teve este Cópia Fiel saudado como um retorno a um cinema mais narrativo, em comparação ao que o diretor vem fazendo nos últimos anos. Pode ter mudado a moldura do seu cinema (paisagens européias, nenhum iraniano em cena, uma estrela mundialmente conhecida), representando uma bela porta de entrada para o espectador que até então nunca havia tido contato com o seu estilo, porém o diretor permanece o mesmo, tão grande e simples como sempre foi em sua filmografia.
Copia Fiel é o filme ocidental de Kiarostami, este iraniano cuja obra sempre ressoou de maneira tão universal, mas no fundo se trata de um prosseguimento aos experimentos que tem realizado na última década (Dez [Ten, 2002], Cinco [Five, 2004], Shirin [idem, 2008]). Se a condição em que o filme foi realizado pode ter gerado certa confusão antes do seu lançamento, na tela Kiarostami prossegue um autor sempre disposto a nos desconcertar. E o que é um filme em torno de discussões sobre cópia e originalidade na arte e na vida pode se transformar depois em um dos grandes filmes sobre casais.
Kiarostami gosta de filmar itinerários. O passeio do casal e a sua interação em cena fizeram com que desde as suas primeiras exibições em Cannes os críticos invocassem Antes do Pôr do Sol (Before Sunset, 2004), de Richard Linklater, acerca das conversas dentro do carro (num recurso estético proveniente de um procedimento comum em Kiarostami, o dos efeitos obtidos através de personagens conversando ou simplesmente guiando um automóvel) e das caminhadas entre as estradas e as ruas pela região da Toscana, além de visitas a museus e restaurantes. James Miller (William Shimell) não terá muito tempo na Itália antes de voltar para a Inglaterra, mas viaja pelas proximidades do local em uma tarde com Elle (Juliette Binoche), uma francesa que reside no país com seu filho, após a conferência proferida pelo escritor sobre o seu novo livro, que discute conceitos de originalidades, as noções de falso e autêntico que sempre existiram, e de que com o conceito de originalidade vem a necessidade de autenticidade, de uma identidade cultural. Em sua palestra, e mais adiante no trajeto percorrido com a mulher, o escritor declara que cópias são importantes, porque reconduzem ao original, e dessa forma atestam o seu valor. Mas deixa claro que essa abordagem não se dá somente em arte, mas se estende ao comportamento humano.
chega a ser uma discussão nova no cinema (mas há algo nesse mundo que ainda seja novo ou tudo está por ser reescrito ou refeito?). A questão permeia, por exemplo, a carreira inteira de Orson Welles, especialmente em seu filme final e testamento, Verdades e Mentiras (F for Fake, 1974), onde tomando como exemplo uma pintura, questiona sobre qual a distinção entre o pintor verdadeiro e o falsário, para responder: “nenhuma”, desde que a falsificação seja boa, concluindo que um falsário de talento é um artista tão verdadeiro quanto o original. O crítico Inácio Araújo, em um texto antigo sobre Welles, completa dizendo que o cineasta era “alguém que tomava a farsa como questão e a arte como uma espécie de farsa”. O que nos é dado a ver em Cópia Fiel não é outra coisa senão essa crença revelada em cada gesto, cada movimento, em todas as nuances e nas excelentes atuações dos atores centrais, tão naturais e à vontade em cena, como numa empatia e autenticidade feitas sem a consciência de que havia uma câmera filmando-os, com Kiarostami conseguindo, quase como num milagre, fazer-se oculto quando, no entanto, sabemos que sua mão está ali, o tempo todo, numa assinatura tão maior quanto for sua discrição, ou sua aparência de invisibilidade.
A entrada de elementos externos que redirecionam a trama dará lugar à materialização dos conceitos debatidos no começo do filme (daqui em diante ocorrem spoilers no texto, então recomendo que os leitores que não viram o filme e se incomodam em saber de antemão muito sobre o mesmo não sigam em frente). James e Elle estão num local antes deserto, mas que de repente se torna repleto de gente. Passando por um café, encontram outro casal que o tomam como marido e mulher, e passam a encenar uma série de variações de relações conjugais, alterando a percepção que o espectador carregava até então sobre os personagens. Não uma reviravolta em cima de um segredo, de truques e trapaças, no intuito de surpreender o público, como em algum suspense hollywoodiano, mas sim um mistério que se esconde e impede sua revelação, e também a vontade de problematizar o filme por inteiro em volta da transformação de uma mentira em uma verdade na tela.
Assim, o filme vai desenhando e apresentando diante de nossos olhos sua própria estrutura. Ao recapitularmos mentalmente o que víamos até então, ou mesmo revendo-o mais tarde (e Cópia Fiel é um filme que pede que se retorne a ele mais vezes), se torna mais sugestivo que James e Elle podem sim ser um casal de verdade cuja distância amorosa que mantinham um do outro impedia o público de enxergar ali um relacionamento. Os atores hesitam, tremem, se tornam nervosos, se intimidam, tudo contribui para levar ao extremo da intensidade dramática e conceitual a proposta do filme, ameaçando os limites entre a verdade suposta do fingimento e a simulação de verdades escondidas. Quanto mais emocionante Cópia Fiel se torna mais exato o seu jogo conceitual se revela.
Cópia Fiel se torna puro melodrama e já não importa se os personagens de Juliette Binoche e seu parceiro em cena fingem ou não ser um casal; o que de uma forma ou outra enxergamos ali é a crise entre um homem e uma mulher expressa com grande vigor na tela, e o material humano se tornando o eixo dramático do filme. Trata-se de (mais) uma obra singular de Abbas Kiarostami. É como se depois de duas décadas de seus filmes serem descobertos na Europa, quando então passou a ser comparado a Roberto Rosellini, o cineasta finalmente realizasse o seu Viagem à Itália (Viaggio in Italia, 1954). E faz uma cópia fiel de si mesmo (do seu cinema), evoca outros mestres, e por fim, irrompe belo e original.

disponivel em http://www.cineplayers.com/critica.php?id=2130 acesso em 26 de junho
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quarta-feira, 22 de junho de 2011

Meia Noite em Paris PARABENS W. ALLEN

Meia Noite em Paris


17.06.2011

Thais Nepomuceno Compartilhar



Em 2005, as produções de Woody Allen migraram para a Europa. De lá pra cá, seus longas deixaram a cinzenta Nova York, a exceção de Tudo Pode Dar Certo, os últimos filmes do diretor são todos com sotaque. Londres foi a primeira cidade presenteada, com Match Point; sendo sucedida pela comédia romântica Scoop, depois Sonho de Cassandra e depois com outra comédia romântica Você Vai Conhecer o Homem dos Seus Sonhos. Já Barcelona, teve Vicky Cristina Barcelona (que rendeu a Penélope Cruz o Oscar de Melhor Atriz Coadjuvante). Essas cartas de amor às cidades européias reforçam o olhar esquizofrênico que o cineasta tem delas.
Paris já foi contemplada com uma carta apaixonada através de Todos Dizem Eu Te Amo; que além de homenagear a cidade mais romântica da Europa, fazia reverenciava aos grandes musicais. Mas agora, a Paris apaixonada e musicada dá lugar a uma intelectualizada. Em Meia Noite em Paris, Woody volta ao seu gosto nonsense e presenteia os espectadores com possíveis encontros entre os grandes artistas da história da literatura, artes plásticas e da música; em plena Paris da década de 20.



Na trama, o jovem casal Inez (Rachel McAdams) e Gil (Owen Wilson) visitam a cidade; ele um escritor de roteiros de filmes pipoca, cansado de escrever para Hollywood e ingressado numa jornada em um romance; já ela é prática e quer colher os frutos de ter um futuro marido com estabilidade financeira. Owen é o alter ego da vez. A musa é Paris, que inspira não apenas o cineasta, como seu personagem. Owen parece que sempre fez filmes de Woody Allen, e que sempre gaguejou, que sempre foi niilista e neurótico. E que é um escritor apaixonado pelos artistas da década de 20.



Já a cidade, parece mais romântica ainda. O longa gira em torno da relação de Gil com Paris, todos os dias à meia noite, ele volta à sua verdadeira Idade do Ouro, a década de 20; e tem encontros fantásticos com Ernest Heminghay, Zelda e Scott Ftizgerald, Pablo Picasso, Gertrude Stein, Cole Porter, Henri Matisse e Luis Buñel. Mas é com Salvador Dalí (Adrien Brody) que ele tem o diálogo mais divertido de toda a trama, onde o tema central são rinocerontes. Brody é outro que incorporou o mestre do surrealismo e mostro sua verdadeira veia cômica.



O nonsense toma conta dos diálogos e as referências vem nas conversas, com citações à Miró e Mark Twain (entre muitos outros). Os apaixonados por arte é uma deliciosa comédia. Se em Você Vai conhecer o Homem dos Seus Sonhos, Allen parafraseava Shakespeare, afirmando que “a vida é cheia de som e fúria, contada por um louco e no final não significa nada”; onde mostra confusões amorosas de uma família; aqui em Paris, ele mostra o quanto as pessoas são nostálgicas e saudosistas a ponto de vangloriar épocas passadas.







Como nosso protagonista Gil, que em seu retorno, encanta-se por Adriana (fetiche de Mondigliani e Picasso); que por sua vez, tem como sua Idade de Ouro a Belle Époque; onde encontra Degas e Gauguin (que acreditam que a Renascença seja a Idade de Ouro). Revelando a eterna insatisfação do ser humano com o presente e que sempre haverá a Idade de Ouro, mesmo que estejamos vivendo nela.



Meia Noite em Paris revela um Woody mais divertido, menos preocupado, mais despretensioso, muito nonsense e com um alter ego que fala diretamente da boca de seu criador. Mais uma visão esquizofrênica e divertida do cineasta para a Europa.
DISPONIVEL: http://www.cinepop.com.br/criticas/meia-noite-em-paris_101.htm


UM ELOGIO AOS ESCRITORES, PINTORES E ARTISTAS DOS ANOS 30.... QUE COMPLETAM A SOLIDÃO DE UM INDIVÍDUO CONTEMPORÂNEO. pARABENS wOOD aLLEN, MAIS UMA VEZ ME FEZ SAIR FELIZ DO CINEMA




Crítica - O Homem ao Lado



















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Crítica - O Homem ao Lado
17 de maio de 2011







Que atire a primeira pedra aquele que, se não chegou às vias de uma briga verdadeira, já não teve ao menos uma porção do mais intrínseco e puro ódio por um vizinho. Coexistir em um mesmo espaço nunca foi uma tarefa propriamente fácil para os seres humanos, e vivendo em realidades urbanas cada vez mais apertadas, se entender com o "outro" é uma necessidade essencial para uma vida com mais qualidade. E não é exatamente pacífica a convivência dos vizinhos argentinos de O Homem ao Lado. Leonardo é um designer e professor que se tornou mundialmente conhecido pela criação de uma cadeira várias vezes premiada, e que agora vive de sua fama, com sua esposa e filha, em uma famosa casa de Buenos Aires. A casa, em que se passa toda a história, é a única em toda a América Latina assinada pelo mestre do modernismo Le Corbusier, e representa todo um ideal de habitação funcional e estética clean.





O conflito começa quando o vizinho de parede de Leonardo, Victor, começa a abrir uma janela que dá diretamente para a casa do professor, e de onde se tem um ponto de vista privilegiado do interior da casa – já que a habitação é caracterizada por grandes janelas, vidros e passagens de luz. Assim surge o primeiro contraste do filme, pois a necessidade de Victor pela janela é justamente capturar alguns raios de sol para sua casa escura, mas se sentindo terrivelmente invadido, Leonardo é inflexível com a carência de seu vizinho.




Mas o enfrentamento franco e a sinceridade não são propriamente as maneiras de Leonardo lutar contra seu invasor, que é um brutamontes até simpático, mas intimidador e sem meias palavras. Victor é um tipo de gostos caricaturalmente kitsch, anda em seu furgão preto – com uma discoteca interna – bebe mate em uma caneca de pé de bode, e inventa seus próprios utensílios domésticos. Leonardo segue se escondendo atrás de sua fama e suposta superioridade, ao passo que Victor usa sua franqueza e tenta alcançar a amizade de Leonardo para apaziaguar o conflito.


O ponto fundamental de O Homem Ao Lado é a simultânea crítica/homenagem feita pelos diretores ao design e arquitetura em geral. Ao longo de todo o filme a casa de Le Corbusier (a história da casa é real) é valorizada pela fotografia e direção de arte, mostrando ricamente seus detalhes, mas muitas vezes a figura de Victor aparece como um tapa na cara, questionando a noção de superioridade prática e beleza estética do "alto" design. Faltou dizer que toda essa briga e contraste são – antes que se pense o contrário – uma gostosa comédia de cotidiano, com detalhes cheios de significado espalhados por todo o filme. A obra é parada obrigatória para designers, arquitetos e simpatizantes, e deve render boas conversas depois da exibição.



http://www.cinemanarede.com/2011/05/critica-o-homem-ao-lado.html

Por: Lucas Siqueira Cesar
um filme que reflete a sociedade contemporânea, seus modismos, suas intolerâncias, suas diferenças

O HOMEM DO LADO


Há filmes que provocam impacto, mas, uma hora depois, a gente é incapaz de lembrar do que viu: não marcam.

Há outros que não impressionam na hora. Mas, depois, as imagens não saem da cabeça. O filme cresce. É esse o caso, comigo, do filme argentino “O Homem ao Lado”.
Fui revê-lo no fim de semana e confirmei a boa impressão. Não é um filme perfeito. Mas é essa coisa que vem se tornando rara: é intrigante. Termina a sessão, você vê todo mundo conversando, trocando idéias…
A trama é mínima. Leonardo é um designer de sucesso internacional. Vive em La Plata numa casa desenhada por Le Corbusier (um personagem assegura, no filme, que é a única dele na América; alguém cá fora sustenta que existe outra no Chile). Uma casa magnífica, claro.
Esse homem se crê acima do mundo, ou antes, livre dos importunos que o mundo pode causar a nós, mortais. Mas eis que seu vizinho, um tipo grosseiro chamado Victor, decide abrir uma janela bem para a tal casa.
O incidente se torna motivo de mortificação para Leonardo.A mulher (uma chata, na verdade) o pressiona. Ele tem de abandonar seu casulo de proteção e se relacionar com o homem ao lado. Exigir que tape a janela, etc.O filme é o questionamento de Leonardo, mas não o promove pela psicologia, pelo drama. Isso vem, em parte, pela comédia (a cena em que Leonardo e o amigo pedante escutam música é das melhores).
Vem também por certos procedimentos formais: a hiper-estetização da casa, por um lado, e por outro a desconexão entre os ambientes da casa (nunca chegamos a formar uma idéia de conjunto) são dos mais marcantes.



Um filme que lembra um tanto o trabalho de Anna Muylaert aqui no Brasil, inclusive pelo humor e pela forma indireta de abordar o aspecto social da história (que não é o único, longe disso).



Mas não deixa de lembrar “O Invasor” do Beto Brant, embora neste o terror não esteja ao lado, e sim venha da periferia (nesse sentido, a solução do filme argentino me parece mais intrigante).



por Inácio Araújo às 21:45
http://inacio-a.blogosfera.uol.com.br/2011/05/25/o-homem-ao-lado/

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